176 - Busca Involuntária

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- Alícia on-

  Minha mira sempre foi boa, e naquele momento que o primeiro tiro escapou do cano da arma eu me odiei mentalmente por ter atingido a perna do cretino. Ele ganiu, e começou a tomar a forma de um lobo, meu sangue esfriou nas minhas veias, meus instintos queimavam dentro de mim, gritando que eu estava atirando na pessoa errada, mas eu não escutei, nunca me permetia dar bola para os meus instintos, mesmo que na maioria das vezes eles estivessem certos, mas agora não era a hora de pensar nisso, era hora de matar.
  Dei outro tiro, e a Mallya pegou meu braço, segurando meu pulso e levantando pra cima, o tiro que era para ter sido certeiro acertou o ombro do lobo, um grande lobo marrom que ainda rosnava pra mim. Ele ganiu e mancou pra trás, ameaçando bater em retirada, mas parecia estar esperando alguma coisa, enquanto fitava todos nós atentos.
  - Você não pode matá-lo ainda! - A Mallya alertou ainda sustentando meu braço pra me impedir de atirar mais e eu fiquei séria, quando ia responde-la o GDragon apareceu alterado.
  - Seu pai venceu Alícia, os alphas se enfrentaram, e os Fenrir estão indo embora com o rabo entre as pernas! - Gritou ele comemorando, mas eu continuei encarando a Mallya, nunca brigamos, mas ela estava dando motivo para isso acontecer pela primeira vez.
  - Você sabe o que eu quero. - Falei e ela olhou nos meus olhos, ainda segurando o meu braço levantando, com força para me impedir de abaixar a arma e atirar mais vezes, o lobo estava parado, eu só precisava de mais um, mais um tiro direto na cabeça, só mais um.
  - Você não pode encerrar esse assunto assim. Você sempre foi mais perceptiva do que eu Alícia, é impossível você não estar sentindo isso. Tem alguma coisa errada! - Alertou ela tentando me fazer refletir, e eu desmanchei a dureza no meu rosto, escondendo meu ódio, toda a minha raiva e tentei me mostrar o mais calma possível, como se tivesse me recomposto, recuperado minha sanidade.
  - Você tem razão. - Falei e percebi que os olhares dos demais estavam carregados sobre mim, GDragon agora estava em alerta, Mark estava calado, tão atento quanto qualquer um, e o Tae não sabia como reagir ao que eu estava fazendo, alguns estavam se acalmando com o que eu estava falando, até mesmo Jung Kook e Jimin que haviam acabado de chegar e percebido o clima tenso no ar, mas era tudo falso, e Mark sabia, eu estava tentando fazer a Mallya me soltar, tentando manipular ela pra obter o que eu queria - Eu perdi a cabeça. Eu não posso matá-lo, você tem toda razão Mallya, precisamos investigar primeiro e depois tomar uma atitude drástica como essa. - Falei e senti as lágrimas enchendo os meus olhos, eu estava forçando o choro, eu não queria chorar, eu só queria estourar os miolos daquele verme, mas era preciso fazer uma boa atuação - Eu só queria vingar a minha mãe... Acho que foi por isso que eu perdi a cabeça... - Apelei fingindo estar abalada e as lágrimas desceram, a Mallya não estava caindo na manipulação. Droga!
  - Já chega de teatro Alícia. - Falou Mallya e torceu minha mão tomando a minha arma, quis ficar com raiva dela, mas não consegui, no fundo eu sabia que era ela quem estava certa, e então ela tirou as balas e entregou o revólver na mão do Tae - Vamos prende-lo. E não matar.
  - Ah Mallya... - Clamei limpando as lágrimas e deixando de lado minha cena, ela não ia cair mesmo - Você tem toda razão, eu não posso matá-lo. Eu devo. - Falei com frieza, e tirei o canivete do bolso, a Mallya mal teve tempo de me segurar e eu já havia arremessado ele. Lobos atrás de mim uivaram, a alcatéia dos Fenrir ia passar por nós, Mark pegou no meu braço e me deu um puxão e a Mallya praguejou alguma coisa, mas eu apenas prestei atenção na lâmina do meu canivete, que alcançou o lobo, e atravessou o pescoço dele, e infelizmente acertou a lateral do pescoço, e não matou. O lobo ganiu outra vez, e ao avistar sua alcatéia começou a correr.
  - Merda! - Bradei e logo em seguida vários lobos começaram a passar por nós, como uma manada, todos correndo pra dentro da floresta em disparada, com o alpha dos Fenrir guiando o caminho.
  Passando por nós, e desviando como se fossemos pedras num riacho de lobos uivando, e eles a correnteza. Todos pulando lápides e se infiltrando nas árvores. Eu precisava ir, percorrer o mesmo caminho e encontrar ele, eu precisava matá-lo. Assim que começei a andar, já pronta pra correr quando os lobos terminaram de fugir, Mark me segurou, agora os dois braços no aperto dele.
  - Me solta eu vou atrás dele! - Bradei e ele ficou sério, me pegando pelos ombros e me obrigando a olhar nos olhos dele, estava bravo, pelo menos parecia.
  - Você perdeu a cabeça? - Indagou frustrado enquanto me chaqualhava pelos ombros e eu empurrei ele.
  - Você tinha capacidade para mata-lo e não matou. - Falei e dessa vez foi a Mallya quem falou, já se aproximando e me pagando pelo braço.
  - Acorda Alícia, você tanto quanto eu sabe que tem alguma coisa errada! - Repreendeu ela e eu coloquei as mãos na cabeça. Agora minha consciência, mesmo incapaz de senti-la, a culpa surgiu.

PRISON IWhere stories live. Discover now