101

1.8K 158 22
                                    

KATRINA

Matheus me olhou totalmente desacreditado, mas pareceu se convencer pelo menos naquele momento.

-Você deve estar cansada. -Ele falou, levantando-se da cama. -Vou deixar que descanse. -Assenti e desviei o olhar.

-Obrigada outra vez. -Falei puxando o edredom. Matheus apenas balançou a cabeça e caminhou até a porta.

Dormir aquela noite não foi tarefa difícil, aquela cama era extremamente confortável e eu estava completamente exausta.

Acordei com um uma corrente de ar entrando no quarto, me encolhi de baixo do edredom e abri meus olhos enquanto fazia uma careta, olhei para janela e entendi o porque, eu havia dormido com ela aberta, resmunguei e vi que já estava começando a clarear, e meu sono sumiu tão rápido quanto apareceu. Me remexi na cama e virei para ver que horas o relógio marcava: 5:55h.

-Droga... -Resmunguei enquanto endireitava meu corpo para encarar a textura branca e bem feita do teto.

Um sorriso surgiu em meu rosto ao lembrar da atitude de Matheus... Algo ele sentia por mim e a cada dia eu me convencia um pouco mais disso. Mas o que era exatamente? Poxa, uma pessoa sem sentimentos não faria tudo o que ele fez por mim e por fim ainda me abrigar em sua casa. Algo nasceu naquela muralha em forma de gente, algo que nem mesmo ele conseguia entender.

Fui despertada de meu conto de fadas problemático pela voz do Matheus no corredor, ele parecia conversar com alguém, tentei ouvi-lo, quando constatei que era algo provavelmente de seu trabalho, revirei os olhos e levantei da cama.

O dia dele começava cedo pelo jeito. Fui até o banheiro e passei uma água no rosto, claro, ajeitei um pouco a cara inchada de sono e só depois decidi sair do quarto, e assim fiz. Desci um pouco meu short e ajeitei o cabelo enquanto descia os degraus cautelosamente, atravessei a sala vazia e fui até a cozinha, onde provavelmente ele estava.

Assim que adentrei na cozinha, vi que Matheus mexia em seu notebook totalmente concentrado, fiquei em silêncio o observando, Matheus estava incrivelmente bonito, com uma camisa social branca, uma gravata preta bem colocada e sua feição completamente fechada. Era quase como ter o privilégio da visão mais perfeita do mundo. Poderia ficar horas o observando sem me cansar.

Mas como tudo o que é bom dura pouco, Matheus ergueu o olhar e quase derramou o conteúdo de sua caneca cinza pela bancada, acabei sorrindo ao presenciar seu susto.

-Droga, Katrina! -Ele falou assim que se recuperou.

-Desculpa, não sabia que estava tão alheio a vida em sua volta. -Zombei enquanto puxava uma das cadeiras.

-Não é isso... -Ele fechou o notebook e me encarou. -Só não estou acostumado com outra pessoa nessa casa. -Ele falou pegando sua caneca e vindo em minha direção.

-Atrapalho sua maravilhosa vida nesse casulo caro? -Zombei outra vez. Matheus sorriu torto e sentou-se em minha frente. - Sua BatCaverna? -Continuei.

-A melhor parte do meu dia vai ser acordar e receber essa dose do seu bom humor, Katrina. -Ele falou sarcástico. -E então, dormiu bem? -Balancei a cabeça.

-Maravilhosamente. -Falei.

-Que bom. -Ele inclinou a cabeça para o lado.

-O que foi? Porquê me olha tanto? -Falei incomodada.

Matheus apenas sorriu como seu eu houvesse dito algo engraçado, se acomodou na cadeira e colocou seus braços sobre a mesa, debruçando-se para me encarar.

-Gosto de observar coisas bonitas. -Ele balançou a cabeça e sorriu novamente. -Coisas bonitas sempre me atraíram. -Ele piscou. -Me fascinam. -Ele completou, deixando-me completamente sem chão.

Acho que devo ter feito cara de idiota, ou meu corpo deu algum sinal do estado completamente febril que ele conseguia despertar em mim. Abaixei minha cabeça e ajeitei o cabelo atrás da orelha, completamente sem jeito, provavelmente devo estar vermelha igual um semáforo.

-Consegui deixar a miss inabalável sem graça. -Matheus zombou. -Ponto pra mim. -Finalizou ele, levantando-se. Ergui minha cabeça e olhei ele de soslaio. -Já sabe onde fica a cozinha, a sala e seu quarto, não é? -Ele falou irônico. -Sinta-se a vontade, se quiser algo, é só pegar. -Ele falou enquanto circulava pela cozinha como se fosse algum Deus.

-Nojento. -Murmurei irritada enquanto evitava olhar para ele.

-Mais tarde estou de volta e podemos continuar nossa conversa amigável, Katrina. -Ele falou.

-Tomara que as horas passem voando. -Falei irônica enquanto fingia euforia. Matheus aproximou-se outra vez, fazendo com que eu perdesse o sorriso e minha postura defensiva.

Ele segurou meu queixo e fez questão de que eu o encarasse fixamente. Azul e azul. Um "Deus-Grego e uma mera mortal".

Matheus curvou-se, aproximando seu rosto do meu, limitando qualquer distancia existente, eu conseguia sentir sua respiração pairar sobre meu rosto, senti meu corpo se arrepiar por inteiro, minha respiração já ficou completamente descompassada só de ter esse contato bobo. Matheus fez menção de me beijar, mas virou seu rosto estrategicamente até minha orelha.

-Desculpa te desapontar... -Ele murmurou. -Mas agora eu tenho que ir trabalhar. -Ele completou, fazendo com que eu voltasse ao meu estado natural, empurrei minha cadeira abruptamente para me afastar dele, agora eu estava raivosa, meu olhar revelava isso, ele brincou comigo e eu cai feito uma idiota. -Mais tarde. Talvez... -Ele deu um sorriso um tanto quanto perverso, que quem havia conseguido ou ganho algo muito importante. E ele havia ganhado a minha dignidade naquele momento.

Ele voltou a piscar enquanto abandonava a cozinha com um sorriso vitorioso, deixando-me sozinha e completamente irritada.

-Não acredito. -Passei a mão pelo rosto tentando afastar esse papel de trouxa que eu havia acabado de fazer.

EVAWhere stories live. Discover now