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KATRINA

Fiquei me culpando a manhã inteira por ter dado esse mole para ele... Como fui boba!

Matheus não havia levado seu notebook para o trabalho, talvez esse fosse apenas para seu “lazer”, abri o mesmo e comecei a mexer em coisas aleatórias, ficar sozinha nessa casa imensa me deixava tensa, abri vídeos no YouTube, e cheguei até a entrar na minha conta do Facebook, e como sempre nenhuma notificação ou chat pra mim, era normal, nunca fui popular e a minha situação com o Pietro fez com que eu acabasse me afastando dos poucos amigos que eu tinha.

Desci o Feed de notícias e comecei a olhar coisas aleatórias, meninas e meninos que se formaram no mesmo ano que eu curtindo as eternas férias, em seus primeiros empregos, felizes e aparentemente contentes.

E quando a mim? Bem, nem eu mesmo sabia.

Sem poder conter minha curiosidade, procurei por “Pietro Cardoso” na barra de pesquisa, eu não possuía ele em meus amigos. Logo seu perfil apareceu na tela, uma foto bonita como de qualquer jovem de classe média, nas fotos sorria ao lado dos amigos, que mal imaginavam o monstro que ele era.

Fotos em baladas, fotos a beira da piscina e fotos até mesmo com o Henrique do seu lado, com frases manjadas de amizade... Aquilo era “patético”.

Várias curtidas e comentários tanto de meninas e meninos falando do quanto os dois eram legais... Me poupem!

Sai do seu perfil e entrei do Henrique, Henrique Krieger. A mesma coisa do perfil de Pietro, a vidinha fácil de um playboyzinho sustentando pelos pais.

Relacionamento sério com Melinda Glass. Nem preciso dizer o quanto aquilo atiçou minha curiosidade, sem conter e nem medir meus escrúpulos, fui para o perfil da tal Melinda, e para meu total desprazer, ela era incrivelmente linda... Agora com seus fios mais avermelhados e com um tamanho menor, esbanjava beleza, seu olhar era tão claro quanto uma piscina ou o mar do Caribe. Eram grandes olhos e uma pele tão branca e perfeita como porcelana... Um corpo de dar inveja a qualquer modelo. Sai do perfil dela e desconectei minha conta fechando o notebook rapidamente.

Fiquei encarando o nada, pensando na grande porcaria que eu era comparada a tal Melinda.

Eu não tinha muito corpo apesar de ter quase dezenove anos, meu cabelo era loiro e eu não tinha mais do que 1,65 de altura, tinha a pele tão clara que se perdia ao lado de uma folha de sulfite, não tinha nenhum atrativo aparentemente. Meus olhos não chamavam tanta atenção quanto o dela. Eu não era nada se posta de lado com a miss perfeição.

-Droga... –Murmurei levantando e passando a mão em minhas coxas. A insegurança havia batido violentamente em minha porta. Alisei meu cabelo com as pontas dos dedos e eles pareciam ser tão “normais”. Definitivamente eu era um patinho feio.

-Olá! –Pulei de susto assim que ouvi uma voz atrás de mim, olhei para trás rapidamente e vi uma senhora de meia idade com algumas sacolas na mão.

Ela sorria amigavelmente enquanto desviava das cadeiras com suas sacolas pesadas.

-Ah, desculpe! –Corri para ajudá-la, ela sorriu em resposta enquanto me entregava uma de suas sacolas.

Coloquei a que eu havia pegado na bancada, ela fez o mesmo com as delas e suspirou de cansaço, mas assim que se recuperou, lançou-me um olhar curioso, mas não ousou perguntar nada.

–Katrina. Sou Katrina. –Falei sorrindo. –Sou uma amiga do Matheus. –Falei e ela assentiu sorrindo.

-Prazer menina Katrina. –Ela falou com um sorriso amigável nos lábios. –Sou Elena. –Concordei com a cabeça, ela então começou a abrir suas sacolas e tirar potes cheio de coisas.

-Você é a empregada do Matheus? –Perguntei sentando em um dos bancos altos da bancada. Ela me olhou rapidamente e deu os ombros.

-Conheço o Matheus desde quando estava na barriga de Ester. –Ela falou. –Sempre trabalhei para a família Krieger. –Ela sorriu.

-Ah sim... –Falei. Elena continuou fazendo seu afazeres enquanto eu a assistia. –Você trabalha em tempo integral aqui ou... –Ela me olhou.

-Não. –Ela colocou uma travessa de vidro na bancada. –Sou funcionária da Ester.

-Mãe do Matheus? –Perguntei.

-Sim... –Elena falou meio alheia ao nome “mãe”. –Sou a governanta da casa, mas sempre que posso dou uma escapadinha para cuidar do meu menino. –Ela sorriu de maneira doce. –Se depender dele, ele coloca qualquer uma pra cuidar dessa casa. –Ela falou. –Não permito! –Sorri e balancei a cabeça.

-Você vem todo dia? –Perguntei.

-Sempre que posso. –Ela colocou alguns potes na geladeira e tirou outros. –Assim que ele vai trabalhar, eu apareço aqui e cuido da casa. –Ela falou orgulhosa.

-E porque não fica aqui de uma vez? –Perguntei sem poder segurar minha língua grande. Elena parou de mexer em suas coisas e me olhou. –Perdão... –Falei.

-Tudo bem, menina. –Ela sorriu, mas dessa vez de maneira triste. –Matheus é orgulhoso demais pra permitir que alguém tome conta dele, zele por ele... Sempre foi um menino muito destemido, independente. –Ela falou. –Desde muito jovem criou um muro ao redor dele, uma proteção, acha que pode fazer tudo sozinho... –Ela falava com carinho, parecia ter muito apreço pelo Matheus.

EVAWhere stories live. Discover now