116 - Fantasma Revoltado

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- Alícia on-

  Olhei a sala ao redor, conferindo se tinha terminado de jogar gasolina em tudo, e ao confirmar abri um sorriso pegando o esqueiro no bolso da calça. Agora a festa vai começar, adeus provas!
  - Já terminou? - Perguntou Mallya me tirando do meu devaneio enquanto entrava na sala e eu me virei para ela com a mão livre no nariz, o cheiro da gasolina estava começando a me deixar enjoada.
  - Tem gasolina pra todo lado. - Respondi e ela abriu um sorriso satisfeito. Estava quase tudo acabado, só falta o fogo.
  - Já pois fogo no porão? - Perguntei e ela balançou a cabeça positivamente enquanto me entregava uma garrafinha d'água e abria a outra.
  - Já, e perdi um esqueiro novinho pra fazer isso. E estou com muito calor, lá embaixo está parecendo o inferno. - Respondeu ela tomando a água e eu dei risada, mas não deixei de tomar a minha água também.
  - O que vocês estão fazendo com a minha casa? - Perguntou uma voz atrás de nós duas e eu e a Mallya nos engasgamos. Sentindo minha pele toda arrepiar eu me virei calmamente na direção da fantasma, e a Mallya fez o mesmo.
  - Resolvendo um problema é claro. - Respondi o mais amigável possível enquanto observava atenta a fantasma perto da parede, ela estava de costa pra nós, num lado menos iluminado da sala e olhando pra sua sombra que estava projetada na parede, até essa parte tudo bem, o problema era que a menina estava simplismente parada, e sua sombra estava com os braços levantados. Representando exatamente o oposto de sua dona.
  - Que problema? Aqui não tem problema nenhum, - Respondeu a fantasma, sua voz infantil estava calma, e ela ainda não se movia, o que estava fazendo meu coração começar a disparar - A não ser... - Ela continuou - Que vocês estejam falando do diário que roubaram de mim e do meu namorado que tiraram daqui.
  Quando terminou de falar eu e a Mallya nos entreolhamos, mas voltamos a encarar a fantasma assim que percebemos que ela começou a se mecher. Ela estava se virando pra nós, para nos olhar de frente, e eu tive que me conter para não expressar meu horror por ver como ela estava. Não havia mais a imagem de uma criança ali, havia uma mulher de idade avançada, com os dentes podres, os olhos brancos sem pupila, o vestido branco velho que ela usava estava mais rasgado e sujo do que de costume, e em seu rosto as rugas e o sorriso alargado que ela nos dava era macabro demais para ser considerado humano. Afinal ela não é humana mesmo.
  - E você ficou brava? A gente pode devolver o diário se você quiser. - A Mallya se pronunciou tentando entrar em um acordo e a fantasma fechou seu sorriso e ficou séria, olhando diretamente para Mallya.
  - Você... Você beijou o Daniel?!! - Rugiu a fantasma entre dentes e eu senti um calafrio descer pela espinha. Na minha mente fiquei tentando me lembrar quem era o Daniel, e não demorou muito para me recordar de G Dragon, e me virar surpresa para a Mallya. Mas ela me repreendeu com seu olhar por ter feito isso e eu voltei a ficar imóvel, analisando o que a fantasma faria.
  - Foi uma brincadeira. - Tentou se defender Mallya e a fantasma que estava pálida e com os olhos brancos vidrados na direção da Mallya, ficou mais irritada ainda, enegrecendo seus olhos, até ficarem totalmente tomados pela escuridão.
  - Eu vou matar você.

- Taehyung on-

  - Então alguma coisa você ainda se lembra do ciclo. - Comentou Mark parecendo se divertir com a situação mais uma vez tive que me conter pra não perder a paciência de uma vez.
  - Você sabe do que eu quero me lembrar, então pare com esta enrolação e me dê o que me pertence! - Protestei perdendo a paciência e Mark gargalhou alto, rindo cinicamente, como é possível ser tão insensível, mesmo me vendo neste estado? Eu nunca compreendi isso, nem mesmo no castelo quando ele assistia entretido meus lamentos por ter caído do céu e me mantinha preso, se entretendo em me assistir, sem nunca se compadecer com a tamanha da minha tristeza, e com meus choros de sofrimento.
  - Foi por causa da sua mãe que você ficou assim? - Perguntei intrigado e Mark ficou sério, parando de rir, ainda me assusto com essa forma que ele muda de emoção como se a anterior nunca houvesse existido.
  - Minha mãe não teve culpa disso, eu nasci assim. - Respondeu Mark sem emoção na voz, entretido com as ondas que se aproximavam da praia e se quebravam em espuma branca, e eu me aproximei.
  - Você não seria assim se ela não tivesse incentivado com tanta violência. - Comentei o provocando e Mark pareceu ficar irritado, mas continuou frio tentando transpassar sua falta de interesse. Mas eu sei que ele se interessa, a mãe dele, mesmo louca como sempre foi, ainda é o seu maior tesouro.
  - Eu tenho mais o que fazer. - Disse em resposta e se virou para ir embora, mas então parou para acrescentar - Eu jamais vou te devolver as suas lembranças, nem se você implorar, continue com seu lamento, anjo mau. - Caçoou ele e adrenalina jorrou nas minhas veias, parei de tentar pensar ou manter a calma, ele realmente tá merecendo levar uns tapas!
  - Eu vou te mostrar o anjo mau! - E então parti pra cima dele.

PRISON IWhere stories live. Discover now