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KATRINA

-Igualmente, Eva... –Ele me levou até a porta, mas não antes de um beijo de despedida, digno de final de filme romântico.

Quando entrei no elevador, foi como se eu voltasse a realidade, peguei o dinheiro e olhei para as notas, eu nunca havia ganhado um dinheiro tão rápido e fácil assim...

Era uma sensação estranha, não sabia decifrar se era boa ou não, eu sabia perfeitamente do meu potencial, eu poderia ganhar quanto eu quisesse se jogasse e fizesse certo, mas a que custo eu ganharia esse dinheiro? Favorecendo prazer e dando meu corpo pra qualquer estranho a troco de dinheiro? Que confusão! Eu voltei a me sentir suja... Sim! Precisava de um banho urgente, precisava tirar toda essa sensação de mim.

Assim que o elevador chegou ao térreo, corri pela recepção ignorando completamente as pessoas em minha volta, olhei em volta quando cheguei ao lado de fora e vi o Pedro parado ao lado do carro, corri até lá e abri a porta sem trocar nenhuma palavra ou olhar com ele, entrei e abaixei minha cabeça.

-Aconteceu alguma coisa? –Ele perguntou desconfiado enquanto entrava no carro.

-Tudo. –O encarei com um sorriso triste. –Olha o que eu me tornei, eu sou uma devassa, vendo meu corpo. –Falei com a voz embargada. –Isso é tão errado. –Passei a mão pelo meu rosto e deitei minha cabeça no vidro, olhando pra fora. –Eu sou tão suja... –Murmurei enquanto algumas lagrimas já insistiam em sair.

-Relaxa, Katrina... Tem muita gente pior. –Ele não parecia falso, ele falava com certa sinceridade e pena. –Tem muita gente que é pior, faz pior... Isso acabou se tornando uma conseqüência pra você, e ninguém tem direito de julgar suas escolhas, apenas você tem que aceitar que essa é sua realidade, ou você assume ou sai fora, não dá pra você ficar indecisa, é oito ou oitenta... –Ele deu um sorriso de compreensão e voltou sua atenção para o carro, dando partida no mesmo.

Limpei minhas lagrimas e tentei fazer um resumo mental da minha vida, suas palavras haviam feito impacto.

Ele tinha razão... Isso sou eu... Ou melhor, essa sou eu! E vou ser a melhor que já existiu nesse ramo, vou fazer minha fama e conseguir o que eu quero, e no momento, chorar não me adiantava de nada!

Eu teria que ser forte, por mim, pelo meu bem.

Assim que chegamos, murmurei um “obrigada” ao Pedro e sai sem esperá-lo, adentrei na casa e subi rapidamente, abri a porta do quarto e a luz estava apagada, a única luz que iluminava o ambiente era do abajur ao lado da cama da Joice, mas ela já dormia profundamente, as outras camas estavam vazias, indicando que as meninas ainda não haviam chegado de seus “eventos”.

Tirei o vestido e o coloquei em cima da cama cautelosamente, peguei minha toalha e segui até o banheiro, tranquei a porta e liguei a água, tirei o sutiã que era a única peça que cobria meu corpo, o deixei em cima do lavatório e entrei na água quente, fechei os olhos ao sentir aquela sensação revigorante que só um belo banho quente poderia trazer, peguei a esponja rosa que ficava na prateleira e a enchi de sabão, me levai por completo, e depois lavei meus cabelos, quando desliguei a água, era como se dez quilos meus haviam ido embora junto água que escorria pelo ralo.

Puxei a toalha e envolvi em meu corpo, peguei um pente e penteei meu cabelo rapidamente, quando sai vi que a Camila estava sentada em sua cama, encarando os próprio pés envolta de um mundo que só ela parecia entender.

-Boa noite, Camila. –Sorri brevemente.

-Ah, oi, Katrina... Tudo bem? –Ela levantou. –Como foi?

-Normal. –Dei os ombros. –E o seu?

-Já estou acostumada. –Ela falou e sorriu tristemente. –Logo você nem vai sentir mais nada. –Balancei a cabeça. –Vou tomar banho. –Assenti.

-Vai lá. –Ela entrou no banheiro e seu sentei na minha cama, peguei o pijama que eu havia separado antes de sair e me vesti, peguei o vestido em mãos e sai do quarto, fechando a porta com cuidado, desci as escadas e atravessei o pequeno corredor, indo até a sala que guardávamos as roupas, coloquei o vestido na arara novamente e repeti o processo com as outras coisas que havia pegado, quando fui guardar a bolsa, lembrei do dinheiro que o Eduardo havia me dado, peguei e guardei no cós do meu pequeno short rosa de dormir, sorri ao pensar que aquele foi o dinheiro mais fácil que eu já havia ganhado, e daqui pra frente eu iria ganhar muito mais.

EVAWhere stories live. Discover now