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KATRINA

Kenedy se conteve e voltou ao seu habitual vazio de emoções. Henric voltou a me olhar.

-NÃO INTERESSA! –Ele gritou. –ELE PAGOU POR VOCÊ, E SE ELE QUISER VOCÊ FICA TRÊS  SENTADA EM UM SOFÁ OLHANDO PRA UMA PAREDE, KATRINA! ELE PAGOU, MANDA E VOCÊ SÓ OBEDECE, É ASSIM QUE FUNCIONA... ENTENDEU? –Ele esbravejou e veio em minha direção, fazendo com que eu recuasse pra trás e sentisse a parede gelada rente as minhas costas.

-Entendi... –Murmurei sentindo ele a centímetros de mim.

Ele ficou me encarando com aquele olhar doentio por longos segundos, até que batidas na porta fizeram sua atenção se desviar.

-ENTRA! –Henric gritou.

-Henric... Tem um cara aí querendo falar contigo. –Um de seus seguranças falou meio desconfortável.

-Manda embora. –Henric fez um sinal com as mãos.

-Melhor recebê-lo. –O mesmo homem falou, recebendo em troca o olhar gélido de Henric, que suspirou pesadamente e deu os ombros.

-Manda entrar então. –Ele voltou ao seu lugar, sentando-se em sua cadeira ou trono como ele realmente achava... O senhor dono do mundo.

Ele, Kenedy e eu olhamos pra porta, esperando a tal pessoa entrar, e pra minha imensurável surpresa, Matheus adentrou a sala com sua postura fria.

Henric se mostrou pra lá de surpreso pela presença de Matheus, depois acabou sorrindo.

Matheus se aproximou da mesa ainda sem trocar olhares comigo, mas vi que por um único instante, sua atenção se virou contra o Kenedy, que retribuiu da maneira mais dura impossível, e depois voltou a olhar Henric, que estendeu a mão para Matheus e ambos se cumprimentaram como se fossem velhos conhecidos.

Ergui uma sobrancelha enquanto acompanhava a cena em segundo plano.

-Caramba! –Henric falou de maneira mais descontraída, como quando conversava com Pedro ou Kenedy. –Não esperava te receber aqui, Matheus! –Olhei pra Kenedy que olhava o Matheus como se fosse metralhá-lo a qualquer momento.

-Pra tudo existe uma primeira vez, Henric. –Matheus falou, e em seguida sentou-se na cadeira de forma informal.

Antes que a conversa ganhasse um rumo, Henric ergueu seu olhar e me encarou.

-Pode sair. –Falou de uma maneira digamos assim... Nada educada.

Matheus ergueu a mão e virou sua cadeira, encarando-me também.

-Espera! –Ele exclamou. –O motivo da minha presença aqui, é ela. –Matheus falou.

-Sobre ela? –Henric perguntou com um sorriso completamente distorcido.

-Sobre ela. –Matheus repetiu e contornou sua cadeira, voltando a encarar Henric.

-Continue... –Henric se acomodou na cadeira, e cruzou os braços, encarando o Matheus. –Sou todo ouvidos. –Kenedy revezava seu olhar entre mim e a mesa onde os dois estavam sentados.

Eu estava incomodada com tal situação.

O que será que aquele idiota iria falar?

Sobre o quanto eu sou respondona ou quem sabe iria fazer uma queixa com o Henric pelo seu carro que eu havia estragado no nosso primeiro encontro.

Não conseguia controlar minha curiosidade, meus dedos se contorciam e eu estava morrendo de vontade de sair correndo.

-Primeiramente, quero que não aconteçam retaliações sobre ela... –Matheus falou da maneira mais natural possível. –Eu estava com ela essa noite, e acho que sou o maior responsável de seu sumiço, você sabe, acabei encontrando ela lá e bem... Você já sabe. –Ele deu os ombros, sua frieza em contar tal coisa me deixava desconcertada e ao mesmo tempo envergonhada.

Senti o olhar do Kenedy e do Henric sobre mim.

Abaixei a cabeça e arregalei os olhos, tentando conter tamanho constrangimento, tudo bem, todos ali sabiam o que eu fazia, mas convenhamos... Não precisava falar aquilo!

–E se o problema for esse, eu pago.

-Esse não é o principal problema, Matheus. –Henric falou. –Katrina é muito inconseqüente, age como se estivessem acima de tudo e todos, age como se não tivesse responsabilidades, além diss...

-Desbocada e atrevida também. –Matheus falou interrompendo Henric.

Ergui meu olhar e o olhei com desdém.

Atrevido era ele!

-Claro... Katrina é muito rebelde, e pessoas assim exigem um pouco mais de pulso firme. –Henric falou. –E pra isso preciso agir de uma forma mais dura. Dinheiro obviamente é bem vindo, mas no caso da Katrina, as vezes é apenas uma lembrança do que ela pode trazer pra mim... Ela me desafia, e eu não gosto nada disso. –Henric ergueu o olhar e me lançou aquele sorrisinho demoníaco que eu tanto odiava, ele sabia que era temido por mim.

Desviei o olhar, mirando-o para os meus pés.

-Esse é o grande motivo da minha presença aqui, Henric! –Matheus falou. –Ela age da mesma maneira comigo. –Ele voltou a dar os ombros. –Quero ensiná-la quem manda. –Eu não poderia ver seu rosto, mas sabia exatamente o sorriso que aquele loiro prepotente trazia nos lábios.

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