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KATRINA

Olhei pra Matheus e vi que ele me encarava, sua acompanhante parecia estar muito interessada no leilão para notar algo.

-Para! -Murmurei enquanto fazia uma careta pra mostrar meu desconforto, ele apenas sorriu torto e continuou me encarando.

Respirei fundo e virei, ficando de costas pra ele.

Fiquei por um tempo assim, prestando atenção ou pelo menos tentando prestar atenção em algo, mas aquilo era mais chato do que aula de matemática ou culto aos domingos.

Virei e vi que Matheus não estava tão entediado quanto eu, o infeliz estava se divertindo ao seu modo, trocava carícias com a mulher sem se importar com quem os olhasse, mãos bobas pra cá, mãos bobas pra lá...

Mas parecia que ninguém ali notava, claro, exceto eu.

Olhei pra aquela cena enojada, ele não a beijava diretamente na boca, mas a tocava e acariciava seu rosto, seus cabelos e beijava seu pescoço.

Mas foi a gota d'água quando ele reparou que eu assistia tudo e acenou pra mim, sorrindo de maneira cínica e com aquele olhar que eu tanto amav...

Não e não!

Eu odiava absolutamente tudo nele, tudo mesmo.

Que se dane esse leilão e que se dane esse cara que me parece mais gostar de outra coisa.

E que se dane o Matheus e essa mulherzinha siliconada.

Levantei e agarrei minha bolsa, não me importando com os olhares das pessoas, mantive minha cabeça erguida e meu foco.

Fui até onde seriam os sanitários, entrei e liguei a água de uma das torneiras, molhei minhas mãos e a passei pela minha nuca e depois lavei meu rosto, não me importando se aquilo tiraria minha maquiagem ou não.

Assim que ergui minha cabeça, e abri meus olhos, vi Matheus escorado em uma das pilastras, ele estava de braços cruzados o que fazia com que seu terno marcasse seu corpo, deixando quase evidente seu porte físico perfeito, seu sorriso misterioso que jamais conseguiram desvendar e sua barba sutilmente por fazer...

O desgraçado sabia o efeito que tinha sobre mim, e eu odiava ter essa desvantagem, ele me olhava e eu a ele através do reflexo do espelho.

-Errou de banheiro! -Falei irritada enquanto secava meu rosto em uma das toalhas que existiam ali. -Ou não...

-O que você insinua? -Ele caminhou e veio até mim, parando a poucos centímetros de distância. -Acho que você sabe muito bem o que eu prefiro... Já não posso dizer o mesmo daquele cara que ficou a noite inteira sem se dar conta da mulher que ele possuía. -Ele piscou e eu desviei o olhar.

-Não me importo com isso, vou receber do mesmo jeito... É até mais viável pra mim que ele não me toque. -Falei e coloquei a toalha no lugar após secar minhas mãos. -E você? O que faz aqui? Cadê a mulher que estava com você? Acho que ela não vai ficar nada feliz em saber que você veio atrás de mim... -Falei e virei, o encarando.

Ele nada falou, apenas deu meia volta indo em direção a porta, pensei que ele fosse sair, no entanto não foi isso que ele fez.

Ele segurou a maçaneta e a virou, a trancando, a essa altura meu coração estava mais do que acelerado, eu tentei conter meu nervosismo.

-O que pensa que está faz-fazendo? -Gaguejei e com isso recebi um sorriso como resposta.

Droga!

Mil vezes droga!

Por que ele me deixava boba dessa maneira? Eu o odiava, isso eu tinha certeza, ou quase...

-Shiu! -Ele falou enquanto se aproximava de mim e prensava meu corpo contra a cerâmica fria da pia, prendi a respiração quando sua mão tocou meu ombro ainda coberto pelo vestido. -Você sabe o que tem que fazer, não é? -Ele me encarava de uma forma tão intensa.

-Eu não vou perdir nada a você... -Sussurrei enquanto o encarava de volta.

Ele não disse nada, apenas levou suas mãos até a parte de trás de meu vestido seus pairando seus dedos em minhas costas nuas, um arrepio percorreu meu corpo instantaneamente, ouvi seu riso, seus dedos hábeis encontraram o zíper metálico da minha única peça e o segurou, o descendo lentamente de maneira quase tortuosa, e quando terminou recolheu sua mão, deixando-me com uma interrogação quase evidente desenhada em minha testa.

Ele queria que eu me ver implorando...

Implorando por ele, por seu toque...

Por sua intenção. Mas eu não faria!

Não me humilharia de tal forma, não mesmo!

Pois eu conhecia muito bem o tipo do Matheus, assim que eu fizesse o que ele queria, admitisse o quanto o quero, ele iria se afastar, deixando-me ali, na vontade.

EVAWhere stories live. Discover now