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KATRINA

-Por que acha isso? -Tentei desconversar, mas o que levei em troca foi um solavanco.

-Acha que eu estou brincando? -Ele segurou meu rosto, fazendo com que eu o olhasse. -Se você acha que o Henric é ruim, é porque você ainda não me conhece... Eu sou muito pior do que ele, Katrina! Entendeu? -Balancei a cabeça freneticamente. -Isso tudo aqui vai ser meu, Katrina... Incluindo você, e eu não gosto de dividir minhas coisas. -Assenti outra fez, ele continuou segurando meu rosto por alguns segundos, mas depois finalmente me soltou.

Passei as mãos em meu rosto, rapidamente meus olhos lacrimejaram e eu tive que me conter pra não chorar em sua frente.

-Quando parar com esse seu show, sobe, o Henric que falar com você. -Ele saiu e bateu a porta.

Escorreguei meu corpo pela parede e sentei no chão, abraçando meus joelhos e me entreguei as lágrimas que vieram como uma grande enxurrada.

Não sei por quanto tempo fiquei assim, mas tive que engolir o choro, pois se o Henric viesse me buscar ali... Seria bem pior.

Levantei e enxuguei as lágrimas com as costas da mão, já dava pra ouvir a grande movimentação de pessoas lá fora, minha cara deveria estar inchada, e a pouca maquiagem que cobria meu rosto com certeza já nem parecia estar ali.

Abaixei meu vestido e cobri meu rosto com o cabelo, saindo de cabeça baixa daquele lugar e adentrando aquela grande multidão.

Mas logo fui segurada, me atrevi a olhar pra cima e me surpreendi ao ver o Matheus ali.

-Katrina? -Ele perguntou alarmado. -O que aconteceu? -Olhei para os lados, pra minha sorte Kenedy não estava por perto, me afastei dele.

-Nada! -Falei rapidamente. -Eu tenho que ir... -Me afastei, mas acabei voltando. - E você? O que você está fazendo aqui?

-Quem era aquele? –Ele perguntou desconsiderando minha pergunta. –Seu namorado? –Sem poder evitar, acabei rindo de sua pergunta.

Passei a mão em meus cabelos e revirei os olhos tentando não me jogar no chão em um ataque exagerado de risos.

-Esqueceu o que eu sou? Pessoas como eu não namoram, não tem vida. –Pisquei. –Você mesmo falou isso há alguns minutos atrás, aliás, você não me deixa esquecer isso. –Ele não disse nada, seu olhar mudou, mas eu não sabia descrever o que queriam demonstrar, talvez pena ou até mesmo indiferença, ou uma grande mescla dos dois. –Olha, eu não posso ficar conversando com você, aqui as coisas são diferentes. –Ele sorriu com cinismo.

-Ah é... Esqueci que seu mundo gira em torno de dinheiro, não é possível você conversar com um cara sem que ele te pague, não é mesmo?

–Mesmo com raiva de suas palavras, sorri, sorri conformada com tal atitude, ele não mudaria, cada conversa entre nos dois seria uma maré de ofensas gratuitas a mim, então nem valeria a pena retrucar ou ofendê-lo.

-Realmente, Matheus... –Acenei enquanto em afastava. Abaixei minha cabeça novamente e atravessei o salão me desviando das “mãos bobas” de alguns pervertidos.

Subi a escada em uma lerdeza de dar inveja a qualquer caramujo, já sabia o que me esperava, então não tive pressa alguma.

Assim que cheguei ao corredor, despejei diversas ofensas aos engraçadinhos que se encarregavam da segurança do Henric, e assim que cheguei a porta, bati duas vezes e quando estava prestes a bater a terceira vez, a porta foi aberta pelo Kenedy.

-Entra, Katrina. –Escutei a voz nada acolhedora de Henric.

Assim fiz, adentrei a sala e esperei pelo grande sermão.

–O que eu faço com você, Katrina? –Ele perguntou como quem estivesse cansado. –Eu tento ser bom com você... E olha o que recebo em troca? –Ele ergueu o olhar, me encarando. –Eu não gosto de ter prejuízos, e é isso que você está me causando. –Sua voz se tornou mais dura, olhei para o Kenedy que agia com naturalidade, como se não estivéssemos ali... Babaca! –Qual sua justificativa? –Ele perguntou enquanto circulava a mesa e sentava na mesma, ficando em minha frente.

-Sinceramente? –Dei os ombros. –Não tenho. No entanto... –Falei com naturalidade. –Em minha defesa, Aquele cara nem estava ligando pra minha presença ali, e acho que seria mais cabível que você tivesse mandando um garoto pra ele... Essa sim seria a preferência dele.

Escutei o riso do Kenedy, que fez com que Henric e eu olhássemos pra ele.

EVAWhere stories live. Discover now