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KATRINA

Eu não poderia ir ao encontro do Kenedy, pois não fazia a mínima idéia de onde estava e onde era o ponto de encontro.

Caminhei pela rua movimentada por conta da noite, estava um clima agradável, meus olhos olhavam com admiração por cada estabelecimento ou hotel que eu passava, tinha um ar tão... Fino! Sim, fino.

Dei uma olhada em minha cara e vi que já não estava mais tão “chique” para freqüentar um lugar como esse, graças ao ridículo do Matheus.

Mexi em minha bolsa e peguei um pequeno espelho que eu guardava ali, depois um batom e passei, dando cor aos meus lábios, mas de nada adiantou, a cara lisa de que eu havia saído de casa não me deixava, então resolvi ir ao centro da cidade, onde as pessoas são mais naturais, quer dizer, ninguém vai ficar reparando se meu vestido é da Gucci ou da Dior, as pessoas do meu nível social não eram tão superficiais há esse ponto.

Peguei um táxi e desci próximo ao restaurante familiar que eu adorava ir quando meu pai ainda estava vivo.

Assim que cheguei ao lugar, sorri ao lembrar das diversas noites agradáveis que eu havia passado ali na companhia dos meus pais, era um ambiente tão acolhedor... Tinha cheiro de família, parece idiotice falar isso, mas eu sempre associei o cheiro daquele lugar, com o cheiro de família, talvez seja porque eu me sentia protegida, alegre ali.

Puxei uma cadeira e coloquei minha bolsa sobre a mesa, sentando-me em seguida.

-Boa noite, senhorita. –Um garçom falou sorridente enquanto me estendia o cardápio.

-Boa noite. –Respondi e peguei o cardápio, olhei rapidamente e meus olhos acharam o que procuravam, o hambúrguer dali era o melhor do mundo! –Quero esse aqui... –Apontei para o cardápio. –Batatas e uma Coca-Cola bem gelada. –Sorri e ele assentiu, anotando e saindo.

Fiquei olhando em volta enquanto meu pedido era preparado, não estava tão cheiro como de costume, as musicas que tocavam ao fundo deixava o ambiente animado, não ao ponto de dançar, obviamente, mas ao ponto de podermos fazer nossas refeições com um sorriso no rosto.

Quando meu hambúrguer monstro chegou, não me preocupei que me vissem, abocanhei um grande pedaço e fechei os meus olhos ao sentir aquele sabor divino, era melhor do que eu me lembrava, com certeza.

Devorei tudo em minutos, e por fim me deliciei com um sorvete de chocolate e cerejas, devo ter engordado uns cinco quilos.

Paguei a conta e decidi dar uma volta no quarteirão, pois eu não costumava sair a noite quando morava com a minha mãe, o Pietro nunca permitiu, e eu também não tinha amigos pra me fazer companhia.

Não tinha lojas abertas, nada além de bares e lanchonetes forradas de pessoas. Fiquei um bom tempo de bobeira, comprei outras besteiras pra comer enquanto isso, e só decidi ir embora quando meu dinheiro ficou pouco, o suficiente para voltar pra casa.

Embarquei em outro táxi e falei o nome do condomínio, permaneci durante todo o trajeto olhando para fora, mas com o pensando muito distante, em um distante que possuía nome... Matheus! Ele era tão absurdamente ridículo, prepotente, fútil e lindo... Sim, ele era lindo... Eu não conseguia tirar aquele olhar da minha cabeça, mas ele havia me humilhado de todas as formas possíveis essa noite, e com certeza ele telefonou para o Henric para reclamar de mim.

Paguei pela corrida e desci do táxi, caminhando até o meu atual endereço, não posso mentir, eu tinha medo do que me esperava, tinha medo da raiva que o Henric estaria sentindo de mim.

Respirei fundo e girei a maçaneta da porta, abrindo a mesma e adentrando na casa, pra minha enorme surpresa estavam todos presentes na sala, todos mesmo, inclusive o causador dos meus medos, Henric... Travei ao vê-lo ali, e sua cara também não era de bons amigos, todos estavam em silencio, como se estivessem velando algum corpo, bom, era o meu corpo que iria ser velado há alguns minutos.

-Onde você se meteu? –Henric gritou enquanto vinha em minha direção enfurecido, estremeci e recuei alguns passos. –RESPONDE! –Ele ordenou parado há minha frente.

-Eu-eu... Eu sai e não... Não soube como voltar ao lugar onde o Kenedy havia marcado... –Falei tão baixo, como aquelas crianças que aprontam e ficavam com medo de levar algumas palmadas.

-Katrina... Katrina... –Ele caminhou na minha direção e eu fui pra trás, parando só quando senti a porta em minhas costas, o olhei alarmada. –Eu tive que sair da boate, e só Deus sabe como aquela porcaria fica sem mim! –Ele falou calmamente. –Você é meu maior investimento no momento, e eu não posso correr o risco de te perder, pois você é minha propriedade, é muito valiosa pra mim... Entende? –Ele tocou meu rosto e acariciou o mesmo, me encarando com aquele olhar de psicopata que eu tanto temia.

EVAWhere stories live. Discover now