86 - Fazer Arte

531 75 6
                                    

  - Você sempre foi uma filhote arteira, você quis dizer. - Corrigiu Wonho e ela deu risada, sujando ele com ketchup também. - Teve uma vez - Wonho se voltou pra mim e começou a contar, enquanto a Mallya tentava sujar mais a bochecha dele - Que eu fui tentar ensinar essa arteira a caçar, a única coisa que ela tinha que fazer era pegar uma lebre. - Começou Wonho rindo e Mallya parou de atacar ele com ketchup para se voltar pra mim.
  - Ele fala como se fosse fácil, mas não é. - Afirmou convicta e então voltou a sujar Wonho com ketchup, eu me ocupava em ouvir ele contar e comer o lanche, enquanto ria da situação.
  - Eu fiquei na toca esperando ela trazer a lebre, até que quando finalmente ela apareceu, estava correndo de um lado para o outro toda suja e desesperada por que tinha um javali correndo atrás dela. - Contou e eu cai na risada, ele já estava rindo, e a Mallya tinha parado de sujar ele com ketchup pra rir também. - Eu tive que dar um jeito no javali pra ele parar de perseguir ela, mas ela só parou de correr mesmo quando caiu numa poça de lama, e toda suja se levantou emburrada e chorosa. - Disse e a Mallya continuou, parecendo ter se lembrado de algo.
  - Pior que foi isso mesmo, e depois eu me lembro de ter ficado falando que javalis eram do mal, e ficar chamando o lobo de appa, enquanto reclamava que meu bumbum estava doendo! - Contou Mallya e demos mais risadas - Eu acho que tinha quatro anos quando isso aconteceu. - Confessou Mallya e Wonho assentiu, pegando guarda-napos e começando a limpar o rosto da Mallya, tanto ela quanto Wonho estavam bem sujos. A maneira que eles interagiam, parecia que era pai e filha, na verdade, parando pra analisar, o Wonho é muito mais pai da Mallya do que o próprio pai dela, o pai biológico nunca deu tanta atenção pra ela que nem o Wonho está fazendo, pelo menos eu nunca vi ele interagir com a filha, por mais simples que fosse. Ele sempre fica sério quando está com a Mallya.
  - Isso me fez lembrar quando você tinha três anos e ficou brava por que não se parecia muito comigo. - Disse Wonho pensativo pra Mallya, e depois que terminou de limpar o rosto da Mallya ela pegou alguns guarda-napos para limpar ele, enquanto Wonho começava a contar outra história - Um dia que estava chuvoso demais pra sair da toca, a Mallya começou a teimar que eu e ela éramos muito diferentes, e que ela tinha que ser igual a mim, e começou a andar de um lado pro outro, prestes a fazer arte. Ela pegou o cobertor que ela usava pra dormir e amarrou na cintura de um jeito que parecesse que ela tinha um rabo, e então pegou duas pinhas e depois de prender de alguma forma aquelas coisas no cabelo, ela se voltou pra mim dizendo que agora estavamos parecidos. Eu admito que as pinhas pareciam orelhas de lobo e o rabo arranjado num cobertor era engraçado, até ai estava tudo bem, o problema foi quando ela foi tentar andar com essas coisas... - Disse Wonho e já começou a rir - Ela pisou no cobertor como já estava previsto e caiu, batendo a cabeça como resultado. Ela quis chorar, mas desde pequena sempre foi durona e tentou segurar o choro. E por isso eu tive que fazer cócegas nela com o meu focinho até ela melhorar. - Contou e a Mallya já tinha acabado de limpar o ketchup da cara do Wonho.
  Sem que tivéssemos percebido tinha começado a chover no lado de fora da lanchonete, e eu já imaginava que essa chuva duraria bastante, já que ela estava bem pouca.
  Continuamos a conversar, e a tarde passou num piscar de olhos, matando o tempo que era pra estarmos na academia como a minha mãe queria.
  E depois de tanto bater papo, chegou a hora que tivemos que tomar rumos. Eu tinha que voltar pra casa pra jantar e dar um jeito de por o Mark dentro do meu quarto sem que meus pais percebessem, e sem que o BamBam pirasse. E a Mallya tinha que ir pra casa se arrumar pra festa em família. Depois da tarde com o Wonho ela parecia mais animada. Ela convidou ele pra ir, já que o pai dela não tinha nada contra o Wonho, mas infelizmente ele ia ter que ficar na delegacia no turno da noite, então não haveria como ele ir.
  Mesmo assim, Wonho nos levou pra casa, me levou até a minha primeiro porque era mais perto, e então após me deixar foi levar a Mallya, e eu dei um abraço apertado nela antes de sair do carro, lhe desejando os parabéns e boa sorte.
  Agora eu ia ter que sobreviver aos meus pais, e subornar meu irmão pra ele não me dedurar. Essa sim é uma missão difícil.

PRISON IOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz