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KATRINA

Liguei a televisão e caminhei até a cama, deitando nela em seguida. Eu nem sabia ao certo que filme estava passando, e se era um filme realmente, pois minha cabeça estava com o pensamente longe.

Tinha medo do que Kenedy poderia ser capaz de fazer contra o Matheus e no momento, me assombrava demais.

Já passava das dez e eu já havia me remexido de todas as formas inimagináveis naquela cama e nada do Pedro voltar com uma boa notícia.

Quando fui levantar para mudar de canal, vi o reflexo de um vulto através do grande espelho atrás da porta, virei de imediato para ver do que se tratava.

-Pedro? –Chamei enquanto me aproximava da janela. Estava escuro lá fora, e já não conseguia ver quem era. –Pedro? –Insisti.

Foi então que levei um grande susto quando Matheus surgiu do outro lado da janela. Com o susto, fui pra trás com tudo, quase levando a cortina junto.

–Matheus?! –Falei sorridente quando voltei ao meu lugar. Tentei abrir a janela de vidro fumê, mas de nada adiantou, Kenedy fez questão de travá-las pouco antes de me trancar ali. –Está trancada! –Eu tentava sinalizar, Matheus não entendia e tentava a todo custo abri-la. –Está trancada! –Insisti.

Matheus então começou a “discutir” comigo, como se eu conseguisse ouvi-lo, parecia irritado e despejava uma centena de desaforos pelo que eu conseguia entender.

–Eu não consigo te ouvir... –Murmurei enquanto gesticulava.

Mas Matheus não parava de reclamar do outro lado, parecia um velho... Revirei os olhos e suspirei, sentando na cama o observando. Matheus pareceu se cansar de forçar a janela e falar horrores pra mim, foi então que desapareceu da janela, eu corri para tentar impedi-lo. Ele havia desistido? Iria me deixar ali?

Foi então que ouvi um estrondo, ele havia arrombado a porta da frente. Sorri aliada e corri para porta.

-Katrina? –Ele gritou.

-Matheus! Aqui! –Gritei encostada na porta. –Na primeira porta do corredor! –Meu coração só faltava sair pela boca. –Aqui. –Foi então que ouvi seus passos e sua respiração descompassada do outro lado da porta.

-Eu não sei o que eu faço com você, Katrina! –Ele falou irritado.

-Pode fazer o que quiser, mas primeiro me tire daqui... –Falei.

-Eu deveria te deixar aí... Pra largar de ser teimosa! Teimosa não! Burra mesmo. –Ele estava realmente zangado.

-Matheus, ser sermões agora... –Falei exausta. Ouvi ele resmungar do outro lado.

-Você está encostada na porta? –Ele perguntou.

-Sim... –Falei.

-Então sai daí, ou quer ir junto quando eu a derrubar? –Ele falou. Revirei os olhos e fiquei ao lado do batente.

-Pronto. –Falei contrariada.

Foi questão de segundos, para ouvir um som oco e a porta ser aberta. Lascas de madeiras que pertenciam a porta ficaram espalhadas pelo chão branco. Matheus então adentrou no quarto.

-Você não tem jeito mesmo... –Ele falou, sua voz tinha um tom frio. Ele então agarrou meu braço e me arrastou para fora do quarto. –Vamos logo.

-Aí, Matheus... –Reclamei ao sentir uma dor aguda por conta da sua força em meu braço já machucado.

Ele então, primeiro olhou pra mim, e depois desceu seu olhar para meu braço. E quando finalmente voltou a me encarar, pude ver a dor e a raiva, sua mandíbula se contraiu.

-Eu disse pra você ficar lá. –Ele falou. –Eu disse pra ficar. Você é uma grande idiota, Katrina. –Ele falou.

-Não foi minha intenção sair... –Ele me interrompeu com uma feição nada amigável, balançou sua cabeça e olhou para cima, tentando provavelmente criar alguma porcentagem de “paciência”, para lidar comigo. –Sei que errei, eu estou com raiva de mim mesma... Mas é assim mesmo, não é? Errar é humano. –Falei.

Matheus balançou a cabeça novamente e caminhou até a porta, olhando em volta e escorando-se no batente da porta.

-Errar é humano. –Ele repetiu. –No seu caso foi burrice mesmo. –Ele me lançou um olhar gélido. –É teimosa. Tudo tem que ser do seu jeito, você tem que dar a ultima palavra... Caso contrario não está bom pra você. –Ele falou.

Eu apenas fiquei em silêncio, não teria como debater as suas ofensas, pois no fundo, bem no fundo, obviamente... Ele tinha razão! Eu sou teimosa, e paguei o preço por isso, as evidências estavam evidentes em meu corpo.

-Eu já volto. –Murmurei enquanto subia as escadas apressadamente.

Olhei em volta. Das coisas que me pertenciam, poucas foram as que restaram. Recolhi tudo e deixei sobre a cama, fui até o baú da Joice e o abri, fiz o mesmo com o da Morgana e peguei algumas peças, foram poucas, umas cinco ou seis no máximo. Tecnicamente eu não estava roubando delas, eu estava descontando uma divida que elas tinham comigo... Qual é? Elas aprontavam tanto. Era minha hora de revidar, pelo menos daquela forma.

Peguei a mochila da Valentina e despejei tudo ali, eu devolveria essa mochila para ela em outro momento. Assim que terminei, desci rapidamente as escadas.

–Pronto, podemos ir agora. –Anunciei enquanto descia o último degrau.

Matheus nem sequer olhou pra mim, apenas caminhou para fora da casa em direção ao seu carro. Ele estava realmente aborrecido.

Ri sozinha ao pensar na cara da Morgana e do Joice assim que notassem a falta de seus pertences. Mas meu sorriso se desfez assim que pensei na fúria de Kenedy, com certeza ele viria atrás de mim. Eu precisava pensar... Antes que isso acontecesse eu teria que sumir do mapa. Droga, Katrina! Com que dinheiro? Com que documentos? Kenedy fez questão de pegar tudo o que provavelmente me faria sair de sua vista.

-Anda logo, Katrina! –Matheus falou irritado.

Balancei a cabeça tentando afastar esse pensamento, pelo menos naquele momento, e corri para alcançá-lo.

EVAWhere stories live. Discover now