063

1.1K 89 0
                                    

KATRINA

Fiquei imóvel, eu não tive aqueles surtos de adrenalina que muitas vezes nos salvam, eu simplesmente congelei.

-Que saudades... –Ele falou, como se fosse uma pessoa realmente normal.

Olhei para Matheus que olhava a cena quieto, não se opôs, mas também não estava confortável.

-Vocês se conhecem? –Ele perguntou e foi minha grande chance de me afastar do Pietro.

-Não! –Falei abruptamente e Pietro sorriu, balançando a cabeça como se eu tivesse falado besteira.

-É a minha irmã! –Ele falou, fazendo com que Matheus me olhasse de imediato.

-Irmã? –Ele perguntou inquieto.

-Não sou irmã dele. –Falei enquanto chegava mais perto do Matheus e agarrava seu braço, meio que indo atrás dele.

Matheus me olhava confuso, não sabia o porque dessa minha atitude.

Pietro me causava um medo imensurável, era como se eu fosse uma criança com medo de levar uma bronca da mãe, ele sempre soube disso, e sempre se aproveitou também.

-Claro que é. –Ele tentou puxar meu braço, mas Matheus deu alguns passos pra trás me levando junto com ele.

-O que foi, Katrina? –Matheus perguntou enquanto virava em minha direção.

As lágrimas já brotavam em meus olhos, eu não conseguia falar nada, apenas o encarava, a palavra “socorro” estava presa em minha garganta, mas eu não conseguia liberá-la.

–O que aconteceu? –Ele perguntou enquanto me balançava levemente.

-Katrina sempre foi problemática mesmo. –Pietro falou, ganhando a atenção de Matheus.

-Por que ela ficou assim só em te ver? –Matheus perguntou alterado.

-Ela fugiu de casa, deve ter ficado assim porque não esperava me encontrar aqui. –Pietro fingiu naturalidade.

-Fugiu? –Matheus perguntou.

-Pois é... Um dia acordamos e puff! Cadê a Katrina? –Pietro falou. –A mãe dela ficou desolada, aliás, ainda está, pois durante esses meses ela nunca ligou pra falar que estava bem, estávamos todos muito preocupados. –Matheus me olhava e eu fazia o mesmo. –Um dia a encontrei, mas ela saiu correndo... Nem tive chance de conversar com ela, a convencer de voltar.

-Matheus... Não. –Murmurei olhando para o Pietro através dele.

-O que aconteceu? –Ele tocou minha mão e a apertou. –Por que você está tremendo?

-Eu quero ir embora... –Sussurrei para que Pietro não escutasse.

-Por que? Me fala... –Balancei a cabeça negando.

-Só quero ir embora... Por favor, Matheus. –O encarei.

Ele coçou a nuca e olhou para os lados, parecia estar incomodado com tudo aqui, mas por fim assentiu.

-Vamos então. –Respirei aliviada, e sorri tristemente.

-Obrigada. –Ele não disse nada, apenas virou e encarou o Pietro, estendendo sua mão para ele.

-Boa noite, Pietro. –Pietro se inclinou para poder me enxergar, virei o rosto. –Outro dia você conversa com ela. –Falou de forma dura, sem chances de contradições.

E sem mais delongas, segurou minha cintura e saímos dali, não olhei pra trás, só ficaria aliava assim que estivesse longe daquela casa, consequentemente do Pietro. Mas Matheus me parou antes que eu pudesse entrar no carro, segurou meu braço e me encarou fixamente.

–Vai me contar o que aconteceu ali? –Fiquei em silencio. –Ele é realmente seu irmão. –Balancei a cabeça freneticamente, negando.

-Não! –Falei. –O pai dele se casou com a minha mãe, e só! Não somos irmãos. –Falei.

-De certa formas são... –Ele passou a mão no rosto. –E você realmente fugiu de casa?

-Não. –Dei os ombros. –Eu sou maior de idade, apenas quis sair e viver minha vida. –Ele sorriu com nervosismo.

-Ah, claro... Belo jeito de viver sua vida. –Ele falou com sarcasmo, respirei fundo e olhei para os lados, me certificando de que ele não estava por perto.

-De onde você o conhece? –Perguntei.

-Ele é amigo de faculdade do Henrique... –Matheus falou sem dar importância. –E porque fugiu de casa? E o mais importante... Porque ficou daquele jeito? –Antes que eu pudesse falar ou fazer algo, vi um grupo saindo da casa e caminhando em nossa direção, era o Henrique, trazia junto a ele Pietro e mais uns cinco meninos.

-Aí, está vendo? Poderíamos ter conversado no carro, mas não! –Falei aborrecida, Matheus olhou pra trás pra ver o motivo da minha revolta.

-Katrina! –Henrique falou, ou melhor, gritou, vindo em nossa direção com uma garrafa de bebida em mãos. –Você veio... –Ele falou enquanto se aproximava de nos. –Com o meu irmão. –Ele encarou Matheus, que retribuiu com um grande empurrão.

EVAWhere stories live. Discover now