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KATRINA

Revirei os olhos, como se aquilo fizesse com que eu sentisse ciúmes... A única coisa que aquilo me fazia sentir era nojo! Nada além disso. Por mim os dois poderiam se pegar aqui no meio da sala que nada acontecia em meu emocional.

-Vai pra boate hoje, Kenedy? –Pedro perguntou. Kenedy voltou a sua atenção ao amigo, e então empurrou Morgana, que resmungou algo e foi sentar-se ao lado de Valentina.

Cruzei os braços e olhei para Morgana, que sorria de maneira debochada pra mim.

-Perdeu alguma coisa? –Falei.

-Viu meu colar? –Ela falou, Kenedy olhou para mim, e foi minha fez de sorrir de maneira debochada. –Não é lindo, Katrina? –Ela falou fingindo simpatia.

-Muito, Morgana... É incrivelmente lindo. –Falei e sorri, puxei o cordão do meu e tirei o pingente que estava escondido no decote do meu vestido, o sorriso dela se desfez no mesmo momento. –Olha o meu! –Franzi o cenho. –Mais bonito, não é? –Falei.

Kenedy me olhava em silêncio, assim como os outros. Levantei e caminhei até ela.

–Fica triste não... –Dei um puxão no colar, uma leve ardência momentânea, peguei a corrente e estendi a mão. –Pode ficar com a minha. –Sorri de canto e atravessei a sala, subi as escadas com uma decisão.

Matheus era minha sina, de um jeito ou de outro, sempre haveria uma maneira ou dia que eu teria que vê-lo, e bem... Eu precisava vê-lo hoje.

Tomei um banho incrivelmente demorado, lavei meu corpo dos pés a cabeça. Sai com a toalha envolvida em meu corpo, no relógio marcava 20:09hrs, na certa ele pensava que eu faltei, o que era bom, pois pela primeira vez eu iria surpreendê-lo. Procurei por algo com a minha cara, pois sempre quando nos encontrávamos eu estava caracterizada como “Eva”, uma garota paga pra sair com ele, e hoje eu queria ser diferente, digo... Quero ser a Katrina!

Quero que ele conheça a Katrina.

Então peguei um vestido, um vestido com o cumprimento que batia quase em meus joelhos, não tinha mangas, e não era decotado, era muito apropriado pra ocasião.

Me deixava com aparência de uma adolescente qualquer, que estava pronta para passear em um parque com as amigas, tomar um sorvete ou dar uma volta no shopping. Deixei meu cabelo solto e me passei tanto perfume que fiz com o quarto exalasse a minha colônia aos quatro ventos. Maquiagem eu havia passado pouca, mas o resultado final havia ficado convincente. Peguei minha bolsa e vigiei pela porta do quarto o movimento, vi quando Pedro e Kenedy saíram, na certa haviam ido pra boate.

Enquanto descia as escadas, me escorava no corrimão da escada para calçar os sapatos.

-Onde você vai, Katrina? –Camila perguntou assim que adentrei na sala, fazendo com que as outras meninas também me olhassem.

-Cuidar da minha vida. –Falei e sai porta a fora, batendo a mesma com força.

Caminhei pela calçada no condomínio sem pressa alguma, enquanto caminhava ia admirando a noite, não era uma noite quente, o vendo soprava e fazia com que o meu cabelo dançasse.

Quando passei pela portaria, desejei boa noite para o porteiro e para alguns moradores que ali estavam, uma senhora não respondeu, apenas lançou um olhar mortal para mim, na certa desconfiava de que nos éramos, mas continuei sorrindo e acenando.

Assim que cheguei a rua, olhei em volta a procura de algum ponto de táxi, e quando encontrei, praticamente corri assim que vi um livre.

Falei o endereço enquanto o taxista puxava assunto comigo, respondia educadamente, mas eu não estava muito afim de conversa, minha mente estava em um grande dilema, o medo de ser rejeitada, ofendida pelo Matheus fazia com que meu coração batesse de maneira pra lá de acelerada.

O tempo passava depressa, um frio na barriga se instalou, fazendo com que minhas mãos também tremerem.

Prendi minha respiração assim que o taxista parou enfrente ao portão que eu pouco conhecia, mas muito me lembrava.

Saltei do carro após pagar a corrida, caminhei em passos lentos até o portão, minhas pernas tremelicavam, quando apertei o botão do interfone, demorou pouco para que eu conseguisse uma resposta.

-Está atrasada, Katrina... -Ouvi a voz rouca e mal-humorada do Matheus.

-Boa noite, Matheus. -Retruquei. Segundos depois o grande portão automático deu passagem para que eu pudesse enfim entrar, e assim fiz, caminhei pela área e vi seu carro, instantaneamente a lembrança de nossa noite aqui fez meu rosto ruborizar, passei a mão pelo rosto tentando afastar tal pensamento, pois aquela noite não havia acabado bem.

Ergui meu olhar e vi que Matheus me aguardava, usava uma calça de moletom escura e uma camiseta branca.

Seu rosto não tinha expressão, o olhar vazio e a postura relaxada.

Assim que me aproximei, o encarei de uma maneira que eu não sabia explicar, Matheus parecia ser inabalável quase a todo tempo, mas em momentos como aqueles, eu podia ver que naquela rocha humana, aquele homem amargurado, havia rachaduras.

Havia tristeza, e consequentemente sentimentos.

Naquele momento, Matheus parecia ser tão frágil quanto eu.

-Está tudo bem? -Parei para encará-lo.

Ele não disse nada, apenas assentiu e deu passagem para que eu passasse.

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