45 - Daniel o Revelador

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- Mallya on-

Continuei olhando dentros dos olhos verdes do lobo, até se tornarem olhos castanhos claros de um humano. Meu coração batia forte dentro do peito e parecia que ele queria chorar, o rapaz nu na minha frente, queria chorar. Num momento eu pensei que seria estraçalhada pelas garras de um monstro, e no outro eu sinto que ele é apenas um rapaz indefeso precisando de ajuda. Agora eu estou confusa.
- Mallya você tá bem? - Perguntou Alícia se aproximando e eu desviei meu olhar do rapaz e olhei pra ela vendo a preocupação em seu rosto.
- Estou eu... Eu estou bem. - Afirmei e então tirei meu casaco e coloquei sobre os ombros do rapaz. Era um casaco bem grande, eu tinha pegado emprestado do Jaebum antes de vir pra cá. E ele serviu para vestir o rapaz nu.
- Você sabe qual é o seu nome? - Perguntei pra ele e ele pois sua mão no meu rosto, me olhando intensamente.
- Daniel, mas não quero que me chame assim. - Respondeu ele e eu estremeci ao ouvir sua voz, não me deu medo, só foi estranho pra mim assimilar.
- Então como eu vou te chamar? - Perguntei saindo daquele estado mórbido e então me afastei do rapaz, a mão dele escorregou do meu rosto e eu tirei a minha mão do dele. Isso tinha sido estranho, eu nem sei exatamente o que aconteceu na verdade.
- Mallya. - Chamou Alícia e eu me levantei do chão indo até ela. Assim que me aproximei ela começou a sussurrar para que o rapaz não escutasse nossa conversa. - O que ta acontecendo?
- Eu não sei exatamente, eu acho que ele é o Daniel, e ele disse que é o Daniel, mas que ele não quer ser chamado pelo próprio nome. - Conclui e Alícia coçou os olhos confusa.
- O que??
- Ele é o Daniel, o namorado da fantasma! - Falei com mais precisão e Alícia pareceu compreender.
- E como ele pode estar vivo depois de 60 anos preso dentro desse porão e jovem ainda por cima? - Indagou ela levantando o rosto para observar o rapaz melhor, e logo se voltou pra mim, nesse momento eu parei pra refletir confusa.
- Se eu não consigo compreender nem por que esse jardim existe dentro de um porão sem luz do sol e água da chuva, como você acha que eu sei como ele sobreviveu?? - Respondi para Alícia e nós duas ficamos ainda mais confusas. Foi então que escutamos um engasgo forçado atrás de nós.
- Eu posso explicar o que aconteceu, e tenho como provar para vocês. - Disse Daniel, e eu e Alícia nos viramos para olhar para o rapaz que parecia estar de vestido por causa do casaco grande do Jaebum, um vestido muito curto por sinal.
- Pode começar então, primeiro as provas. - Disse Alícia e eu fiquei observando Daniel sair da nossa frente e ir até a mesa caída, ele foi atrás dela e voltou segurando alguma coisa. Quando se aproximou de novo conseguimos identificar o que era. Um caderno, ou melhor dizendo, um diário.
- Você tem um diário Daniel? - Indagou Alícia e ele negou pacientemente.
- Não é meu, era da Thália, antes de... - Ele fez uma pausa para suspirar pesadamente antes de continuar - Antes dos pais dela me trancarem aqui porque eu me transformei e nunca mais me deixarem sair.
- Você não sabe o que aconteceu depois com a Thália? - Perguntei e os olhos de Daniel pousaram sobre mim com preocupação.
- Infelizmente eu sei. - Admitiu ele com um ar triste, seus olhos se perderam observando um ponto fixo no chão, mas logo depois ele levantou o rosto para nos encarar. - Ela fez muitas coisas nas quais eu participei que eu não me orgulho muito, mas eu não tinha consciência disso até hoje, quando finalmente consegui voltar a forma humana... - Daniel ia falando e Alícia o interrompeu.
- Você está transformado desde que os pais da Mallya te prenderam aqui? - Indagou ela e Daniel assentiu, fazendo com que eu e Alícia ficassemos de queixo caído.
- Espera - Eu entrei na conversa pra confirmar, pra ter certeza que eu não tinha entendido errado - Você permaneceu lobisomem por 60 anos? - Indaguei incrédula e Daniel assentiu.
- Sim, - Admitiu ele - Tenho muitas coisas pra revelar sobre esta casa, e principalmente sobre mim e sobre uma coisa que os pais da Thália escondiam... - Dessa vez fui eu quem interrompi Daniel.
- Espera ai, o que eles escondiam aqui? E por que? - Perguntei e ele nos chamou, indo até a mesa caida. Daniel entregou o diário para que eu segura-se enquanto tirava a mesa do lugar onde estava, revelando uma outra gravura no chão, de pedra, reconheci na hora, era o Dragão que estava na capa do livro que a Thália escreveu.
- Aqui dentro, está mais uma prova, que comprova o que está escrito no diário. - Disse Daniel e então se afastou da gravura - Eu não posso abrir por ser um lobisomem, mas creio que talvez vocês possam se tentarem.
Eu e Alícia nos aproximamos tomadas de curiosidade, era a segunda porta que achávamos que poderia revelar mais coisas, e agora tínhamos provas e uma pessoa que nos revelaria muita coisa sobre o passado, quem sabe assim descubririamos o que houve aqui, e por que o Gap Dong assassinou uma vítima aqui.
Nos abaixamos e puxamos a maçaneta de prata na porta, mesmo sentindo minha mão arder, e mesmo nós duas sabendo que éramos alérgicas ao material, abrimos aquela porta.

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