44 - Mark?

746 97 7
                                    

  Senti mãos finas demais ou rígidas demais para serem humanas alcançarem minha cintura e em seguida eu e Mallya fomos puxadas pra trás abruptamente, não era o lobisomem dessa vez, era algo que tinha nos tirado do alvo do lobisomem. Olhei pra trás pra ver quem era, pensei que talvez fosse Taehyung vindo nos salvar, mas quando meus olhos se encontraram com os da criatura, um calafrio aterrador se espalhou pelo meu corpo e eu gritei horrorizada. Quem tinha acabado de salvar eu e a Mallya era o meu pesadelo. Não exatamente o meu pesadelo, era o esqueleto encapuzado, com os mesmos olhos negros que sempre aparece nos meus pesadelos pra me assombrar, o mesmo que me persegue pela minha mente, e o mesmo que um dia eu vi nesta casa, no dia em que eu e a Mallya tínhamos vindo investigar pela primeira vez a casa abandonada. Eu tentei me afastar dele tentando empurrar seu peito esquelético, e minhas mãos tocaram num colar que queimou as pontas dos meus dedos. Era um pinjente. Um crucifixo de prata delineado com arranhões que lembravam pétalas de uma flor, pendurado numa corrente de prata que estava no pescoço da criatura. E eu conhecia aquele colar, conhecia aquele crucifixo que tinha a gravura de pétalas de uma flor. Era o mesmo colar que eu vi Mark usando no dia em que eu quase cai da cadeira e ele me segurou, o mesmo colar de prata que tocou a minha pele naquele dia. Parei de tentar fugir incrédula demais para conseguir me mecher outra vez.
  - Mark? - Eu não queria ter dito, mas escapou da minha boca sem meu controle. O esqueleto nos soltou perto da mesa caída, onde havia várias armas de prata, eu continuei com os olhos sobre a criatura esquelética, perplexa, o lobo sem dar tempo de nós duas raciocinar o que estava acontecendo, avançou em nossa direção abrindo a boca para morder, e então o esqueleto saiu do nosso meio, largando eu e Mallya sentadas no chão uma ao lado da outra e partiu pra cima do lobo.
  Senti Mallya puxar meu braço, mas eu não conseguia olhar pra ela, e nem entender o que ela dizia, parecia que eu estava embaixo d'água naquele momento, eu só conseguia olhar para a criatura esquelética, chocada com o fato de Mark ser o meu pesadelo. Ser aquilo que eu mais tenho medo nesse mundo. Ser aquilo que me assombra desde que eu me entendo por gente.
  - Alícia! - Escutei Mallya protestar e isso me despertou do transe, eu olhei para o lado atônita e vi Mallya me puxar.
  - Você está muito perto das armas de prata! - Avisou ela e eu me afastei das armas que estavam no chão, eu realmente estava muito perto. Se eu tivesse me mechido antes, teria tocado acidentalmente a perna e a mão numa faca afiada.
  - Por que você está assim? - Perguntou Mallya pondo as mãos no meu rosto, como se estivesse vendo se eu estava com febre e eu tirei as mãos dela do meu rosto, me voltando pra olhar a briga entre o lobisomem e a criatura esquelética, ainda assustada.
  - E-eu... - Tentei responder a Mallya, mas não consegui. E então me levantei do chão. Apertando o cano da minha arma na mão.
  - Eu o quê Alícia? Você parece que viu um fantasma! - Protestou Mallya preocupada se levantando do chão e eu olhei pra ela a pegando pelos ombros. Eu não sabia nem por onde começar a explicar.
  - Mallya, eu acho que a criatura esquelética é o... - Antes que eu conseguisse teminar de falar Mallya gritou e me puxou pelos braços, não deu tempo de me tirar do caminho e eu só senti o baque vir direto nas minhas costas. De relance vi o lobisomem, e depois as mãos esqueléticas da criatura que eu suspeitava que era o Mark me agarram pela cintura e me puxaram pro lado pra mim não me machucar mais. Eu cai no chão confusa e sentindo sangue quente começar a molhar minhas costas.
  A criatura esquelética partiu pra cima do lobisomem pingando sangue, o lobisomem estava em cima da Mallya, prestes a corta-la com as garras, e então a criatura esquelética caiu de joelhos, sem conseguir alcançar o lobisomem. Mallya estava parada, não estava gritando e nem assustada, estava olhando dentro dos olhos verdes do lobo, e o lobo parou de rosnar e não a feriu, tinha acontecido alguma coisa entre os dois. Mas o que?
  As flores do jardim se converteram em branco outra vez, as rosas que eram vermelhas, todas se tornaram brancas, a criatura esquelética se levantou do chão rapidamente e fugiu pelas escadas do porão e Mallya... Mallya estava colocando a mão na cara do lobisomem, que aos poucos ia diminuindo de tamanho e se modificando, os pelos cinzentos começaram a desaparecer e lentamente um rapaz dos cabelos loiros foi revelado por baixo da pele de lobo. O lobo feroz se transformou em um rapaz. Um rapaz normal, pálido e assustado. Despido das roupas, que estava na frente da Mallya, que estava com a mão direita no rosto dele, como se estivesse acariciando o rosto dele.

PRISON IDove le storie prendono vita. Scoprilo ora