117 - Culpa das Provas

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- Alícia on-

  - Nossa você é tão compreensiva, nem dá pra perceber o seu ciúmes...! - Comentei ironicamente enquanto os dedos pálidos da fantasma apertavam minha garganta, e ela me fulminou com seus olhos negros me dando calafrios.
  - Cala a boca! - Ordenou, ela tinha me colocado contra parede, e a Mallya estava no sofá, presa por uma força invisível muito resistente que não a permitia se levantar, nem mesmo se mecher. Essa fantasma tem sérios problemas de insegurança.
  A parede gelada no contato direto com as minhas costas estava me deixando tensa, tudo ao redor, eu estava com uma leve dor na costela direita, e sentia que a qualquer momento ia perder a consciência...
  - Poderíamos conversar e tirar a história a limpo, - Começou a Mallya tentando chamar a atenção da fantasma pra ela largar meu pescoço, mas ela só apertou mais, me levantando no ar, quase entrei em pânico quando senti meus pés saindo do chão. Porém não demonstrei reação, eu estava ocupada demais analisando quando eu teria um momento pra contra atacar.
  Eu precisava pegar minha arma, mas com a fantasma me observando estava um pouco... Impossível.
  - Vamos conversar! - Tentou intervir a Mallya e com o semblante carregado de ódio a fantasma se voltou para ela, ainda sem soltar seus dedos gélidos do meu pescoço. Meu coração disparou de adrenalina, de repente senti uma sede muito grande, minha garganta secou, mas tive que me conter pra não estragar a oportunidade que surgiu.
  - Você beijou ele... - Acusou a fantasma em fúria e vi a Mallya engolir em seco, era minha deixa, o momento que a Mallya tinha criado pra mim poder pegar a arma. Uma fumaça estava começando a invadir a sala e o cheiro de queimado estava começando a se manifestar, o fogo! O fogo que a Mallya ateou no porão está subindo para a casa. Droga! Eu havia me esquecido que tínhamos começado o incêndio.
  - Tecnicamente não fui eu quem beijei ele, foi ele quem me beijou. - A Mallya tentou remediar e eu escorreguei minha mão pela cintura, até sentir meus dedos tocarem na arma. Meu coração acelerou mais. Meus nervos estavam em choque e com a ansiedade o sangue estava cada vez mais rápido nas minhas veias.
  - Não importa, - Retrucou a fantasma ressentida, sua voz carregada de pesar e mágoa, acompanhada de uma raiva violenta me deu mais calafrios - A partir do momento que ele teve contato com você, é porque ele não me ama mais... - Quando ela terminou de falar eu já tinha pego a arma, e estava com ela mirada no peito da fantasma, balas carregadas de sal, não vão matar, mas pelo menos vai diminuir a facilidade dela de nos matar - E agora você vai morrer pra ele nunca mais poder toca-la. - Declarou ela olhando pra Mallya com ódio e então se virou novamente pra mim, com um sorriso no rosto, o vazio em seus olhos me fez estremecer e me fez desejar que o que havia nas balas fosse algo mortífero.
  - Isso não vai servir pra nada em mim. - Declarou ela com um ar maldoso e eu abri um sorriso destravando a arma, ela não sabia, isso tornava as coisas ainda mais interessantes...
  - Na verdade, vai sim. - Afirmei com um sorriso largo e então disparei.
  A bala atravessou o peito dela, e em seguida uma mancha de sangue começou a surgir. A fantasma, que antes estava mais material do que normalmente, se tornou um vulto, e foi sumindo até desaparecer, libertando meu pescoço de seu aperto doentil. Eu cai sentada no chão, tocindo enquanto tentava recuperar um pouco do ar que me faltava, mas o cheiro forte da gasolina estava invadindo meu nariz com tanta violência que ao invés de respirar eu estava começando a ter ânsia.
  A Mallya veio até mim, me pegando pelos braços e me incentivando a levantar, e eu apoiei as costas na parede pra me recompor. Quando consegui a Mallya levantou uma de suas mãos me mostrando o esqueiro, nem sei como ele foi parar nas mãos dela, a Mallya deve tê-lo pego quando eu o perdi no meio da confusão com a fantasma.
  - Vamos deixar o ovo, tacar fogo e dar o fora daqui pra esperar lá fora. - Avisou a Mallya e pegou a mochila nas costas, a abrindo e pegando o que parecia ser um ovo de galinha, porém com um tipo de armadura em volta e muito maior que o normal. Foi quando me lembrei do que também pretendíamos fazer, era hoje, durante o incêndio que chocariamos o ovo de Dragão.
  - Vamos então. - Confirmei ao me recompor totalmente, e nos viramos pra porta, indo de encontro a saída, quando fomos abordadas por mais uma onda de fúria da fantasma. Foi tão de repente, que eu nem consegui acompanhar direito.
  Senti uma pancada forte na cabeça e depois fui lançada porta a fora da casa de madeira, as madeiras estralaram, e eu sai rolando, desequilibrada pela escadinha de quatro degraus que havia na varanda, até o momento em que meu corpo atingiu o chão num baque violento o suficiente pra me atordoar. Não me dei tempo de sentir as dores do acidente, assim que fui expulsa da casa, me sentei na grama e olhei pra porta, mas a última coisa que vi e ouvi, foram a fantasma atrás da Mallya e a Mallya gritando, e então com um rangido agoniante a porta se fechou.

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