127

1.5K 132 9
                                    

KATRINA

Parte dos meus pensamentos estavam nessa novidade, mas a outra parte estavam presos ao Matheus. Fui injusta com ele de uma maneira descomunal. Com certeza ele não iria querer ver minha cara nunca mais. Aquilo me dava certa angustia, eu teria que fazer minha vida para depois pensar em ter uma vida novamente com ele, quer dizer... Quem sabe depois que ele me reencontrasse em um novo rumo, ou melhor dizendo, reencontrasse uma nova Katrina, quem sabe assim ele não me perdoasse e me aceitasse de volta? Pensamento positivo, Katrina!

Sai do meu devaneio quando vi que Pedro parou o carro, olhei para o lado e vi o placar em neon da boate, tinha alguns homens do lado de fora, nada tinha mudado.

-Vou entrar, volto daqui a pouco. –Pedro falou tirando seu cinto. –Relaxa aí. –Ele sorriu e abriu a porta do carro, saindo em seguida, antes de enfim entrar, curvou-se e voltou a falar comigo. –Aproveita e descansa um pouco, você deve estar tão cansada quanto eu e... –Pedro não conseguiu terminar sua frase.

-Pedro! –A voz do Kenedy fez com que cada sentido do meu corpo congelasse. Meu coração acelerou e foi como um momento de cegueira. Prendi a respiração e olhei alarmada para Pedro, que fechou a porta de seu carro rapidamente. –O que você esta fazendo aí? –Kenedy perguntou ao se aproximar do até então “amigo”.

-Procurando meu celular. –Pedro falou fingindo indiferença.

-Achou? –Kenedy perguntou.

Agradeci mentalmente aos céus por conta do vidro escuro que selava o carro do Pedro. Kenedy estava parado tão perto de mim e nem fazia idéia, mas mesmo assim ele conseguia me causar arrepios em cada parte do meu carpo. Seu cabelo estava um pouco maior, mas continuava com sua postura dura de sempre, seu moletom preto e seu jeans escuros, sua feição um pouco mais relaxada por conta da conversa com seu amigo.

-Achei. –Pedro falou. –Vamos entrar, preciso te contar um problema com uma das meninas. –Pedro colocou as mãos nas costas do amigo e o guiou até a entrada da boate. E quando entraram, pude enfim respirar aliviada, inclinei meu corpo para frente e travei as portas.
Se Kenedy se quer desconfiasse da minha presença ali, com certeza me arrancaria do carro de maneira descontrolada.

-Foi por pouco. –Pedro falou entrando no carro minutos depois.

-Pouco demais. –Falei e suspirei.

Pedro dirigiu até o tal prédio, era próximo ao centro da cidade, aquela rua era forrada de condomínios. Paramos na frente de um: “Condomínio Muller”. Desci com Pedro e antes que pudéssemos entrar, o telefone de Pedro tocou.

-Droga... –Ele murmurou antes de enfim atender. Trocou algumas palavras, chegou até a discutir, e logo desligou seu celular, voltando a sua atenção á mim. –Katrina, preciso voltar... –Ele passou a mão na nuca. –Pode subir só a Gabi está aí... Já mandei uma mensagem avisando que estávamos vindo pra cá, ela deve estar esperando.

-Pedro, será que é uma boa idéia? –Falei com certo receio.

-Claro que é. –Ele sorriu talvez na expectativa de me encorajar. –Amanhã assim que eu tiver um tempo, volto aqui e vejo como você se instalou. –Ele entregou a minha mochila que estava em sua mão. –Boa sorte, Katrina! –Pedro falou. –Olha... –Ele mexeu em seu bolso e me entregou o que parecia ser algumas notas de dinheiro.

-Não precisa... –Falei.

-Claro que precisa. –Pedro pegou minha mão e colocou o dinheiro nela. –Além disso, considere como um empréstimo, quando você se ajeitar... –Ele deu os ombros. –Você me paga. Simples assim. –Ele sorriu. –Agora eu preciso ir. –Pedro me abraçou de maneira breve e logo entrou em seu carro, dando partida e sumindo na rua pouco movimentada por conta do horário.

