11 - Ataque de Pânico

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  - Mallya a sua lanterna está funcionando? - Perguntei só pra ter certeza e ela veio até o meu lado me mostrando a lanterna sem luz. Engoli em seco, suspirando nervosamente - Ok, temos um quarto sinal de que o Gap Dong esteve aqui, isso significa que...? - Perguntei a Mallya pra confirmar, nós duas estávamos em frente à porta aberta da cozinha, encarando a silhueta que estava do outro lado da sala, enquanto ele nos encarava de volta.
  - Que ele foi bem violento ou frio demais enquanto matava a vítima. - Completou Mallya e eu fechei a porta da cozinha bem rápido.
  - Acho que vamos ter que dar um sonifero pros fantasminhas camaradas que aparecerem. - Falei e Mallya encostou as costas atrás de mim, como se fossemos proteger uma a outra, agora era hora de nos prepararmos pra enfrentar o seja lá o que for que vai aparecer.
  Peguei a arma da cintura e tirei a trava, era uma Taurus calibre 38, e estava com um silenciador. Escutei a Mallya tirar a katana da bainha e então nós suspiramos. Esperando, naquele silêncio matador, a criatura ou seja lá o que está dentro da casa, vir até nós. Saímos de frente da porta e nos posicionamos mais para o lado esquerdo da cozinha, eu não tirei os olhos do armário de ferro, algo lá parecia chamar minha atenção. Mas eu não sei o que é.
  De repente, uma forma escura, que mais parecia vento porém com uma cor escura que não dava pra distinguir, estava saindo do armário, e estava vindo na minha direção.
  - Mallya - Sussurrei no meu ombro para que ela me ouvisse - Acho que já temos companhia.
  Vi a figura disforme se dissolver e depois integrar-se, tomando forma e tornando-se alguma coisa. Parecia uma cabeça, mas não era humana. E então ele saiu das sombras nas paredes e veio até o meu rosto. Era um gato, era o cheshire, com os olhos negros, sem pupila. E acompanhado daquele sorriso faceiro e maléfico. Que só ele tinha. Com seus dentes afiados ele se aproximou de mim, e veio até o meu rosto. Piscando os olhos com uma serenidade obscura. Senti cada pelo do meu corpo arrepiar, os pelos do gato estavam eriçados, e eu estava prestes a disparar a arma debaixo do queixo dele quando ele passou a língua arpera na minha bochecha, mas me contive quando percebi que ele se dissolveu, tornando-se poeira e sumiu. Eu escutei uma melodia preencher o ar. Era a mesma canção do meu pesadelo, será que aquele ser que estava no meu pesadelo está aqui? Aqui não tem piano, de onde está vindo esse som?!!
  - Você também está ouvindo né? - Perguntei, meu coração estava aumentando as batidas, eu estava ficando nervosa e meus olhos estavam começando a arder. Senti um nó se formar na minha garganta.
  - Eu estou. - Respondeu Mallya e então pegou na minha mão, ela estava quente, mas a minha mão estava fria, a frieza do meu medo atravessava as minhas veias como correntes elétricas e emanava pelos meus dedos através do toque gelado. Escutei alguém arfar. Parecia ser um homem. E então tudo cessou. O silêncio predominou o local de novo. Meu estômago parecia que ia se dissolver em desespero que nem aquele felino se dissolveu no ar a poucos minutos.
  Um barulho quebrou o silêncio devastador, era um galho, um galho quebrando, alguém pisou num galho! Eu estava começando a ofegar, estava tudo escuro ao redor, e eu me sentia sufocada pela tamanha escuridão. Eu não... Eu não consigo respirar...
  - O que foi isso? - Mallya indagou olhando pra porta da cozinha, o barulho parecia ter vindo de lá, mas eu sei que não era, ele está nas paredes, em todo lugar, eu não consigo respirar... A minha garganta...
  - Alícia olha pra mim! - Mallya disse segurando meu queixo e me obrigando a olhar pra ela - Para de prender a respiração, tá tudo bem, não é um pesadelo, você não está num pesadelo. - Disse ela tentando me acalmar, e foi então que eu percebi que eu estava sem respirar porque tinha prendido a respiração. Soltei o ar ofegando. Mallya me conhecia, e me entendia, ela sabe que desde os meus seis anos eu sou assim, as vezes meu mundo perturbado se mistura com a realidade, e ela sempre me ajuda a voltar a consciência.
  Odeio quando tenho essas crises!
  O ideal agora é agradecer a ela, eu realmente pensei que não conseguia respirar, antes que eu tivesse chance de dizer alguma coisa um estrondo alto preencheu o ar repentinamente e um ser encapuzado pulou pra dentro da cozinha, ele quebrou a janela e entrou pra dentro. Meu coração disparou.
  Eu levantei a arma no mesmo instante, apontando o cano pra cabeça dele enquanto a Mallya já mirava a katana no peito dele, direto no coração.
  - Quem é você?!!

PRISON IWhere stories live. Discover now