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KATRINA

-Mãe? –Sophia chamou a atenção de Ester, que a olhou meio triste. –Já conhece a Katrina? –Ela falou sorridente. –Ela é a namorada do Theus. –De imediato ganhei o olhar da minha até então “sogra”, e posso dizer com total certeza que não a conquistei. Ester me olhou dos pés a cabeça com uma cara de nojo.

-Namorada? –Ela repetiu surpresa.

-Sophia... –Murmurei para que ela se calasse.

-Não vejo aliança. –Ester comentou fingindo estar brincando, mas eu conseguia ver que não. Por algum motivo, não passei em sua avaliação. –Namorada sem aliança é meio difícil, não é... Kátia? Perdão... Carina? –Ela me olhou sorrindo.

-Katrina. –Falei. –É um prazer conhecê-la. –Falei tentando ao menos ser simpática. Estiquei minha mão, ela a encarou por longos segundos, só então depois dessa demonstração maçante de aversão, segurou minha mão.

-Igualmente, Carina. –Ela falou.

-Katrina, mãe! –Sophia concertou a mãe, mesmo sabendo que aquilo era proposital. –Katrina!

-Ah sim... Perdão! –Ela sorriu de maneira forçada.

-Tudo bem. –Falei e encarei Matheus, que ficou alheio há essa situação, pois ele olhava para frente, ou melhor, sua atenção tinha foco... “Melinda”, ele a encarava e ela o encarava de volta. Henrique estava ocupado demais trocando alguns murmúrios com Pietro para notar aquela situação. Matheus a encarava profundamente. Por um momento eu estava me sentindo uma intrusa naquele lugar, puxei minha mão e cruzei meus braços, Matheus de imediato acordou de seu transe e me encarou alarmado. –Legal, hein? –Falei.

Ele não disse nada, apenas continuou a me encarar como se não tivesse explicação para me dar. Sophia percebendo a situação nada agradável que se instalou no “aniversário”, tratou de me puxar para outro canto.

-Preciso da sua ajuda, Katrina... Pode ser? –Ela perguntou sorridente.

-Claro. –Falei. Troquei alguns olhares com Matheus, que ainda me encarava inquieto.

-Katrina... –Ele tentou segurar minha mão, mas eu a puxei e fui ajudar Sophia.

-Sua mãe me odiou. –Sussurrei enquanto seguia ela.

-Toda mãe não gosta da nora. –Sophia comentou bem humorada. –É normal. Eu também vou odiar a namorada do meu filho.

-Você não entendeu. –A olhei. –Ela me odiou de uma maneira que pegou em minha alma. –Falei e Sophia acabou rindo.

-Não leve tão a sério, Katrina... –Ela me entregou uma caixa.

-Ela odeia a Melinda também? –Falei sem poder me conter, o sorriso de Sophia sumiu, assim como sua expressão bem-humorada. –Já sei. O ódio é todo pra mim. –Pisquei e sorri tristemente. –Já estou acostumada com esse tipo de tratamento. –Virei e fiz o mesmo caminho.

-Precisamos conversar. –Pietro segurou meu braço assim que voltei a sala. Mirei minha atenção para ele. –Agora! –Ele falou.

-Não precisamos. –Falei e puxei meu braço com força.

-Eu não estou pedindo um minuto seu. –Pietro falou voltando a segurar meu braço, dessa vez impondo muita força e de imediato senti a dor.

-Me solta, Pietro... –Pedi tentando tirar sua mão dali. –Você está me machucando! –Falei entre dentes. Olhei em volta para ver se Matheus estava por perto.

-O que foi? Está procurando seu protetor? –Pietro questionou raivoso. –Tenho que perguntar qual dos dois, não é? –Fiquei em silêncio, Pietro deu um solavanco em meu corpo fazendo com que eu me aproximasse dele, lembranças surgiram em minha mente de imediato, fechei os olhos com força e prendi a respiração enquanto aqueles flash’s passavam em minha cabeça. Pietro ainda me causava medo, me causava dor. –Responde! –Ele rosnou irritado, me balançando agressivamente. Ao ver meu estado, Pietro segurou em meu queixo o apertando com força, abri os olhos e o encarei, ele sorriu com deboche ao ver meus olhos cheios de lágrimas. Ele me deixava desarmada. –Você está tremendo? –Ele perguntou cinicamente. –O que foi? –Ele continuava com o sorriso irônico nos lábios. –Tudo isso é saudade? –Pisquei algumas vezes deixando algumas lagrimas rolarem pelo rosto, Pietro soltou meu queixo e aproximou seu rosto do meu, fiz menção de vira-lo, mas ao ver a expressão sombria de Pietro, acabei travando e encarando meu maior pesadelo.

-Me solta... –Murmurei. Me arrisquei olhar em volta outra vez, onde Matheus estava? Eu precisava desesperadamente dele.

-Olha pra mim! –Pietro voltou a rosnar. Pisquei algumas vezes e voltei a encará-lo.

-O que você quer, Pietro? –Murmurei meio receosa. –Você já desgraçou demais a minha vida, deveria me deixar em paz agora. –Pietro balançou a cabeça nervosamente, parecia irritado com minhas palavras.

-Como se atreveu a fugir daquele jeito? –Fiquei em silencio. –Responde! –Ele me balançou outra vez.

-E você esperava que eu ficasse em casa submissa as suas loucuras doentias? –Questionei. –Seu doente! –Me atrevi a xingá-lo, levando em resposta um belo tapa em meu rosto, logo o senti queimar, lágrimas voltaram a brotar em meu rosto. Onde estava Matheus? Porque sumiu dessa maneira?
-Antigamente você não era tão respondona dessa maneira, Katrina... Será que devo te lembrar qual é o castigo? –Ele riu.

-Eu vou te denunciar! –Falei com a voz embargada. Pietro sorriu como se eu tivesse contado a ele uma grande piada.

-Como você está valente agora, Katrina... Isso é o que? Uma ameaça? –Pietro falou.

-Eu tenho quem me proteja agora! –Falei tentando soar segura, mas toda minha estrutura óssea estava tremendo naquele momento. Será que eu tinha alguém para me proteger mesmo? Quer dizer... Meu “salvador” tinha evaporado, virado fumaça.

-Quem? O idiota do Matheus ou o... –Ele desviou o olhar tentando lembrar de algo, quando conseguiu, estralou os dedos e voltou a me olhar com o sorriso cínico nos lábios. –Kenedy, certo? Fiquei sabendo que ele vai vir atrás de você... E pelo que eu soube também, ele é bem mais amedrontador que o seu herói.

-Kenedy é um doente igual a você. –Falei. Pietro deu os ombros.

-Ele é o que? Seu “cafetão”? –Pietro riu com o próprio comentário. –Sempre soube que você não prestava, mas transar por dinheiro... Caramba, Katrina! Você se superou. –Ele falou com deboche. –Matheus sabe que você andou dormindo com o irmão dele? –Ele falou, fazendo com que eu o encarasse alarmada. –Ele vai ficar desolado... Já pensou? –Ele continuou.

EVAWhere stories live. Discover now