150 - Assombros Reais

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- Ok. Alícia por que toda essa sisma com o Mark? Vocês brigaram ou o que? - Questionou Mallya enquanto eu ligava a lanterna do celular e eu franzi o cenho.
- Por que? Minha teoria pareceu tão absurda assim? - Perguntei e ela me fitou para depois suspirar.
- Até faz sentido em alguns aspectos, mas não tem como provar isso, e ele sendo um psicopata não vai simplismente confessar os próprios crimes. - Comentou ela e eu assenti olhando a escada de pedra abaixo, um arrepio subiu pela espinha só de pensar que pretendíamos descer para aquela escuridão.
- E se houvesse uma maneira... - Comecei a falar e a Mallya tapou a minha boca.
- Nem começa, dá última vez que torturamos um suspeito deu muito errado. - Relembrou ela se segurando pra não rir e eu tirei a mão dela da minha boca.
- E então o que sugere? - Indaguei e ela olhou pra escada.
- Que coloquemos ele como suspeito no mural de investigações do caso, mas que não façamos nada por impulso. Sinto que podemos pegar o Gap Dong com mais facilidade se não jogarmos as oportunidades ao vento. - Falou Mallya pensativa e eu olhei pra escada também.
- Bem, com relação as oportunidades... Estou com um sério receio de aproveitar essa. - Comentei me referindo a escuridão lá embaixo e a Mallya riu.
- Desde quando tem medo do escuro? - Caçoou ela se levantando e descendo o primeiro degrau e eu me levantei também.
- Não é do escuro que tenho medo, mas sim do que está escondido nele. - Comentei engolindo em seco, e então começamos a descer.
Depois de descer uma boa quantidade de degraus, finalmente chegamos ao solo, chão firme, e uma existente necessidade de luz a ponto de ser gritante. Não dava pra enxergar nada sem a lanterna, e o único indício que havia de que aquele lugar um dia teve luz era que havia uma lâmpada quebrada no teto, eu sei disso porque esbarrei nos fios dela e quase matei a Mallya de susto quando a aranha que estava lá pulou em cima de mim. Bem no fim eu consegui escapar das pernas asquerosas daquele inseto e conseguimos voltar a explorar o lugar.
Durante um bom tempo tudo que encontramos foram várias e várias estantes cheias de livros antigos, o lugar onde estávamos era um salão enorme, mais parecido com uma biblioteca na verdade, e se estendia por um bom campo de informações empoeiradas, a maioria dos livros sobre filósofos e a bíblia. Mas eu e a Mallya continuamos passeando a procura do que realmente tínhamos em mente. Até encontrarmos.
Iluminei o chão com a luz da lanterna e eu e a Mallya nos abaixamos para analisar o que era aquele líquido espesso no chão, concluindo nossas suspeitas, aquilo era sangue.
- É da... Quarta vítima. - Disse Mallya tentando dizer de uma maneira menos direta que era sangue da minha mãe. Não precisávamos nem de teste para deduzir, levando em conta o que encontramos no último local do assassinato anterior já dava pra imaginar de quem o sangue pertencia.
Dei uma olhada em volta da poça de sangue, e levantei a lanterna um pouco para ver o que era que estava diante de nós pelo corredor de estantes, haviam pétalas no chão, guiando um caminho.
- Mallya eu acho que ele quis deixar um recado. - Comentei e nos levantamos para analisar, desviamos da poça e começamos a andar em direção as pétalas de rosa, quando chegamos perto o suficiente do caminho trilhado deu para ver com nítidez que a pétala era cor de rosa e que tinham respingos de sangue nelas. Meu sangue começou a ferver, acho que talvez não seja só um recado aquele caminho. Olhei para o caminho trilhado, ia mais adiante, não dava pra ver até onde ia, então eu levantei a lanterna mais um pouco, e quando a claridade atingiu o chão deu pra avistar uma boneca de porcelana sentada de costas pra nós, com a cabeça virada pra trás, o vestidinho branco todo sujo e nos fitando, com os olhos totalmente negros. E então as duas lanternas se apagaram.
- Merda. - Praguejei estremecendo enquanto um calafrio descia pela espinha e meu coração disparava.
- Me diz que acabou a bateria dos nossos celulares. - Pediu a Mallya e eu segurei na mão dela.
- Bem que eu queria que fosse apenas isso. - Comentei e alcançei a arma na cintura, foi quando senti alguém me cutucar no ombro. Gelei e arregalei os olhos na escuridão.
- Mallya. - Chamei com receio e ela segurou firme na minha mão.
- Calma, sou eu. - Disse ela e eu respirei fundo tentando manter a calma.
- O que houve? - Perguntei destravando a arma e ela puxou minha mão, foi então que ao me virar eu percebi o que ela queria me mostrar. Havia uma fresta de luz invadindo um corredor para onde o caminho de pétalas levavam, uma pequena luzinha que escapava da fechadura de uma porta bem antiga e grande.
- Vamos lá ver? - Perguntou ela e escutei um risada cortar o silêncio, meu coração saltou na garganta e eu começei a andar junto com a Mallya em direção a mínima existência de claridade sem nem precisar responder, pelo menos aquela era a direção oposta a da boneca encapetada.
- O que era? - Perguntou a Mallya e eu estremeci ao me lembrar da boneca.
- Uma boneca de porcelana que parece a miniatura de um demônio. - Contei e continuamos em direção a porta.

PRISON IOù les histoires vivent. Découvrez maintenant