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KATRINA

Marina sorriu, e virou, saindo do quarto e fazendo sinal para que eu a seguisse, assim fiz, a segui pelo corredor até um pequeno lance de degraus, contei cinco.

Havia uma grande circulação de pessoas ali, quer dizer, de garotas, todas pareciam exaustas, maquiagens borradas, descabeladas... Aquilo era deprimente.

A cada passo que eu dava, aquele projeto de saia subia, revelando mais do que deveria, eu tentava a todo custo abaixá-la, mas de pouco adiantava.

-Melhora essa cara, ou ninguém vai te querer... –Marina me aconselhou, suspirei pesadamente.

-Deus te ouça. –Falei e ela balançou a cabeça.

Marina empurrou a porta que separava os “dormitórios” da boate, ela passou para o outro lado e eu fiz o mesmo, fechando a porta atrás de mim, Marina olhou em volta, provavelmente procurando pra onde ir, e parece que algo chamou sua atenção, pois ela sorriu brandamente.

-Katrina... –Ela virou, encarando-me. –Já achei meu trabalho, boa sorte em achar o seu, não vai ser difícil, mas pensa no que eu te falei, ok? –Ela ofereceu um sorriso e acenou, se afastando e indo até uma mesa cheia de homens.

Aquele ambiente me enojava, a fumaça era tóxica pra mim, era como se eu estivesse me afagando com varias pessoas em volta, mas ninguém mexia um músculo para me amparar.

Olhei pra cima tentando segurar as lágrimas, não me arrependia de ter dito aquelas palavras ao Matheus, era tão injusto aquilo...

Cruzei os braços enquanto meus olhos passeavam pela boate, meninas passeavam com bebidas nas mãos, outras estavam sentadas no colo de uns caras, ou os beijavam de maneira pra lá de pervertida, e uma coisa era comum entre elas, o “sorriso”, mas estava claro, nenhuma estava feliz em estar ali.

-Droga... –Murmurei com a voz embargada ao ver que me olhavam, a coisa que eu menos queria naquele momento era um estranho beijando meu pescoço e tocando meu corpo.

Minha cara não era nada convidativa, minhas caras e bocas não espantavam os sorrisos maliciosos daqueles caras, era evidente que em alguma hora, um se cansaria e viria até mim.

Procurei Kenedy com o olhar, e não o encontrei. Passei a mão pelo rosto e encarei o chão.

Eu definitivamente não iria atrás de ninguém, ele podia me prender ali, mas o daria muito prejuízo, pois faria tudo com má vontade.

Consegui ficar despercebida ali por uns cinco minutos, mas logo senti um perfume forte, ergui meu olhar e para o meu desprazer havia um homem ali, parecia ter seus trinta anos, não era feio, mas também não era nenhum Paul Walker da vida, segurava uma garrafa verde na mão esquerda e sorria pra mim, não retribui sua “gentileza”, fiquei apenas quieta, o encarando.

-Boa noite! –Ele falou ao ver que eu não falaria nada. –É nova aqui, não é? –Ele perguntou enquanto seus olhos percorriam meu corpo.

-Pode-se dizer sim. –Falei de maneira dura.

-Pelo visto não está feliz... –Ele falou se aproximando de mim. O olhei e forcei um sorriso.

-Impressão sua. –Falei.

Olhei em volta e as outras opções chegavam a me assustar, tinham homens tão velhos que pareciam ter fugido do asilo para vir aqui, outros pareciam ter fugido do ensino médio... Voltei a encarar para o homem que ainda me olhava com malicia. –Qual seu nome? –Perguntei, ele sorriu.

-Marcelo. –Ele falou. –E seu nome, princesa? –Olhei para o lados, e por fim tentei sorrir.

-Eva. –Falei.

Ele voltou a se aproximar, e logo suas mãos tocaram meu braço, eu me afastei.

–Então, Marcelo... Me paga uma bebida? –Falei o olhando, ele sorriu e acenou.

-Com certeza. –Sorri brevemente e passei em sua frente, atravessando as mesas e indo até o bar, tinham poucos bancos vagos ali, então sentei-me em um deles e me debrucei sobre o balcão.

Logo um barman totalmente tatuado apareceu segurando uma garrafa em uma das mãos.

-Qual vai ser? –Ele perguntou.

-A bebida mais forte que você tiver. –Falei rapidamente, ele deu um sorriso cúmplice e saiu.

Não demorou muito pra ele aparecer com um copo de vidro longo, a bebida tinha uma cor esverdeada, aproximei meu nariz da borda do copo e era como cheirar gasolina misturada com acetona.

Encarar aquela noite séria difícil, e eu não estava nada afim disso, então precisava estar no mínimo meio "fora de mim", se embebedar era a melhor opção.

-Saúde... –Falei para o barman, que me encarava pra ver se eu realmente tomaria aquilo.

Prendi a respiração e levei o copo até a boca, virei o mesmo e beber aquilo era copo virar uma garrafinha de álcool, desceu queimando, foi uma sensação horrível, era como se aquilo queimasse cada órgão do meu corpo, fechei os olhos e esperei que aquela sensação passasse.

-Outra! -Falei, ele apenas riu e foi fazer mais uma.

EVAWhere stories live. Discover now