Coloquei a mochila em minhas costas e virei em direção ao edifício, passei pela portaria e falei meu nome, ele interfonou para alguém e logo me deu passagem, assim que entrei, vi uma loira sentada em uma daquelas poltronas que ficam no saguão, ela mexia distraidamente no celular, quando fechei a porta de vidro que dava acesso ao edifício ela olhou para os lados a procura do barulho, e quando me viu, levantou rapidamente e veio até mim, ela vestia um pijama até meio infantil para idade dela, cheio que ursos, e sem querer, acabei rindo dessa visão.

-Katrina? –Ela perguntou.

-Sim, sou eu. –Falei enquanto sorria. Ela também sorriu e antes que eu pudesse dizer algo, ela me abraçou de maneira afetuosa, daqueles abraços que só oferecemos para pessoas que temos certo tipo de afeto. No primeiro instante, fiquei imóvel enquanto aquela estranha me abraçava de maneira apertada, mas em segundos, por algum motivo que naquele momento eu não conseguiria explicar, aceitei aquele abraço e o correspondi.

-Sou a Gabriela. –Ela disse assim que nos desvencilhamos. –Ou Gabi. –Ela deu os ombros enquanto sorria. –Como você preferir.

-É bom te conhecer, Gabriela. –Falei e ela sorriu.

-Vem, vamos subir. –Ela disse enquanto caminhava ate o elevador. –A Thayna está louca pra saber quem vai fazer parte do nosso grupinho. –Ela falou e eu sorri brevemente. –Espera! –Ela parou, fazendo com que eu parasse também, ela olhou pra trás e eu imitei seu gesto. –Onde o Pedro está? Ele não veio com você? –Ela perguntou olhando para os lados.

-Ele teve que voltar, precisavam dele. –Falei meio sem jeito. –Ele disse que mais tarde voltaria... Tem algum problema? –Perguntei receosa, ela sorriu e balançou a cabeça.

-Claro que não... –Ela falou. –Só queria vê-lo, faz tanto tempo que ela não aparece aqui. Pedro some muito. –Ela explicou. Pelo sem tom de voz, pela maneira de falar sobre o Pedro... Ai tinha! Com certeza ela nutria algum sentimento por ele. –Então vamos subir. –Embarcamos no elevador, ela apertou o botão de número “3”. –Você deu muita sorte! Éramos em quatro, mas a cerca de dois meses, a Sarah foi morar com o namorado dela, aí ficamos em três: A Thayna, a Letícia e eu, ago... –Antes que ela pudesse falar algo, a porta do elevador abriu e ela me arrastou até o corredor, passando pelas duas primeiras portas, parando na terceira. –É aqui. –Ela falou enquanto abria a porta. –Thayna! –Ela chamou pela amiga enquanto fechava a porta. –Tira a mochila, deve estar pesada. –Gabriela disse enquanto sentava em uma poltrona roxa. Nesse momento, outra garota saiu de uma das duas portas que tinha na sala, ela segurava um secador.

-Oi, Gabi... Essa é a Ka... –“Thayna” ia falando, mas Gabi, que parecia ser bem tagarela tomou sua frente e terminou a frase da amiga.

-Sim, a Katrina. –Ela falou.

-Ah... –A menina sorriu amigavelmente. –Seja bem vinda, Katrina. Sou a Thayna.

-Oi. –Falei meio envergonhada.

-Você deve estar cansada, não é? –Thayna perguntou. “mentalmente e fisicamente”, pensei, mas acabei sorrindo e balançando a cabeça.

-Um pouco. –Falei.

-Então vem, vou te mostrar onde você vai dormir e amanha conversamos, caso contrário, se você permitir, a Gabi vai virar a noite te enchendo de perguntas. –Ela falou e olhou para a amiga, que em resposta mostrou o dedo.

EVAWhere stories live. Discover now