122 - Descansando

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  - A Mallya... - Consegui dizer enquanto os meninos se aproximavam, eu só conseguia pensar nela, dava pra sentir o calor vindo da casa em chamas diante de nós - A Mallya está presa na casa... - Falei novamente quando Mark me pegou nos braços. E meu corpo estremeceu de maneira reconfortante, era um alívio tão grande estar nos braços dele outra vez.
  - Eu vou lá. - Avisou Taehyung e saiu correndo pra dentro da casa, foi quando reparei que ele estava com hematomas no rosto, a blusa rasgada, um pouco de sangue no rosto e pelas mãos. Mas então ele entrou.
  Mark não estava muito diferente, estava cheio de sangue, com a camisa cheia de manchas vermelhas, e hematomas pelo pescoço e o rosto, sem contar pelo olho roxo. E de um momento para o outro meus machucados começaram a surgir nele também, assim como os dele em mim. Meu corte no lábio, na testa, meus machucados pelos braços, começaram a surgir nele, assim como eu começei a sentir cortes no meu ombro, pescoço, dores pelo corpo. Mark se abaixou, ainda me segurando e nos colocou na grama, dava pra sentir a dor dele, estava em mim, assim como as minhas dores agora pertenciam a ele também. Mas esta fase não durou muito, foi uma questão de segundos para que ele começasse a se regenerar e eu também por causa dele. Os cortes ainda latejando com a dor aos poucos se fecharam, minha pele machucada e com marcas da minha briga com a fantasma estavam lentamente se desfazendo. Até não restar mais nenhum machucado em nenhum de nós dois, e abraçada em Mark, eu pude ver como a fantasma começou a se desintegrar, foi então que entendi porque Mark dizia que sua regeneração vinha da morte, a morte não era do ser humano e sim do espírito. E olhando além de seu ombro pude contemplar como a fantasma foi consumida e desmembrada pela terra, até que a própria grama a puxasse pra baixo e fizesse seu espírito perturbado e morto de uma vez por todas, sumir.

- Mallya on-

  Taehyung apareceu na porta da sala, pela cara estava preocupado, mas eu estava tão cansada que mal conseguia prestar atenção no que estava acontecendo. O dragão estava no meu colo, deitado sobre as minhas pernas, e enquanto Taehyung se aproximava pra me tirar do fogo, eu me levantava com o dragão nos braços, meu pequeno Huoyan, cujo significado é chamas, já que ele havia nascido das chamas.
  - Tae... - Falei ao dar um passo na direção dele, mas assim que sai do fogo toda a força que me restava se desfez como fumaça, foi como se tivesse sido tirada uma parte muito grande de mim, todo aquele poder, e eu tivesse voltado a me tornar apenas a Mallya de sempre, a minha armadura impenetrável se desfez como areia da praia caindo em grãos quase impossíveis de ser contados, se dissolvendo no meu corpo até desaparecer totalmente e eu cai, sendo amparada por Taehyung que me segurou em seus braços. Ele tirou sua blusa e pois em mim, pelo fato deu estar nua, e em seguida me pegou no colo, enquanto o dragão permanecia nos meus braços, e ele nos tirava, eu e o dragão do fogo, daquela casa em pleno incêndio.

- Alícia on-

  - Você está bem mesmo? - Perguntou Mark atencioso enquanto colocava um prato com um lanche e brigadeiros e um copo com refrigerante sobre a mesinha de centro que estava diante do sofá e eu abri um leve sorriso. Dando espaço para ele se deitar comigo, passava Mulan na televisão, mas eu estava tão cativada pelo olhar preocupado de Mark que eu mal conseguia me concentrar no desenho que já havia assistido mais de trezentas vezes desde a infância. Eu praticamente já sabia todas as falas e sabia cantar todas as músicas.
  - Estou bem, só estou me sentindo um pouco quebrada. - Comentei rindo um pouco da minha situação, e Mark se juntou a mim, me envolvendo num abraço reconfortante no aconchego de seus braços. Eu estava morta de sono, e depois do meu banho, isso era tudo que eu mais queria, dormir um pouco, pelo menos por algumas horas quero me esquecer que existe Gap Dong, ou caso ainda não resolvido, ou qualquer coisa que me obrigue a me mecher.
  - Descanse um pouco jagi e quando acordar, quero te contar uma coisa. - Sugeriu Mark e eu aninhei a cabeça em seu peito enquanto ele puxava a manta pra cima de nós afim de nos cobrir. Pelo fim de tarde os fracos raios de sol já paravam de atravessar as cortinas da sala de estar.
  - O quê você quer contar? - Perguntei e Mark me aconchegou em seus braços.
  - Depois eu falo.
  - Eu vou descansar então, só um poquinho... - Falei depois que o cansaço venceu a minha curiosidade.

- Mallya on-

  Enrolei a toalha no corpo e parei na frente do espelho analisando meu corpo. Da cabeça aos meus pés para ver o que tinha me acontecido. Eu não sabia explicar se o que mais me espantava era que eu estava intacta do incêndio, ou pelo meu cabelo. Ele havia voltado a ser preto, mas havia uma mecha branca no meu cabelo, perto do rosto, da raiz até as pontas. Não parecia pintado, realmente parecia natural. Era lindo e um pouco estranho, talvez eu demoraria um pouco pra me acostumar com aquilo. Mesmo tendo gostado.

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