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KATRINA

Desci logo em seguida, na esperança descabida de encontrá-lo ali, mas obviamente meus pedidos não seriam atendidos, nunca fui uma pessoa com muita fé, talvez, agora seria minha redenção.

Pra minha infeliz constatação, ele já não estava lá.

Circulei o salão me certificando, mas não o achei, por fim, decidi ir embora.

-O Pedro veio hoje? –Perguntei enquanto me aproximava de uma das meninas que “trabalhavam” ali. Ela primeiramente me olhou de cima a baixo, por fim me respondeu.

-Hoje não, mas acho que mais tarde ele vem. –Ela falou e nem esperou minha resposta, saiu andando em seu enorme salto e sentou no colo de um cara qualquer.

Revirei os olhos e comecei a circular novamente, vi Kenedy atracado com a tal Morgana, ele seria a ultima pessoa a quem eu iria recorrer, então decidi ir embora por conta própria.

Sair dali foi quase uma missão impossível, tanto por conta daqueles pervertidos que se achavam no direito de distribuir ofensas ridículas contra mim, e pelas passadas de mão.

E pra piorar os seguranças daquele inferno mal freqüentado não liberavam minha passagem.

-Que ridículo... Sobe lá e fala com o Henric, meu bem! Vai dar com a cara na porta e vai voltar todo cabisbaixo. –Cruzei os braços e os encarei.

Ambos se olharam e cochicharam algo, provavelmente uma ofensa ou piadinha sobre mim, continuei com minha cara de “não estou pra brincadeira”, e por fim me deixaram sair.

Sentir a brisa gelada da madrugada era revigorante, o que se sentia na boate era cheiro de cigarro e outras coisas bem piores.

Olhei em volta e vi que a rua estava bem movimentada, típica noite de sexta-feira na cidade grande, achar táxi ali seria uma grande missão, e os saltos já começavam a machucar meus pés, cada passo era um palavrão despejado por mim.

Andei de um lado para o outro, e vi que iria demorar, ficar ali na frente da boate não seria nada conveniente... Voltar pra casa naquele horário sozinha estava fora de cogitação.

Bufei contrariada e voltei a boate.

Distribui meu vocabulário saudoso e simpático com os caras que tentavam algo.

–Desinfeta, babão! –Ergui minha mão fazendo sinal para um cara se afastar. –Nem chega perto, sem chances. –Falei a outro que me olhava.

Por fim cheguei no bar, onde Kenedy conversava com o barman daquele antro da perdição, Morgana estava sentada em seu colo e com a cabeça afundada em seu pescoço, as marcas que ela deixaria no pescoço do Kenedy poderiam ser vista de Marte, certeza!

Assim que me aproximei, Morgana envolveu as mãos ao redor do corpo do Kenedy e sorriu de maneira debochada pra mim.

Coitada!

–Relaxa, flor... Pode ficar com ele inteirinho pra você. –Pisquei e sorri de maneira forçada. Kenedy me olhou com antipatia e voltou a beber sua bebida. –Qual é, Kenedy? Pode ficar bravo comigo amanhã... Me leva pra casa, estou exausta. –Ele me encarou e por fim sorriu com desdém.

-Se vira, Katrina. –Ele falou e virou para o outro lado.

Ouvi a risadinha daquela infeliz, virei meu corpo e caminhei em sentido contrario, pois bem, eu não ficaria me humilhando pra ele por uma mísera carona. Sai de lá novamente e olhei para os lados.

-Agora é com você, Katrina... –Murmurei enquanto tirava os saltos e caminhava até o fim da rua.

Atravessei quase dois quarteirões, aquilo era ridículo!

Mas depois de um tempo percebi que um carro me seguia, comecei a ficar tensa e decidi apertar o passo.

Ser atacada agora seria uma merda, se humilhar para o Kenedy não parecia ser tão ruim agora... Minha respiração já estava descompassada, meu cabelo já grudava na testa e eu já estava desistindo, mas o carro não seguiu esse meu pensamento, continuou me seguindo.

-Que se dane... –Falei enquanto respirava fundo e pensava “tanto faz”, parei e me curvei, apoiando minhas mãos nos joelhos.

Vi que o carro parou do meu lado e meu coração praticamente parou de bater, o vidro do passageiro desceu e eu quase pulei naquele carro pra estapeá-lo.

-Quanto é a hora? –Matheus perguntou sorrindo.

-Filho da mãe... –Falei ofegante. –Que susto... Se eu visse um carro de policia eu teria te denunciado! –Falei irritada, mas ele apenas sorria da situação.

-Sem estresse, Katrina! –Matheus falou tentando conter seu riso. –Entra aí. –Vi que ele destravou a porta, o encarei por alguns segundo, ele bufou. –Não quer carona? –Ele deu os ombros. –Então tudo bem. –Ele acelerou e eu olhei arregalei os olhos.

-MATHEUS! –Gritei enquanto jogava um salto na direção do carro que a essa altura já estava no fim da rua.

Mas pra minha surpresa, ele parou o carro e buzinou, cerrei os punhos e gritei irritada.

Caminhei pelo meio fio e recolhi meu sapato, o colocando nos pés e segui até onde ele havia parado, abri a porta e adentrei o carro de cara amarrada.

–Como você é infantil! –Falei depois de um longo silêncio.

-E você é turrona... –Ele retrucou, o encarei e revirei os olhos, ele sorriu torto e deu partida. –Deveria ter te deixado ali, sua mau-humorada...

-Como você me encontrou? –Perguntei mudando de assunto.

-Estava do lado de fora da boate, você não me viu. –Ele falou enquanto prestava atenção na estrada.

-E você me fez andar tudo isso? –Perguntei revoltada. –Já é tarde, alguém poderia fazer algo contra mim! –Falei e ele sorriu.

-Você é muito chata, nossa! Não sei como te agüentam. –Ele falou e me lançou um sorrisinho. –E eu estava te seguindo, ninguém faria nada contra você.

-Ah, claro... O Clark Kent aqui me ajudaria! –Falei irritada.

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