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KATRINA

-Você parece uma velha, só reclama. –Ele falou de forma mais dura. –Tento ser gentil com você, e o que recebo em troca?

-Te trato da mesma maneira que você age comigo. –Respondi tentando parecer indiferente.

Ficamos em silêncio durante todo trajeto, as vezes eu o olhava de forma discreta, mas ele não fazia o mesmo... Nem por um instante trocou olhares comigo.

–Moro nesse condomínio... –Apontei para a marquise escura.

Ele não disse nada, apenas estacionou o carro na portaria, o olhei na esperança de sei lá, agradecê-lo de uma forma mais... Bem, digamos que informal, mas recebi apenas um olhar vazio vindo dele.

–Obrigada... –Murmurei enquanto ajeitava meu vestido.

-Aqui. –Ele falou, fazendo com que eu olhasse imediatamente pra ele. –Não vai jogar em mim de novo. –Ele arremessou o embrulho de presente em meu colo, sorri brevemente enquanto segurava em mãos.

Apenas acenei em agradecimento e desci do carro, mas quanto eu estava prestes a fechar a porta, virei e o encarei.

-Você vai me buscar amanhã? –Ele me olhou e ficou em silêncio por algum tempo.

-Não. –Ele olhou para o celular. –Vou viajar, volto lá para o fim da semana que vem, talvez eu pegue você. –Ele sorriu de maneira maliciosa, ergui o dedo do meio e bati a porta do seu carro com força.

Adentrei em casa irada por tal coisa, eu não o suportava.

Hora sabia ser até mesmo gentil, ou quase isso, mas outra hora era quase um ogro... Ele me desarmava de uma forma completamente confusa.

[...]

Os dias foram se passando, e nada do Matheus aparecer.

Henric estava cumprindo o combinado felizmente.

As meninas mal me olhavam, achavam que eu estava sendo super-protegida e eu as pegava inúmera vezes cochichando pelos cantos, somente a Valentina tentava conversar comigo, mas eu realmente não queria papo com ninguém daquela casa.

Kenedy havia me dito algumas de suas gentilezas como sempre, mas graças aos céus, estava conseguindo encapar dele, Henric estava sobrecarregando ele de trabalho, e com isso mal o via em casa.

Parecem que estavam procurando outra menina pra suprir a minha agenda.

Hoje era sexta-feira, já se passavam das cinco. Eu olhava no relógio constantemente, e Pedro estava quase me mandando para o inferno de tanto que eu perguntava sobre o Matheus.
Quando deu sete horas, já estava prestes a colocar a roupa de dormir, outro dia sem a presença confusa daquele ser de olhos claros.

-Katrina... –Pedro adentrou no quarto e veio até minha cama. –Se arruma aí. –Sem poder conter, um sorriso daqueles de pasta de dente surgiu em meu rosto.

Corri para o banheiro, mas feliz do que criança em loja de brinquedo.

Tomei um banho incrivelmente caprichado, só não pude demorar tanto, pois com certeza me atrasaria.

Sai com o corpo coberto pela toalha, escolhi uma lingerie preta, a coloquei e em seguida perfumei meu corpo, praticamente despejei em mim o frasco de perfume que ele havia me presenteado.

Eu queria ficar bonita para ele, queria que eu conseguir deixá-lo sem fôlego.

Arrumei meu cabelo e despejei as maquiagens pela cama, comecei a maquiar meu rosto e fiquei feliz com o resultado, guardei as coisas rapidamente e desci apressada, Pedro já havia ido me alertar duas vezes sobre o horário.

Somente Camila estava em casa, e mal nos olhávamos, adentrei no cômodo e peguei um vestido comportado: tinha a cor escura, quase preto e com alguns detalhes roxos, as mangas eram estilo ¾, o cumprimento era um pouco acima dos meus joelhos, era justo, marcava bastante meu corpo.

Escolhi um salto da mesma cor do vestido, e pronto!

Não quis colocar um monte de adereços, parecer uma arvore de natal não era uma boa idéia.

Quando sai, Kenedy estava na sala conversando com Pedro, ambos olharam pra mim, mas isso não me deixou desconfortável, a pessoa que vi em na cozinha se encarregou isso, Morgana me olhava com um sorriso triunfante, segurava uma mala daquelas de mão e tinha uma mala perto da bancada, cerrei os olhos e voltei a encarar Kenedy, que não esboçava reação alguma.

-Sério isso? –Perguntei inconformada. –Isso aí que vai me substituir? O que foi? A Fiona não estava disponível não? –Pedro riu.

Antes que ele pudesse me ofender de volta, caminhei até a porta e abri a mesma, saindo em seguida.
Minutos depois Kenedy saiu, segurando uma garrafa de bebida verde, ele mexia no celular e passou por mim, permaneci ali parada.

-ANDA LOGO, KATRINA! –Ele gritou impaciente.

-Você quem vai me levar? –Perguntei desconfiada.

-Por que? –Ele perguntou irritado. –O cara vai vir te buscar? –Revirei os olhos e fui até o carro.

-Sua simpatia é admirável. –Falei e levei um solavanco em resposta.

-Não me irrita... –Ele ameaçou.

Permaneci calada durante todo o caminho, Kenedy corria feito louco, eu olhava alarmada pra cada cruzamento que ele ultrapassava, e só fiquei sossegada quando ele estacionou o carro em uma rua residencial.

EVAWhere stories live. Discover now