141 - Matando a Saudade

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  - Não sabia que ele saia de casa. - Comentei olhando pro dragão e a Mallya olhou pra mim.
  - Ele virou um ciclete hoje, não consigo ficar a um metro de distância que ele já vai atrás de mim. - Esclareceu ela fazendo um cafuné com o dedo indicador na cabeça do dragão e eu dei risada, já era de se esperar já que o dragão provávelmente a vê como mãe dele.
  - Pelo visto teremos mais um acompanhante até o aeroporto. - Comentei pegando a xícara de café e BamBam colocou uma maça na minha frente.
  - Sim, mas pra irmos pro aeroporto você precisa se alimentar e não tomar apenas café. - Alertou BamBam e eu ergui uma sobrancelha inquisidora pra ele enquanto começava a tomar o café. A ação dele me lembrou da minha mãe, era ela quem insistia para me alimentar direito, e por ser mais velho BamBam acha que deve cuidar de mim.
  - Eu sei. - Respondi o mais suave possível para não ofende-lo, após terminar de tomar o café, e então peguei a maça e comecei a comer.

  Quando chegamos no aeroporto eu não sabia se ficava cada vez mais tensa ou se me deixava ficar ansiosa de uma vez. Acho que afinal eu já estava, o fato de Mark estar de volta a Helltown me deixava nervosa. Eu estava com saudades, mas sentia que ia desmoronar quando o visse. Todo o meu autocontrole, a minha parede protetora que me impedia de sentir parecia estar derretendo enquanto eu olhava pra porta de onde saíam vários passageiros, voltando do vôo de Nova York e Mark não aparecia. E além dele, as pessoas da cidade que me reconheciam pelas notícias e tudo que ocorreu nos últimos dias não paravam de me encarar, eles sabiam que eu era filha da quarta vítima do Gao Dong. E os boatos e cochichos não cessavam.
  - Ele tá demorando pra sair. - Comentou Jaebum e segundos depois escutei um tapa, nem precisei olhar pra trás pra saber que a Mallya tinha batido no ombro dele.
  - Já já ele sai. - Disse a Mallya tentando consertar o que seu irmão disse e eu engoli em seco, um frio congelante percorria meu estômago com tanta intensidade que eu já estava pensando na hipótese de me sentar no banco junto a eles pra tentar me acalmar, estava ansiosa demais. E queria cobrir minha cabeça pra pararem de me encarar.
  Continuei parada olhando pra porta, vendo os passageiros sairem, e nada do Mark, e continuei, e continuei, até pensar em desistir e ir me sentar no banco logo de uma vez, e quando já estava girando sobre os pés para ir pro banco de uma vez por todas, Mark finalmente apareceu no meu campo de visão, por último dos passegeiros, andando calmamente na minha direção. Meu coração disparou, acelerando muito rápido. O ar pareceu ter fugido dos meus pulmões naquele momento.
  Meu corpo todo estremeceu e eu começei a andar na direção dele também, no piloto automático tentando sustentar aquela imagem firme e minha postura forte, mesmo sentindo meus pedaços se quebrando por dentro. Eu não sabia que estava tão abalada com tudo que aconteceu a ponto de me desmanchar em lágrimas só de me encontrar com Mark.
  Estávamos chegando perto, Mark estava sério, elegante em um jeans preto e uma camisa branca por baixo de uma jaqueta de couro que o deixava lindo. E eu podia ter certeza que estava prestes a me desmanchar no choro, não por causa dele, mas por tudo ao meu redor, pareciam fardos tão pesados pra carregar, eu estava desesperada pra dissipar aquele vazio dentro do meu peito. Estava irritada com as pessoas ao meu redor esbarrando em mim quando eu passava, estava irritada pelas pessoas me encarando, por não ter impedido a morte da minha mãe, e ainda por cima estava irritada por Mark ter demorado pra sair, e cheguei a pensar que talvez eu não fosse aguentar ficar de pé até chegar nele, de tão fraca emocionalmente como eu estava.
  Até que nos alcançarmos, ele olhou pra mim por alguns instantes, me olhando nos olhos enquanto pegava minhas mãos e então me puxou pra perto dele. Afundei meu rosto em seu pescoço sentindo seu cheiro familiar, abraçando seu corpo enquanto seus braços tomavam o meu para mais perto de si, nos deixando o máximo perto possível. Meus olhos se inundaram de lágrimas e eu os fechei tentando não chorar. Eu não sabia que precisava tanto daquele abraço. Achei que fosse aguentar tudo isso, mas eu estava enganada.
  - Me perdoa... - Pediu Mark me abraçando apertado contra o seu corpo - Me perdoa Jagi... - Ele disse e pelo seu tom de voz percebi que estava tentando conter o próprio choro - Me perdoa por não estar aqui pra você depois do que aconteceu... - Pediu e eu senti minhas lágrimas descendo enquanto meu coração disparado se apertava dolorosamente no meu peito - Me perdoa por não estar aqui quando você mais precisou de apoio, me perdoa... - Fungou e eu desmoronei, lágrimas e mais lágrimas quentes desceram molhando meu rosto.
  - Você já sabe?
  - Li no jornal enquanto voltava pra cá. - Disse ao se afastar para limpar minhas lágrimas.
  - Então por favor vamos embora daqui. - Pedi e Mark desmanchou o abraço, e enquanto me olhava naquele estado frágil ele levantou o capuz do meu moletom cobrindo minha cabeça, e então me abraçou, segurando sua mala com mão direita enquanto íamos até os outros.

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