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MATHEUS 


Fui ensinado desde muito jovem pelo meu pai que não devíamos confiar em ninguém, que podíamos ser abandonados e traídos pelas pessoas que mais amávamos. Foi o que minha mãe fez. Foi o que a Malinda fez.

No final, sempre aquele mecanismo repetia-se como um castigo no qual eu era o único condenado.

Cresci sozinho e fiz disso uma motivação para crescer e fazer com que outras pessoas precisassem de mim, seja meus funcionários, sócios e até mesmo alguns familiares. Eu gostava de ter o controle de tudo em minhas mãos. Eu não deixaria pessoa alguma entrar novamente em minha vida, sendo assim, eu não seria abandonado novamente. Eu não suportaria outra decepção.

Criei uma ideologia um tanto arcaica de que eu não precisaria de mulher pra suprir coisas além de prazer físico. E posso dizer com orgulho que consegui seguir meus próprios mandamentos por alguns anos... Bom, segui invicto nesse caminho até que por alguma intervenção divina ou qualquer outra suposição, uma garota loira, de um metro e meio e de um personalidade totalmente irritante, entrou em meu caminho em uma noite onde jamais imaginei que seria o início de uma redenção para ambos os lados. Só Deus sabe o quanto relutei para que os tais sentimentos não voltassem em minha vida, eu não queria gostar de outra mulher. Amor? Só de pensar na idéia eu sentia raiva. Aquela palavra nunca me remeteu boas memórias.

Fui contra todos os meus princípios  para ficar ao lado daquela garota que tanto deixava frustrado. Ter sentimentos por uma garota como aquela? Parecia um grande castigo. Foram inúmeras noites em claro, muitos xingamentos durante conversas, muita ira comprimida para no fim aquela velha sensação de insegurança voltasse como um tsunami. Gosta da Katrina? Não! Eu não gostava de uma garota tão vulgar quanto ela. Eu não poderia gostar de uma mulher que levava a vida daquela maneira... Por qual razão os céus me castigariam daquela forma? Ama-la? Só se pensar naquilo sentia uma forte palpitação. Eu definitivamente não poderia nutrir tais sentimentos por pessoa alguma, muito menos por alguém como ela.

No início o dinheiro sempre resolveu tudo. Era fácil controlar tudo... Melhor dizendo, era fácil controlar o Henric. Mas com a Katrina a história era outra, mesmo sem ter vantagem alguma ela blefava e bancava a garota destemida. Ela era frágil e na maioria das vezes tentava agir como um heroína, a coragem dela durava poucos segundos e toda aquela marra dava lugar ao medo. Era notável o pavor que residia em seus olhos.

Fiquei intrigado com tudo aquilo e sempre busquei por mais e mais, e por consequência o afeto meio distorcido foi o primeiro laço que nasceu naquela relação incomum. Eu queria protege-la do que fosse que deixava amedrontada.

E por alguma intervenção de quaisquer que seja a divindade, ou até mesmo obra do destino, Katrina apareceu em minha vida em um momento no qual ambos precisávamos de coisas que só encontrariamos no outro. Era uma relação onde um tentava salvar o outro do inferno particular que fazia parte do passado de cada um. Era algo complexo. Intenso. Inesquecível. Inexplicável.

A vida por alguma razão fez com que a Katrina aparecesse em minha vida e eu definitivamente não deixaria que ela fosse embora.

EVAWhere stories live. Discover now