165 - Pontos Imparciais

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- Alícia on-

- Pai, - O chamei parada no batente da porta enquanto observava ele se sentar na cadeira atrás da mesa de seu, tão organizado, escritório.
- Já soltei seu amiguinho Alícia, o que mais você quer? - Indagou meu pai exaurido e eu apoiei o ombro no batente enquanto o fitava. Mesmo sustentando sua aparência de um delegado forte, ele parecia estar tão desestruturado emocionalmente quanto eu, era por isso que não ia mais pra casa dormir, tinha medo que as lembranças da minha mãe assolassem seus pensamentos de maneira mais cruel que sua mente lhe permitia imaginar.
- A foto da arma do crime, e a identificação do material, da quarta vítima. - Pedi desviando os olhos dos seus que estavam tão cansados, e ele suspirou, por um momento o silêncio tomou conta do local, achei que ele não faria e nem diria mais nada, desde a morte da mamãe ele estava diferente, eu estava diferente, e o BamBam estava triste, abalado pela nossa dor silenciosa. Mas não havia nada que pudéssemos fazer, não dava pra parar a dor, não dava mais pra sentir aquilo que estava morto. Despertei de meu devaneio ao escutar a gaveta bater, quando levantei os olhos meu pai estava com duas fotos na mão. Me aproximei da mesa, com passos determinados, mas quando pus as mãos nas fotos, me recolhi com passos incertos. Uma das fotos era da arma do crime, com os detalhes sobre ela logo atrás, e a outra, um pouco menor, era uma fotografia da minha mãe num jardim florido, o jardim do fundo de casa que sempre esteve tão bonito enquanto ela cuidava, ela estava com as mãos na barriga, ao lado de uma roseira vermelha, grávida, a barriga não estava tão grande, mas era evidente o volume que fazia em seu vestido. Ela sorria pra câmera, e parecia realmente feliz.
- Ela estava grávida de você nessa época. - Disse meu pai, e só quando ele falou percebi que eu estava chorando. Me contive e limpei as lágrimas num movimento rápido, engolindo o nó que havia começado a se formar na minha garganta - Fique com essa foto, e não se esqueça que antes de tudo, de qualquer impulso, ou até mesmo do que qualquer psicóloga diga, você não é um monstro, você é apenas uma adolescente, só uma menina que passou por coisas demais na vida. - Disse meu pai, e então me abriu um sorriso sincero, de um pai amoroso, com lágrimas nos olhos.
- Sim Senhor. - Falei com a voz embargada, e me retirei da sala, antes que me entregasse ao choro. Eu não queria chorar, mas a saudade da minha mãe era de cortar o coração.

- Mallya on-

Olhei a hora no celular, já faziam mais de 40 minutos que a Alícia disse que nos encontraria na lanchonete perto da delegacia para conversarmos mais um pouco sobre o caso antes de encerrar por hoje, mas desde que a deixamos na delegacia ela não deu mais sinal de vida. Será que o pai dela fez alguma coisa? Ou o Jung Kook? Antes da minha mente me encher com mais perguntas avistei a Alícia entrando na lanchonete, e atrás dela vinha Jung Kook, os dois com capacetes de moto nas mãos, pelo visto ela veio com o Jung Kook.
- Você demorou. - Reclamou Jimin assim que a Alícia se juntou a nós na mesa e Taehyung segurou na minha mão e puxou pra perto dele impaciente, desde que Jimin contou como me encontrou na floresta das almas ele está nervoso. Pelo menos agora Jimin estava mais vestido do que quando nos conhecemos.
- Tive... Alguns imprevistos. - Comunicou ela e enquanto Jung Kook ocupava o assento ao lado dela, percebi que ela havia chorado, ela tentou esconder com maquiagem, mas eu a conhecia bem o suficiente para perceber.
- Está tudo bem? - Perguntei a ela e ela engoliu em seco.
- Não é nada, só estou com fome. - Disse ela e abriu um sorriso ao engolir em seco, disfarçando sua tristeza. Meu coração se apertou, provávelmente era alguma coisa com a mãe dela, afinal o que não seria? Desde o último assassinato... Só se fala nisso, e isso perturba a todos nós. Ela era boa demais para ter sido assassinada assim.
- Conseguiu o que queria com seu pai? - Perguntei e ela assentiu pescando alguma coisa no bolso.
- A arma do crime era uma faca antiga, feita totalmente de prata, não encontrei lendas nem nada sobre isso ainda, mas sei que prata feriu minha mãe muito mais do que a faca poderia fazer. - Contou - Como se a pele dela rejeitasse o material. - Disse e eu peguei a foto da arma do crime e mostrei pro Tae, a faca estava limpa, e tinha alguma coisa no cabo dela, parecia ser uma gravura.
- Como se fosse uma alergia... - Falei e escutei a Alícia falar alguma coisa, mas ela estava apenas fazendo um pedido pra garçonete, quando ela acabou e Jung Kook começou a fazer o pedido ela se voltou para mim.
- Exato. E nós duas temos alergia a esse material, como se queimasse nossa pele, isso quer dizer que, quem matou era sim um ser sobrenatural, e que estava sabendo muito bem o que estava fazendo. - Disse Alícia e então eu e ela nos voltamos para o Tae que estava olhando pra foto, se Mark fosse realmente o Gap Dong... Teríamos pego ele agora.
- A faca não é essa.

PRISON IWhere stories live. Discover now