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KATRINA

Matheus apertou o alarme de seu carro e esperou que eu entrasse primeiro, e assim fiz, eu já havia o aborrecido demais por um só dia.

E naquele momento ele era a única pessoa com que eu podia contar e que estava disposto a me ajudar.

-Coloca o cinto! –Matheus falou, assim que embarcou no banco do motorista. Obedeci. –Ele quem fez isso com você? –Perguntou sem me olhar.

-Sim. –Me limitei a responder. Coloquei minhas mochila sobre o meu colo e ajeitei meu cabelo que insistia em cair em meu rosto.

-Por quê? –Ele perguntou ainda sem me olhar.

-O que você acha? –Falei. –Quis sair, obviamente, ele não gostou nem um pouco da idéia. –Sorri tristemente, abaixando as mangas do moletom, “cobrindo”, as marcas.

-Está doendo? –Ele perguntou.

-Não. –Falei.

E não estava mesmo, só sentia um leve incomodo quando alguma força era imposta sobre as marcas, caso contrario, a única coisa que doía ali, era meu orgulho.

–Eu iria voltar pra casa da Sophia... –Falei. –Só vim buscar minhas coisas. Kenedy foi rápido e apareceu de surpresa. –Finalmente Matheus me olhou, não demonstrava reação, era impossível decifrá-lo.

-Você não fez o que eu pedi. –Ele falou. –Custava obedecer pelo menos uma vez, Katrina? –Ele perguntou, não estava irritado, parecia estar contrario e frustrado com seu pedido não obedecido. –Me responde! –Ele falou um pouco mais alto.

-Eu errei! –Falei. –Já admiti isso, que coisa! –Bufei. –O que quer que diga? O que quer eu peça? Que droga, Matheus! –Ele ficou em silêncio. –Desculpas? Perdão? É isso? Não sei se está claro, mas eu aprendi essa lição da maneira mais difícil. Pode me amolar o quanto quiser, mas deixa isso pra amanhã, por favor! Estou cansada demais pra isso. Já estou me culpando de uma forma violenta aqui dentro, e não ajuda em nada você falar o quanto fui burra. Tudo bem? Ótimo. –Desabafei jogando a mochila em meus pés, deitando minha cabeça no vidro e encarando tudo, menos ele.

Matheus não disse nada, mas eu sabia que me observava.

Depois de alguns segundos, ele finalmente deu partida, e só então, quando ele saiu daquele condomínio eu pude enfim respirar aliviada.
Durante todo o trajeto, fomos em silêncio.

Quando chegamos em sua casa, peguei minha mochila e desembarcamos do carro.

Matheus foi na frente, e eu o segui, foi então, que quando a luz de sua sala iluminou claramente o seu rosto, pude ver alguns hematomas em seu rosto. Seu lábio inferior estava com um pequeno corte, e abaixo da sua sobrancelha, tinha um pequeno machucado.

-O que houve? –Parei em sua frente, e sem puder evitar, coloquei minha mão sobre seu rosto. Matheus ficou imóvel. Pareceu sair de seu corpo por alguns instantes.

Ele então, colocou sua mão sobre a minha e permaneceu assim por alguns segundos, enquanto me encarava de maneira fixa.

–Quem fez isso? –Insisti.

Matheus então parecendo retornar a si, tirou minha mão de seu rosto, e afastou-se de mim alguns centímetros, balançou a cabeça tentando afastar algum pensamento.

-Não foi nada. –Ele falou, colocando seu celular na mesa de centro. –Ele ficou bem pior. –Falou, se “gabando”, com um sorriso torto no canto dos lábios. –Isso eu posso te garantir. –Homens! Sempre se vangloriam de algo assim.

-E quem foi essa pessoa que ficou bem pior? –Perguntei com um sorrisinho debochado.

-Pietro. –Ele falou. Fazendo com meu sorriso sumisse.

-Pietro? –Repeti. Matheus balançou a cabeça e me encarou de maneira seria.

-Eu disse que cuidaria disso. –Ele falou. –Ele nunca mais vai fazer nada contra você.

-E como você tem tanta certeza disso? –Perguntei agoniada.

-Porquê eu prometi a você. Não foi? –Ele ainda me olhava. –Ninguém vai te machucar a partir de hoje. –Ele falou seguro de suas palavras.

-E como pode afirmar isso com tanta certeza, Matheus?

-Pois eu não vou permitir. –Ele falou, fazendo com que todas as estruturas do meu corpo ficassem abaladas. –De hoje em diante, eu vou estar aqui. Eu vou proteger você. –Ele desviou o olhar. –Eu vou cumprir o que prometi.

EVAWhere stories live. Discover now