175 - Fim da Guerra

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  A dez minutos atrás quanto mais eu matava mais eu me acalmava, era algo mecânico, prático e de fácil controle, mas agora o meu coração estava na garganta, batendo descontroladamente enquanto eu e a Mallya corríamos desesperadamente até o cemitério, no telefone o Tae havia dito que o Gap Dong estava indo pra lá, e que ele estava na cola do serial killer, não havia escapatória dessa vez.
  No meio da correria, esbarrando em corpos ensanguentados e lobos rosnando, enquanto a Mallya liquidava qualquer um que se aproximasse pra nos atacar, Mark apareceu. Ofegante e mais ensopado de sangue do que estava antes, desta vez a gola de sua camiseta estava rasgada da garganta até o peito, mas não havia nenhum machucado nele, só a minha ansiedade. Emanando como se fosse perceptível pelo cheiro. Quando se aproximou eu pude perceber que ele estava sentindo, toda a minha inquietação em graus elevadíssimos.
  - O que está acontecendo? - Perguntou ele se juntando a corrida e eu peguei em sua mão.
  Na maioria das vezes que estou perdendo a cabeça eu me fecho pro mundo, ficando calada e distante, mas eu estava tão assustada, tremendo tanto por causa da ansiedade, que meu coração estava implorando por afeto, por aproximação, por algo que me reconfortasse antes que o ódio e a raiva me dominasse completamente. Chegava a ser desesperador. Eu estava com medo de ir, meus instintos estavam gritando que eu estava errada, e isso estava me enlouquecendo.
  - O Gap Dong, o Tae achou ele. - Foi tudo que eu consegui dizer, com o peito subindo e descendo ofegante, enquanto corria freneticamente, mesmo com o joelho começando a reclamar de dor por causa do meu problema, mesmo parecendo que eu ia vomitar meu coração naquele momento. E eu não parei. Era hoje que eu ia vingar a minha mãe, e eu não ia parar enquanto o sangue daquele desgraçado não estivesse escorrendo pelas minhas mãos enquanto ele morre. Eu não quero justiça, eu quero o mesmo que ele me deu, a morte, tirar o seu bem mais precioso. Afinal, não há nada mais importante para um psicopata do que a própria vida dele. E eu vou matar ele, lentamente para que ele saiba que está morrendo, para que se engasgue com a morte, sem ter chances de salvação, e saiba que fui eu quem o matei.
  - Onde ele está? - Perguntou Mark entrelaçando seus dedos nos meus, e ao sentir a temperatura fria de sua mão eu percebi que estava perdendo a cabeça outra vez.
  - No cemitério. - Falei ao me recompor, deixando a frieza me dominar quando já avistava a entrada do cemitério a alguns metros a frente, dava pra ver o Tae, ele estava ali parado, logo na entrada, olhando para alguma coisa no meio do nevoeiro.
  Apertei o passo, agora não haviam tantos lobos, e muito menos pessoas no meio do caminho, só as ruas frias e isoladas, sendo iluminadas por postes que pareciam insuficientes para aquela região. Com a Mallya de um lado já guardando a katana e pegando um dardo, os olhos cintilando, dava pra sentir uma energia forte emanando dela enquanto seus olhos ficavam com a pupila vermelha, e uma fenda se formava, iguais aos olhos de um Dragão, e Mark do outro, com as mãos se transformando em ossos, os olhos ficando vazios e sem pupila. Apenas eu me mantinha o mais mortal possível, eu não sabia mais reagir, meus pés estavam queimando de ansiedade por chegar, pisar no memso chão, no mesmo local que aquele verme desgraçado.
  Quando alcançamos a entrada, e paramos ao lado do Tae, tudo que ele disse antes de notarmos a sombra de olhos brilhantes no meio da escuridão, muito próximo de uma lápide e da entrada da floresta, se resumiu em duas palavras, tão curtas, e com o maior significado do mundo, que me devastava só de escutar.
  - É ele. - Taehyung falou, e eu estremeci, todos pareciam sem reação, esperavam pelo menos uma criatura que se parecesse com uma pessoa normal, mas ao invés, o que encontraram foi um indivíduo que rosnava, parecia estar ofegante, era alto e totalmente careca, não parecia estar de camisa, e tinha asas de morcego, que estavam quebradiças, mas fumegavam, e libertavam um pouco de chamas, com um fedor abominável de enchofre carregado no ar. Era um demônio das sombras, um híbrido de demônio das sombras, nitidamente era metade lobo, e metade demônio, uma aberração, e agora, um cara morto.

- Mallya on-

  Ao fundo ainda dava pra escutar os sons da briga entre as duas alcatéias algumas quadras a frente do cemitério, mas aqui, no silêncio das lápides só se ouvia os rosnados da criatura, e as nossas respirações alteradas, mais nada além disso. Estávamos todos sem reação, mas a Alícia estava quieta. Parecia estar sem reação também, porém não expressava nada, com o rosto impassível, olhando para o demônio com o semblante totalmente limpo de sentimentos. Apenas o fitando calmamente durante os segundos que recuperava seu fôlego após a corrida. Foi então que eu percebi o que ela estava fazendo. Estava calculando, precisamente cada coisa que poderia ocorrer assim que ela matasse ele. E pelo visto ela já havia se decidido.
  - Alícia... - Tentei dizer quando percebi que ela estava pegando a arma - Alícia não faz isso... - Tentei remediar, agora eu já havia chamado a atenção de Mark e do Tae para ela. Mas nada a impediu. Ela pegou a arma e olhou pra mim, me analisando, tentando refletir, nesse instante ao longe soou o uivo, quase como um rugido de um alpha, enquanto o outro uivava para a alcatéia fugir, a guerra entre as alcatéias havia terminado. E então a Alícia se aproveitou da minha distração, ergueu a arma e atirou.

Ok. Ok. Ficou um poquinho maior do que o normal, mas valeu a pena😄votem e comentem e em breve posto outro.

PRISON IWhere stories live. Discover now