92 - Lágrimas Cortantes

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  - Eu deveria voltar lá e arrancar a cabeça dele! - Bradou G Dragon e passou as mãos nos cabelos loiros, puxando os fios num impulso nervoso.
  - Pra que? De que você acha que vai adiantar? Ele está bêbado! Não teve consciência suficiente do que estava fazendo. - Rebateu Taehyung estressado na tentativa de acalmar G Dragon, mas ele não estava conseguindo, o garoto estava irado, quando olhava pra mim e via meu estado, ficava cada vez mais nervoso, ele queria de todas as maneiras ir atrás do meu progenitor. Aquele verme que eu cheguei a chamar de pai por tantos anos da minha vida, mesmo sabendo que ele sempre me odiou...
  Abraçei minhas pernas tentando me confortar, mas eu não conseguia, estava demais, os gritos de furor de G Dragon só me deixavam mais angustiada. Ele estava perdendo a cabeça, isso era nítido, seus olhos estavam mudando de cor, e ele só ficava cada vez mais estressado.
  Coloquei a cabeça entre os joelhos, ainda na tentativa de segurar o nó na minha garganta, parecia que ia me sufocar. E eu não queria mais chorar, pelo menos não na frente das pessoas, eu já não aguentava mais. A culpa dessa confusão, de tudo que acontece ao meu redor, é minha.
  Eu não aguento mais, estou farta de brigas, farta das pessoas me olharem como se eu fosse a pessoa que matou a minha mãe, eu não aguento mais isso. Eu não aguento mais pensar nisso, minha cabeça está latejando de dor, explodindo em um turbilhão de problemas na minha cabeça.
  Me levantei do chão, eu me sentia tão frágil depois do que aconteceu, acho que eu não deveria ter ido naquela festa idiota, foi uma das piores decisões que eu já tomei. Comecei a sair da sala, em silêncio para que não percebessem que eu estava saindo do local, eu sabi onde ficava o banheiro, Taehyung tinha me mostrado quando chegamos, eu tinha ido lavar o rosto, e agora preciso daquela lugar de novo, lá pelo menos eu posso chorar em paz.
  Andei pelo corredor mal iluminado até a porta do banheiro, e depois entrei no cômodo sentindo o frio gelado que estava instalado no ambiente vir de encontro com o meu corpo, se infiltrando no tecido do meu vestido, gelando a minha espinha e arrepiando a minha pele enquanto eu ia até a pia. Mas eu não me olhei no espelho, eu olhei para a janela, ela estava aberta, e lá fora dava pra ver o mar, a noite vasta se estendendo por lomgos quilômetros, e a brisa noturna, gelada e suave.
  Me sentei sobre o armarinho que ficava embaixo da janela, e debruçei no batente da janela, olhando pra fora, com a cabeça pousada nos braços. Não demorou muito pra depois de tanto chorar, eu acabar caindo no sono. E pouco depois senti braços fortes e acolhedores, me envolvendo num abraço. Eu reconheceria aquele toque em qualquer lugar. Taehyung.
  Eu estava me sentindo levemente grogue de sono, e senti ele me puxar do armarinho pros seus braços. Me pegando no colo.
  - Tae... - Eu murmurei quando percebi que estava sendo carregada, mas estava cansada demais pra dizer algo que formasse uma frase, por isso me limitei a me aninhar no peitoril do rapaz. Pouco tempo depois senti meu corpo ser deitado numa cama, e depois ele se deitou comigo, logo atrás de mim me envolvendo num abraço reconfortante.
  - Eu posso mostrar pra você, - Sussurrou ele no meu ouvido, estava calmo, e respirava docemente, mas havia um pouco de hesitação em sua voz, o que me fez abrir os olhos, mesmo que apenas um pouco.
  - O que...?
  - Eu posso mostrar qualquer lembrança do que aconteceu enquanto você estava na barriga da sua mãe. Qualquer coisa que você quiser ver, eu posso te mostrar. - Contou ele e eu me virei, me desenrolando um pouco do abraço para o olhar nos olhos.
  - Como assim? - Perguntei confusa, já imaginando as possibilidades na minha mente, Taehyung estava com os olhos fechados, mas não estava dormindo.
  - É um dos meus dons angelicais. - Esclareceu ele e subiu sua mão da minha cintura, trilhando um caminho com as pontas dos dedos enquanto subia calmamente pelo meu braço, até o ombro, e depois indo pro meu rosto - Sua mãe faz parte de você, e vocês duas compartilharam as mesmas memórias enquanto você estava sendo gerada no útero dela. - Explicou enquanto acariciava minha bochecha com o polegar, traçando círculos delicados na minha pele. O toque tão gentil, estava me deixando ainda mais embalada de sono - Escolhe uma época, qualquer momento, e eu posso te mostrar, enquanto você dorme, como se fosse um sonho. - Disse ele e eu senti um sorriso pequeno se formar no canto dos meus lábios.
  - Qualquer momento? - Perguntei e ele assentiu. Eu poderia pensar em diversas coisas, diversos momentos entre os nove meses em que eu estive na barriga da minha mãe, mas tinha apenas um que eu mais queria saber o que aconteceu, e isso me dava nó no estômago, de tanto receio. Meu coração disparou, e eu poderia ter ficado eu eufórica, mas o momento estava tão sereno, que a única coisa que eu consegui fazer, foi dizer o que eu queria.
  - Escolheu? - Perguntou Tae e eu respirei fundo antes de responder.
  - Sim, eu quero a lembrança de quando eu nasci. - Falei e ele se aproximou dando um beijo na minha testa.
  - Então assim será.

PRISON IWhere stories live. Discover now