104 - Inocência vs Culpa

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  - O que você está insinuando? - Indaguei entre dentes dando um passo adiante para afronta-lo e sento a Mallya me puxar pra trás.
  - Ele já deixou bem claro. - Mallya falou, em seguida antes que Tailer pudesse responder qualquer coisa que fosse, a Mallya partiu pra cima dele, só deu tempo de tentar segurar ela, e mesmo assim já era tarde demais. A Mallya pegou Tailer pelos colarinhos da camiseta e o empurrou pra trás, arrastando-o até o corredor que havia atrás dele.
  Olhei de um lado para o outro buscando encontrar se alguém havia visto o que aconteceu, confirmando que não, eu coloquei a garrafa de vinho de volta na mesa e fui pro corredor com os dois.
  Quando cheguei até eles fechei a porta atrás de mim, e ao me voltar para os dois, percebi o quanto a Mallya estava brava. E que ele também parecia bravo e sem interesse nenhum de compartilhar o que sabia.
  - Não vou falar nada! - Retomou Tailer e a Mallya apertou os colarinhos da camiseta, até os nós de seus dedos ficarem brancos.
  - Não estamos tentando prender o Tae! - Rebateu ela nervosa - Estamos tentando inocentar ele, tem provas suficientes que apontam cruelmente que o Tae é o Gap Dong, e toda vez que tentamos inocenta-lo algo aparece pra incriminar ele mais do que já está, então abre o bico! - Ordenou ela e Tailer engoliu em seco, mudando seu semblante. Acho que finalmente entendeu que não estamos tentando prender o Tae, e sim livrar ele.
  - Eu pensei que... - Ele começou a falar aturdido e a Mallya o interrompeu impaciente.
  - Dane-se o que você pensou, se sabe o que realmente aconteceu abre o bico logo!
  - Sobre aquela noite que a terceira vítima morreu... Eu posso explicar por que tinha sangue no tênis do Tae, não é dele, é da vítima. Mas não foi o Tae que matou ela!  - Tailer começou a dizer, e a Mallya o soltou, cruzando os braços enquanto esperava impaciente pelo relato do rapaz.
  - Então explica. - Incentivei e ele respirou fundo, e então começou a falar.
  - O Tae está procurando alguma energia negra, eu não sei o que é, mas ele está a procura dessa coisa à meses. - Ele começou a dizer, e eu cruzei os braços e apoiei meu ombro na parede, escutando-o atentamente - Desde que o Gap Dong apareceu, essa energia apareceu também, e toda vez que vamos atrás, quando o Tae sente que ele está perto, sempre acabamos parando em alguma cena do crime do Gap Dong.
  - Você acha que o Gap Dong e essa coisa podem estar associados? - Perguntei analisando a explicação e ele assentiu.
  - Não havia suspeita nenhuma, mas depois do último caso... - Tailer ficou tenso, e pareceu ter se lembrado de algo ruim - Foi assustador. - Afirmou ele e então passou as mãos no cabelo, foi quando percebi que a pele morena dele estava toda arrepiada.
  - E o que aconteceu? - Perguntou Mallya e ele a fitou por alguns instantes.
  - A gente entrou na casa abandonada atrás da escola, aquela que fica depois do campo. - Explicou - E na busca pela coisa, o Tae encontrou uma porta de Dragão, era de pedra e bem pesada, embaixo de um armário antigo na cozinha. A gente teve que abrir, porque a energia estava vindo de lá. Foi quando o Tae falou que a porta era estranha e pesada daquele jeito porque só seres sobrenaturais poderiam abrir. Foi quando confirmamos que ou o Gap Dong estava com a coisa, ou ele era o ser sobrenatural. Quando descemos lá pra baixo, onde pensamos que a coisa estava, encontramos um jardim de flores, eu senti um cheiro forte de sangue pelo ar, quando começamos a andar um pouco pra ver se havia possibilidade de encontrarmos algo, o Tae pisou em terra molhada, só que não era com água, era com sangue. O chão estava encharcado com sangue, sangue fresco praticamente, e o Tae tinha acabado pisando, mas foi um acidente, ele não viu, só vimos depois que tinha sangue ali, e foi então que fomos embora, o mais rápido possível, porque o Gap Dong tinha acabado de sair dali e podia voltar. O Tae tirou os tênis e escondeu na escola, e então fomos pra casa.
  - Caramba. - Soltei colocando as mãos na testa, e então olhei pra Mallya em busca de alguma orientação, esperando ela contestar alguma coisa, qualquer coisa que fosse que ele tenha dito. Se ele mentiu em algo, ela poderia ter percebido, mas ela não correspondeu meu olhar como eu queria. Ela estava aliviada e perplexa ao mesmo tempo. Foi então que senti o alívio me tomar também. O Tae é inocente!
  - Vocês deixaram pegadas, ou qualquer coisa na cena do crime? - Perguntei e Tailer olhou pra mim.
  - Eu não me lembro, estávamos com tanto medo naquela noite que saímos correndo sem esperar por nada. - Explicou e eu olhei pra Mallya de novo.
  - O arquivo, as informações da Polícia. Tem alguma coisa lá... - Foi o que eu consegui falar, antes de alguém abrir a porta atrás de mim e nos interromper.

PRISON IWhere stories live. Discover now