193 - Receber Alta

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  Fechei a porta do quarto atrás de mim, e então cruzei os braços ao redor do busto.
  - O que você quer Tuan? - Indaguei impaciente e vi seus cabelos mudando de cor pra preto, ele devia estar usando touca, ou o boné, antes que uma enfermeira passe e acidentalmente veja que o cabelo dele faz o mesmo que um anel do humor.
  - Me desculpar. - Respondeu Mark procurando suavizar o ar pesado que havia se instalado, mas não adiantou.
  - Você já se desculpou, não tem mais o que dizer. - Suspirei irritada, não acredito que ele me atrapalhou só por causa disso, provávelmente foi a Alícia quem mandou ele vir aqui, ele deve ter contado tudo pra ela, e isso não é bom, era pra Alícia descansar e não ficar sabendo de tudo se não ela não ia parar de pensar no caso e nas coisas que aconteceram.
  - Na verdade tenho, - Mark retomou me tirando de meus devaneios - Eu sinto muito pela situação que te fiz passar Mallya, - Falou, e parecia tão sincero que por um momento eu pensei que fosse real o arrependimento dele, mas depois me lembrei que ele era um psicopata, e já havia passado tempo suficiente com a Alícia pra entender que nem sempre um psicopata fala a verdade, só quando necessita disso pra algum plano, e não é a verdade completa, caso contrário não. Psicopatas não sentem culpa, então não há como se arrepender. Nem a Alícia que foi muito bem criada pela mãe dela não consegue sentir culpa direito, imagina o Mark que teve uma bruxa como mãe.
  - Já terminou? - Perguntei entediada e Mark arqueou uma sobrancelha pra mim.
  - Não. - Respondeu ele e então enfiou as mãos nos bolsos - Eu jamais faria algo contra você, você sabe disso, tanto porque eu sei que você revidaria, quanto por causa da Alícia. E eu não ia deixar o Tae morrer, eu só não queria entregar a Alícia pro Jung Kook.
  - Seu ciúme quase matou o Tae. - Acusei perdendo a paciência outra vez, e então Mark tirou as mãos do bolso, e em uma delas havia alguma coisa, que ele estava segurando com muito cuidado entre os dedos.
  - Eu sei. Já pedi desculpas a ele. - Mark trouxe a mão com o objeto pra perto de mim - E como uma forma de paz, queria te dar uma coisa. - Eu ainda estava com receio de deixar ele se aproximar tanto, mas por algum motivo eu deixei, e estendi a mão para pegar o que ele estava entregando, tinha alguma coisa naquele objeto que parecia me puxar para o mesmo. Não era só curiosidade, era mais que isso.
  Só fui entender quando o objeto gélido tocou a palma da minha mão, o resultado da minha inquietação foi instantâneo, me atravessando como agulhas de energia indolores.
  Por um momento meus olhos ficaram embaçados até eu não conseguir mais enxergar, e então surgiu diante de mim uma trilha quase desfeita pelo tempo, que levava para uma velha vasa, meu choque foi imediato quando a reconheci. Era a casa onde eu tinha nascido, onde mimha mãe morreu... Meu coração disparou de ansiedade, quis dizer alguma coisa, mas as palavras se perderam no meu pensamento, e quando fui tentar dar um passo, pra começar a andar pela trilha e ir pro lugar meus pés falharam, e a magia se quebrou.
  Arquejei e cai pra frente, só raciocinei que estava de volta ao corredor do hospital quando senti os braços de Mark me segurando, eu até tentei me afastar, mas estava zonza demais pra me sustentar em pé.
  - O q-que foi isso? - Gaguejei embasbacada e Mark me ajudou a me recompor.
  - Era da sua mãe, - Falou Mark - Eu encontrei quando voltei a igreja assombrada procurando o corpo da minha mãe. Haviam dois colares lá, e o corpo havia sumido.
  - Entao sua mãe ainda está viva? - Perguntei ofegante ao me afastar dele e escostar as costas na parede, ainda tentando entender como uma coisa tão pequena havia tido um efeito tão grande sobre mim. Não passava de um colar antigo, com um pinjente de dois dragões de frente um pro outro, torneados por uma moldura de ferro negro. E com uma pedra marrom sobre suas cabeças. Já a corrente onde o pinjente se pendurava era dourada, o colar era bonito, e tinha uma energia pulsante que pareciar invadir as minhas veias.
  - Acho que sim. - Respondeu Mark e eu levantei a cabeça para olha-lo ao me lembrar que ele havia citado dois colares.
  - O outro colar... - Começei a dizer e Mark suspirou - A Alícia...
  - É da mãe dela, mas tem uma energia forte, eu prefiro esperar ela melhorar pra entregar. - Declarou ele e então eu guardei o colar no meu bolso.
  - E como ela está? O médico disse mais alguma coisa? - Perguntei pondo a mão na porta e Mark assentiu.
  - Está muito bem, vai receber alta depois do almoço, o pai dela está lá agora. - Avisou e então girou sobre os pés, já se preparando para ir embora - Me desculpe mais uma vez Mallya, agora vou ir ver a Alícia de novo. - Anunciou se retirando e eu suspirei.
  - Ok. - E então abri a porta, já ansiosa pra voltar pros lábios do Tae. Entrei no quarto e assim que fui fechar a porta, senti o Tae me abraçando por trás e seu sorriso no meu pescoço.
  - Ainda está num episódio repetido. - Anunciou e eu senti minhas bochechas corando.

PRISON IWhere stories live. Discover now