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KATRINA

Minha vida nunca foi fácil... Mas meu inferno na terra começou assim que meu pai faleceu e minha mãe cismou de arranjar um novo marido, que no caso foi o Victor, que tinha um filho dois anos mais velho que eu.

Esse filho se chamava Pietro, um jovem doentio e diabólico que sempre me causou náusea e espanto...

Sempre notei os olhares e gestos suspeitos vindos do Pietro, mas sempre relevei, pois na minha cabeça éramos como irmãos.

Obviamente ele não me via como uma irmã, e sim como um brinquedinho, uma diversão.

Lembro-me como se fosse ontem a vez em que tudo começou... Estávamos sozinhos em casa, minha mãe e meu padrasto haviam ido em um casamento em uma chácara e só voltaram na manhã seguinte.

Pietro havia colocado um filme, quando perguntei o nome ele apenas sorriu e apontou para a TV de modo em que eu devia prestar atenção no filme e parar de falar, já nos primeiros minutos percebi que se tratava de um filme erótico, olhei abismada para ele que a essa altura já estava semi-nu, perguntei o que ele pensava que estava fazendo, quando pensei em levantar ele praticamente pulou em mim me agarrando de forma bruta, tentei gritar mas ele me impediu, desferiu vários tapas em meu rosto, quanto mais eu resistia mais era agredida... Foi então concluiu o ato, abusou de mim sem piedade.

Tive uma grande crise de choro, e ele me ameaçou, dizendo que se eu contasse algo para alguém ele iria me matar.

Lembro-me também que fiquei muito machucada, tive inúmeras dores em lugares inimagináveis... E tem sido assim pelos últimos cinco anos, hoje com dezoito anos sofro e choro em silêncio toda a noite.

Minha mãe vive ausente, não tenho amigos... Por conta disso tudo acabei me isolando do mundo, e consequentemente tenho que carregar meu fardo sozinha.

-Melhorou bastante... -Pietro saiu de cima de mim, levantou e subiu as calças.

Mirei meu olhar para o teto enquanto as lágrimas quentes desciam pelo meu rosto.

Assim que ele saiu do quarto eu corri e tranquei a porta, eu já estava nua então fui até o banheiro e abri a água, eu tinha uma grande necessidade em me lavar toda vez que o Pietro me tocava, entrei debaixo d'água e deixei a água quente envolver meu corpo, peguei a esponja e a esfreguei com força em meu corpo, eu esfregava com tanta, mais com tanta força que chegava a ficar com vergões avermelhados.

Me sentei no chão do banheiro e abracei meus joelhos, começando então a chorar novamente.

-Eu não aguento mais isso... Não aguento. -Murmurei entre soluços.

Eu estava farta de ter que viver assim, isso não é vida!

Agressões, abusos e humilhações... Era isso o que eu havia colecionado nos últimos cinco anos, e não iria suportar nem mais um dia disso! Eu iria fugir dali hoje mesmo... Nunca considerei aqui um lar, pois lares não eram assim.

O lar é um lugar onde você pode ser você mesma, ter paz, sentir-se protegida, ser amada e ali eu não tinha nada disso.

Desliguei a água e me cobri na toalha, sai do banheiro e fui direto para meu armário de roupas, peguei duas mudas de roupas e as guardei em minha mochila.

Me sequei, me vesti e fechei a mochila, a noite estava fria então coloquei uma calça jeans escura, meu tênis e um agasalho branco, sentei na cama e fitei a porta.

Eu precisava de dinheiro, e sabia exatamente onde procurar.

Abri a porta lentamente e observei o corredor, não havia ninguém a vista, caminhei em passos cautelosos até o quarto da minha mãe que dormia profundamente, não tive receio e nem arrependimento nenhum do que estava prestes a fazer, ela nunca foi uma figura materna.

Abri a caixinha onde ela guardava as suas bijuterias, tirei o fundo e achei o que eu queria, peguei todo o dinheiro que tinha ali, que não era muito, apenas duzentos reais.

Coloquei a quantia em meu bolso traseiro e arrumei a caixa novamente, saindo do quarto em seguida.

Voltei para o meu o mais rápido que eu poderia ir sem fazer ao menos nenhum barulho, peguei minha mochila, coloquei meus documentos na mesma e a coloquei nas costas. Deixei meu celular junto as outras coisas que achava desnecessárias levar, nada disso faria falta.

Fechei a porta do meu quarto e caminhei silenciosamente até a porta da frente, mas primeiro passei em frente ao quarto do Pietro, ele dormia profundamente, minha vontade era de sufocá-lo com a própria almofada, eu o odeio com todas as minhas forças...

Maldito!

Cerrei os punhos e mantive minha sensatez, fui até a porta, abri a mesma e sai sem olhar para trás, eu não sentiria a mínima falta desse inferno.

EVAWhere stories live. Discover now