10 - Casa Abandonada

1.4K 141 26
                                    

- Eu não posso ligar pra ele e pedir pra me mandar as imagens da casa, antes e depois do terceiro assassinato. - Resmunguei coçando os olhos num impulso nervoso e Mallya levantou seu celular na altura do meu rosto.
- E quem disse que precisamos pedir? Podemos raquear. - Disse Mallya abrindo um sorriso e eu me aproximei mais pra ver enquanto ela entrava em ação - As imagens estão no computador ou no tablet?
- No computador. - Respondi e então ela começou a invadir a conta e entrar nos arquivos. Por incrível que pareça não havia nenhum sistema de segurança avançado pra impedir o nosso acesso. Depois de copiar todos os arquivos em seu celular, Mallya passou as fotos pra mim.
- Vamos começar pela cozinha primeiro? - Perguntou ela e eu assenti, nós duas miramos as luzes das lanternas na direção do cômodo escuro. E então entramos.

Foi questão de colocarmos os pés no assoalho da cozinha que a porta por onde entramos bateu com força atrás de nós. Se não estivessemos esperando por isso até teríamos tomado um susto, mas já estávamos.
- Beleza. Mais dois sinais e teremos a confirmação de que ele realmente esteve aqui e que usou a cozinha como santuário para executar a vítima. - Falei e Mallya apontou a lanterna pra janela, que estava quebrada, mas que mesmo assim estava toda escura, bloqueando qualquer indício de luz.
- O segundo sinal nós já temos. - Disse ela e eu entendi que o fato de não enxergarmos o lado de fora através da janela significava que algo... Ou melhor dizendo, alguém quer nos manter aqui dentro. Isso é bom porque estamos confirmando que o assassino realmente esteve aqui, mas ruim porque vamos ter que encontrar um meio forte pra poder sair daqui, e antes do nascer do sol.
Peguei o celular no bolso e fui vendo as fotos até parar na da cozinha.
- Eu vou analisar o lado esquerdo. - Disse Mallya com seu celular indo para o lado esquerdo da cozinha e eu assenti indo para o lado direito. Não era um cômodo tão grande, mesmo assim me dava um leve desconforto me afastar da Mallya.
A casa inteira estava mais silenciosa do que o normal, não que eu estivesse esperando algo de uma casa, eu sei que aqui é um local abandonado, porém, quando nem mesmo grilos você não escuta, pode ser perigoso.
Olhei pra foto, havia uma pia de porcelana toda suja, um armário de ferro embaixo dela, e algumas das portinhas estavam entre abertas. Eram três. Tirei os olhos da foto e mirei minha lanterna na pia e no armário, parecia tudo normal, até mesmo as portinhas entre abertas, abri as portas e apontei a luz pra dentro, olhando com bastante atenção cada traço de poeira e saliência. Não havia nada. Eu até mesmo passei a mão nas prateleiras, em cima e embaixo pra encontrar algo, sem sucesso. Se ele esteve aqui ele deve ter deixado algo, algo que talvez não fosse tão fácil para os detetives encontrarem, mas que comprovasse, na concepção do psicopata, que ele esteve ali, pra provar à fantasma que ele esteve ali, e que fez o que fez, mesmo com a fantasma olhando. Isso se ela realmente se importa com alguma coisa. Se ela for apenas um espírito perturbado não vai querer fazer mal pra pessoas como o assassino, vai querer ferir inocentes, porque ela também era inocente antes dos pais a enlouquecerem.
A porta da cozinha se destrancou sozinha, e começou a abrir lentamente. Rangendo. Mallya e eu nos entre olhamos, uma de cada lado da cozinha e então voltamos a analisar o local, sem dar tanta importância.
- Esse é o nosso terceiro sinal. - Comentou Mallya e eu concordei com um aceno com a mão. Coloquei minha mão dentro do armário de novo, passando os dedos em cada parte da prateleira, em cima e quando eu passei em baixo senti alguma coisa. Parecia algo meio mole, não exatamente mole, algo que fosse fácil de tirar, algo que nem casca de parede, quando a tinta está velha o suficiente e a parede começa a descascar. Passei a unha e levei até o nariz pra sentir o cheiro. Aquilo era tinta. Tinta nova. E eu não diria que a fantasma tenha feito uma obra de arte debaixo de uma prateleira, dentro de um armário de ferro que supostamente nunca foi pintado. Apontei a lanterna na direção da tinta e enfiei minha cabeça dentro do armário, vendo uma rosa desenhada, com tinta nova. Era uma flor de rosa. Porém ela estava sem cor nenhuma, só estava adornada, e aquele desenho não era antigo, concerteza não tinha nem mesmo aniversário de um ano. Aquilo era recente.
- Encontrei uma coisa. - Falei e tirei foto do desenho, em seguida sai daquela posição desconfortável e fui mostrar pra Mallya.
- Que bom porque... - Mallya começou a dizer e eu parei de andar na frente da porta da cozinha, que estava totalmemte aberta agora. - Eu também achei uma coisa interessante. - Mallya completou e eu apontei minha lanterna para o final da sala, tinha uma silhueta escura na sala de estar, e não era feminina. Estava perto da janela, e quando minha lanterna apagou eu coçei os olhos nervosamente.
Merda!

PRISON IWhere stories live. Discover now