161 - Sangue e Ossos

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- Mallya on-

  Depois de passar cerca de uns dez minutos apenas passando pelo porão totalmente escuro da igreja finalmente chegamos a porta que dá entrada a Floresta das Almas. E a Alícia está me preocupando, há dias ela anda mais perturbada que o normal, estranha, e acatando mais a sua impulsividade, e está cada vez mais complicado segurar a barra desse jeito, ela não se permite chorar, sei que está se culpando pelo que aconteceu, mas isso está a consumindo, e está me desgastando também. Só de saber que aquele desgraçado está impune e que tanta coisa está acontecendo e mal temos como nos defender de tudo que se passa ao nosso redor está me enlouquecendo.
  - Vocês não vão realmente entrar ai né? - Perguntou Jung Kook apreensivo e eu abri um sorriso me divertindo com o medo dele, mas diminui um pouco quando percebi que a Alícia estava tensa, ela estava assim em casa também, desde que decidimos vir pra cá ela está com receio, mas não está falando, acha que pode ser forte o suficiente pra tudo como sempre, mesmo que esteja desmoronando por dentro. Coloquei a mão em seu ombro para conforta-la e ela tomou coragem e abriu a porta, com muito cuidado e analisando cada canto da ponte. Estava durante o dia, e por causa disso tivemos a sorte de poder enxergar o que havia por de trás das árvores do outro lado da ponte, e adivinha o que tinha?
  Mais árvores. Era tanto mato que não dava pra enxergar direito o que poderia ter do outro lado.
  Alícia tirou a arma da cintura e eu peguei minha katana, e então saímos pela porta a fora para a ponte. E a atravessamos com calma, olhando tudo ao redor por precaução, abaixo da ponte haviam mais árvores e uma pequena corrente de água que nem chegava a ser um lado. Mas isso não ocupou nosso tempo e então continuamos nosso trajeto, decididas a encontrar, mesmo com Jung Kook nos perseguindo, o que o Gap Dong queria nos dizer com o caminho de pétalas de rosa que guiava até a porta da floresta.
  E a primeira coisa que demos de cara quando atravessamos a ponte e o emaranhado de árvores, arbustos e folhas do outro lado da ponte foi curioso.
  Só percebemos quando estávamos pisando em cima, várias pilhas de ossos, crânios e esqueletos pra todo lado logo na saída da ponte. Alguns até tinham sangue.
  - Se algum fantasma aparecer já dá pra eliminar. - Comentei dando risada ao me referir aos ossos e a Alícia se abaixou para analisar o sangue de um dos crânios. Agora além de tensa estava preocupada, e mesmo assim deu risada do meu comentário. Ela sabia que eu não dava a mínima por estar pisando em cima de pilhas de ossos do que um dia foram pessoas, minha preocupação não é com isso, mas sim com os vivos, eles sim podem ser problemas, ossos sendo pisoteados não. Falando nisso quando fui chegar perto da Alícia pisei em um e acabei quebrando a parte superior do crânio, e sujei meu tênis poeira de ossos.
  - Eles tem pelo menos algumas semanas jogados aqui Alícia. - Concluí ao analisar o sangue que estava no crânio que ela encarava e Alícia se levantou segurando a arma com uma força a mais que o necessário, o que denunciava sua tensão sobre o assunto. A teke teke sempre foi nosso medo, as duas tem medo daquela vaca, mas nunca pensei que isso afetaria tanto a Alícia, de maneira a ponto de deixá-la tão perturbada. Se bem que levando em consideração o ataque de pânico que ela teve é compreensível que ela esteja assim. Eu também estava com um pouco de receio de entrar aqui, mas havia uma coisa, que me mantinha com as mesmas ideias, minha expectativa, aqui era o lugar onde eu cresci além da floresta de Helltown, não sei como Wonho me tirou de uma floresta e levou pra outra quando descobriu que havia como sair daqui, mas sei que conheço esse lugar, e que a casa onde está o cadáver da minha mãe, a casa onde eu nasci, também está aqui. E eu vou acha-la.
  - Acha que foi um massacre e que talvez alguém, ou alguma coisa, matou pessoas em cima dos ossos e por isso o sangue está aqui? - Perguntou Alícia tentando entender o que tinha acontecido e eu cutuquei um crânio com a lâmina da katana pensativa.
  - Ou talvez foram atacados por fantasmas ou demônios quando foram atraídos pra cá, de tempos em tempos, e tudo que restou dos ataques foi o sangue e os ossos. - Especulei e ela se levantou e olhou pra mim.
  - É uma boa ideia também. - Concordou e então eu olhei para adiante das pilhas de ossos que havia na saída da ponte, analisando as árvores e coisas em volta, até escutar ossos se quebrando, Jung Kook gritar, e então eu e a Alícia nos viramos pro local onde ele estava antes, logo em seguida a Alícia gritou também e um buraco se abriu no chão na pilha de ossos levando ela pra baixo, a arma disparou pra cima, eu me desequilibrei e cai pro lado com o barulho e não deu nem tempo de fazer nada, e fui alcançada por braços fortes que me seguraram e começaram a tentar me render a todo custo.

PRISON IWhere stories live. Discover now