153 - Motivos

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  Pendi a cabeça pra trás, apoiando a nuca na borda da banheira enquanto soltava um suspiro cansado, a água na banheira estava quente e eu estava me sentindo cada vez mais sonolenta e ativa ao mesmo tempo, porém nada me tirava da cabeça a conversa com Wonho no carro durante o caminho para casa. Ele havia contato o motivo dele nunca ter levado a Mallya pra Polícia desde que encontrou ela perdida na floresta, o verdadeiro motivo para ter criado ela. Ele vivia na Floresta das Almas que é um lugar recheado de criaturas sanguinárias e que ninguém acreditava que realmente existisse, é uma lenda muito antiga. Wonho nunca saiu de lá, a vida toda sempre foi o alpha de uma alcatéia dentro daquela Floresta, até alguns meses antes da Mallya surgir na vida dele. Ele perdeu toda a alcatéia durante um evento sinistro, teve que sair pra caçar e quando voltou deu de cara com destroços do que restou de seus lobos. Ele nunca compreendeu o que realmente aconteceu com eles, mas pelo fato da Floresta ser bastante conturbada teve que aceitar o fato e seguir a diante como um lobo solitário. E foi então que encontrou a Mallya, uma pequena bebê numa casa abandonada ao lado do cadáver da mãe, e por incrível que pareça ele nunca mais encontrou essa casa de novo, como se ela tivesse sumido do mapa. E então criou a Mallya por anos, até meu pai descobrir a existência da Floresta, e pouco tempo depois encontrar a Mallya e o Wonho e tira-los daquele lugar tão perigoso. Trazendo-os para Helltown. A Mallya não sabia como reagir quando ele contou, estava finalmente convicta de que encontraria a casa onde nasceu, a da lembrança de sua mãe, mas é claro que iríamos pra lá bem armadas e quando Wonho estivesse bem longe.
  Suspirei outra vez e fechei os olhos me permitindo relaxar das tensões do dia, foi então que senti uma brisa gelada invadir o banheiro e o cheiro característico de noite passear pelo meu nariz. E então escutei a janela que antes havia sido aberta, ser fechada e o frio se dissipou.
  Estava tudo silencioso, a não ser pelos passos dele, vindo calmamente até a banheira.
  - Vai roubar um beijo meu como fez da primeira vez? - Perguntei abrindo um sorriso e senti sua mão acariciar meus cabelos molhados. Ele não disse nada e suas mãos desceram para os meus ombros nus, por um instante cheguei a pensar que ele me afundaria na água quando suas mãos ficaram paradas e me seguraram e tentaria me afogar, mas quando abri os olhos, e olhei dentro dos olhos de Mark percebi que ele estava apenas me observando, com a expressão impassível.
  - Você está tensa. - Ponderou ele e apertou meus ombros, massageando minha pele para começar a fazer masagem.
  - Você me deixa assim toda vez que faz algo suspeito. - Comentei brincalhona sustentando nossos olhares até Mark resolver se abaixar para ficar na mesma altura que eu estava, encaixando seu rosto no meu pescoço na busca de afeto. Tirei minha mão da água e acariciei seus fios agora tão loiros quanto os cabelos de um anjo. - Como você... - Comecei a dizer, mas parei quando senti Mark mordiscar meu pescoço.
  - Eu o que...? - Perguntou sorrindo contra minha pele e eu abri um sorriso também.
  - Como você sabia que eu não estava conseguindo respirar? Como sabia onde eu estava? E o que fez para eu melhorar? - Perguntei confusa e Mark expirou profundamente tirando seu rosto do meu pescoço e saindo de trás de mim ele foi para o meu lado esquerdo da banheira, para poder me olhar diretamente, eu estava tão aliviada pela banheira estar cheia de espumas, caso contrário estaria tendo de cobrir meu seios agora e muito mais coisa já que Mark havia invadido meu banheiro durante o meu banho e sem avisar.
  - Eu tinha problemas respiratórios na infância, toda vez que tinha um ataque de pânico eu ficava sem ar. - Contou Mark e eu me lembrei que quando era pequena eu também tinha problemas pra respirar, por isso minha mãe passou a vida inteira me obrigando a ir pra academia, ela acreditava que se eu fizesse exercícios eu podia melhorar meus pulmões. Com os olhos se perdendo nas espumas da banheira Mark continuou -  Minha mãe me ensinou que quando estamos nessa situação precisamos ficar confortáveis e escutar uma pessoa calma pedindo pra você respirar, ela sempre estava comigo pra me ajudar a recuperar meu ar, então quando eu senti que você estava com problemas eu fui atrás de você pra te ajudar. - Esclareceu e eu suspirei, me sentindo confusa. Era tão estranho acusa-lo de ser um serial killer, quando eu estou com ele é tão diferente... Mas quando estamos longe a minha intuição e os meus instintos gritam que ele é culpado. Então por que eu não chego a uma conclusão?
  - Obrigada. - Agradeci e Mark sorriu pegando a minha mão e colocando em seu rosto para que eu o acariciasse.
  - É o mínimo que eu podia fazer. - Disse ele e eu mechi minhas pernas na água, me ajeitando pra poder me sentar, sem subir demais é claro, eu não pretendia seduzir o Mark agora, queria apenas conversar.
  - Mark. - O chamei e ele tirou os olhos das minhas pernas na água e olhou pra mim - Você encontrou a sua mãe em Nova York?

PRISON IWhere stories live. Discover now