47 - Outra Presença

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Depois de um longo percurso saindo da casa abandonada, voltando pra casa e tendo que achar minha toalha sozinha, sendo que BamBam estava dormindo na casa de um amigo, e meu pai estava na delegacia e minha mãe estava trabalhando no hospital. Eu finalmente consegui ir pro banheiro.
Os machucados que o lobisomem tinha feito no meu corpo estavam doendo, e eu queria poder limpar os machucados e fazer curativos pra parar a dor logo.
Coloquei a toalha branca sobre a tampa da privada sem cerimônia nenhuma e comecei a me despir diante do espelho enquanto a banheira enchia de água quente.
Quando eu terminei de tirar a roupa analisei o estado do meu corpo. Eu tinha alguns hematomas roxos nas costas, meu braço direito e o pé da minha barriga estavam com cinco cortes, mas por sorte não eram profundos e tirando pelas marcas vermelhas nas mãos por causa da alergia à prata atacada, eu tinha um roxo na coxa esquerda. Que ótimo, vou ter que usar blusa por uma semana até melhorar, bem, estamos numa época de frio mesmo então não faz muita diferença, eu só tenho que tomar cuidado pra minha mãe não ver por que se não ela vai querer cuidar dos machucados e me esganar logo depois. E eu tenho que prender o Gap Dong, não posso ser esganada pela minha mãe ainda! Kkkk
- Hora de ser corajosa. - Falei pra mim mesma tentando criar coragem de entrar na banheira, eu sabia que os machucados iriam doer, eu sabia e mesmo assim queria entrar na água.
Com calma eu coloquei uma perna, depois a outra, e enfim mergulhei o corpo, e logo após a água relar nos machucados eu senti a ardência na pele que me fez cerrar os dentes de dor.
- Ai... Ai... Ai... Ai...!! - Reclamei quando os machucados não estavam parando de arder, tive que aguentar até parar. E quando finalmente parou eu começei a me limpar.
Por sorte a dor dos machucados estava suportável, e depois do banho eu continuei na banheira, estava com preguiça de sair da água. Estava tão quentinho...
Deitei a cabeça na beirada da banheira, mergulhei meu corpo até a água cobrir meus seios, e então encostei as costas na porcelana, descansando. Meus ombros estavam de fora da água, e por isso qualquer vento ou corrente de ar que passava pelo banheiro me atingia dolorosamente. Mas eu não me importava, estava cansada, o dia havia sido cheio demais, e eu só queria ficar quieta, pensando sobre a minha situação.
Meus pesadelos estavam ficando cada vez piores, eu já estava acostumada com a frequência de noites que eu acordo no susto, só que parecia que estava piorando. Já fazia muito tempo que eu não conseguia dormir pelo menos seis horas seguidas sem acordar quase gritando de tanto medo. O pior é que eu não faço ideia do que fazer. Fechei meus olhos deixando o sono me abraçar, o cansaço se manisfestava em cada músculo do meu corpo, se espalhando pelos meus nervos.
Eu sentia meu corpo estar escorregando pela porcelana, sentia à água subindo, mas estava tão tomada pela serenidade que minha percepção aos poucos ia se esvaindo como o vapor espalhado pelo banheiro ocasionado pela água quente. De repente meus ombros afundaram e eu escorreguei na banheira até a água cobrir meu nariz, foi quando me levantei assustada, tocindo água e pondo os braços pra fora da banheira, eu tinha afundado sem perceber, e eu teria aberto meus olhos, mas uma corrente de ar frio, bem gelado passou pelo banheiro, e tocou a pele molhada dos meus ombros, se infiltrado pelas minhas omoplatas, tive a impressão da janela do banheiro estar aberta, estava ficando frio ao redor, apenas na banheira estava quente, e eu estava ficando com medo de abrir os olhos e ver... Ver algo que me mate de medo. Nos filmes de terror é sempre assim, a atriz abre os olhos e daí aparece o coisa ruim na frente dela e ela morre. Eu não vou abrir os olhos de jeito nenhum!
Meu coração começou a disparar, eu quis mergulhar na banheira, mas não tive coragem de me mecher. Escutei uma respiração ofegante, eu também estava com a respiração ofegante, mas tinha alguém dentro do banheiro que estava também, alguém tinha entrado no banheiro.
Pensei em gritar, mas eu estava com medo demais oara me mecher, o frio estava se infiltrando na minha pele, parecia atravessar meu corpo e congelar minhas veias. De repente começei a sentir, ou escutar, eu não sabia ao certo identificar, eu estava ouvindo batimentos de coração, batimentos acelerados, mas não eram os meus, e estava ficando mais alto, e mais alto, e mais alto. Até que eu tive que me mecher e cobrir meus ouvidos, parecia entrar dentro da minha cabeça, e estava começando a arder as pontas das minhas orelhas, estava alto demais.
De uma hora pra outra tudo que estava começando a ficar agitado se acalmou de repente, eu pude sentir uma respiração calma contra o meu rosto. Congelei. Impossibilitada de me mover de tanto medo. E então senti dedos tocarem nas minhas mãos e tirarem elas do cobrir meus ouvidos, minhas mãos desceram pra água e eu senti uma carícia ser depositada na maça do meu rosto. Meu busto subia e descia, e conforme isso ocorria meu coração martelava no peito, até eu sentir lábios tocarem os meus.

PRISON IWhere stories live. Discover now