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KATRINA

Acompanhei Kenedy até um amplo corredor, com varias portas, ele adentrou na terceira e eu o segui, secando as lágrimas com a manga de meu moletom.

-Acho que você pode escolher qualquer cama... –Ele olhou em volta, ainda segurando minha mala.

-Qualquer uma? –Perguntei incerta, pois não queria arranjar briga com ninguém ali.

Olhei em volta do quarto, era muito diferente do que eu estava acostumada, as paredes eram escuras, coloridas em um tom de vinho, não haviam camas individuais ali, apenas beliches e uma cômoda em cada lado esquerdo correspondente a beliche, o quarto só tinha isso, nada em especial, quer dizer, uma TV de plasma presa a parede, deveria ser a única diversão daquela porcaria toda.

Voltei a olhar para Kenedy que me olhava.

-Para de chorar! –Ele praticamente ordenou. –Se ficar mostrando fraqueza aqui já era pra você... –Ele falou. –As coisas são bem diferentes aqui, pode esquecer tudo o que você acha que sabe, as regras são outras aqui, as meninas são outras aqui, tudo é diferente. –Ele olhou em volta. –E não vai ter o Pedro ou até mesmo eu pra ficar de olho em você 24 horas por dia não. –Suspirei pesadamente enquanto olhava para o que seria meu lar em tempo indeterminado.

-Vou ficar com aquela cama ali... –Apontei para uma terceira beliche, ele não disse nada, apenas levou minha mala.

-Vai querer ficar na parte de cima ou o que? –Ele perguntou.

-Na de baixo. –Falei e ele colocou minha cama sobre a cama. Caminhei até ele e sentei na cama. –O que eu vou fazer? –Falei enquanto tocava no travesseiro e o apertava.

-Não sei... Fica aí, vou ver ser o Henric quer que você fique aqui ou vai pra lá. –Abaixei a cabeça e assenti. –Chorar não vai adiantar de nada agora, Katrina. –Ele falou.

-Tudo bem... –Sussurrei.

-Fica na sua, não provoque ninguém! –Ele falou enquanto sentava do meu lado, eu ergui minha cabeça e o encarei. –Eu fico aqui só durante a noite, de dia você vai ter que se virar.

Nesse momento uma garota adentrou no quarto, suas roupas, ou melhor, sua falta de roupa era quase uma ofensa aos meus olhos...

Kenedy a seguiu com os olhos enquanto ela seguia para o que seria a sua cama e colocou algo no travesseiro. Homens!

-Henric está te chamando, Kenedy. –Ela falou enquanto me media de cima a baixo. Ótimo... Outra para o clupe: “Odeio a Katrina”. Kenedy voltou a sua atenção a mim.

-Eu já volto. –Ele falou, eu apenas assenti.

Assistindo-o se afastar, deixando-me sozinha com a garota.

-Já te vi aqui antes... –Ela falou, fazendo com que eu a olhasse. –Sou Mel... –Ela revirou os olhos. –Melina. –Ela falou. –Qual seu nome? –Ela se escorou em uma das beliches e me encarou.

Sua maquiagem era forte, seu corpo era bonito, mas mesmo assim... Ela era bem diferente do que eu estava acostumada a conviver, sua postura era mais desleixada, não era tão cuidada quanto as meninas e eu.

-Katrina, e sim, já estive aqui antes. –Falei.

-Ah... –Ela falou sorrindo consigo mesma. –Você é uma das protegidas. –Ela falou com deboche. –Deixa eu adivinhar... Você aprontou e agora está aqui, certo? –Não a respondi, permaneci calada. –Não quer falar... Melhor mesmo, calada fica ainda mais bonita. –Ela piscou. –Bem vinda a realidade, boneca! –Ela forçou um sorriso e saiu.

Fiz uma careta e abri minha mala, pegando uma blusa mais leve.

Ergui meus braços e retirei meu moletom, mas uma voz fez com que eu o cobrisse rapidamente.

-Katrina? –Uma menina que tinha mais ou menos minha idade adentrou no quarto, seu sorriso era meigo, sua maquiagem era mais leve do que a da outra menina, seus cabelos tinham um cumprimento abaixo dos ombros, mas obviamente era umas meninas daqui, suas roupas nada “convencionais” a denunciavam.

-Oi? –Falei um pouco mais aliviada.
-Kenedy pediu que eu a chamasse... –Ela se aproximou de mim. –E Henric mandou que se arrumasse.

Sorri tristemente, não estava surpresa, Henric queria me ferrar, mostrar que não estava de brincadeira... Queria mostrar que ele mandava.

E claro, ele não aliviaria pra mim.

Assenti e guardei meu moletom na mala, a olhei.

-Sou a Marina... –Ela sorriu e estendeu sua mão, fiz o mesmo a cumprimentando. –Relaxa, a primeira noite pra valer aqui é sempre um filme de terror, mas com o que não nos acostumamos nessa vida? –Assenti enquanto me levantava. –Você precisa trocar de roupa... –Ela falou enquanto me olhava. –Vem! –Ela puxou minha mão e saiu me arrastando.

Ela me levou para outro quarto, não era diferente do outro, mas nesse havia uma arara com “roupas”, que faziam jus ao lugar. –Escolhe algo rápido. –A olhei, e depois olhei para a arara, não era nada convidativo nada ali, sem ter escolha, comecei a vasculhar, mas nada me agradava, era tudo tão vulgar... Depois de quase dez minutos, escolhi um corset preto com detalhes em vermelho, se assemelhava a uma blusa daquelas tomara que caia,e uma saia justa e lisa que mal cobria meu traseiro.

Marina me olhou com uma cara estranha.

-O que foi? –Perguntei enquanto olhava para minha roupa já colocada em meu corpo. –Ficou ruim? –A olhei.

-Não é isso... É que quanto menos roupa, mais dinheiro, sabe? –Ela voltou a me olhar. –E você colocou muita roupa. –Sorri brevemente e voltei a encarar meu reflexo no pequeno espelho que havia ali.

-Dinheiro é ótimo, mas é o que menos me interessa agora. –Falei.

-Então está bem... –Ela falou. –Já está pronta? –A encarei. Pronta? Pronta eu jamais estaria, mas era o que eu precisava fazer, então...

-Sim... Já estou pronta. –Falei.

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