EVA

082

KATRINA

-Oi, Katrina. -Ele falou.

Matheus estava com a aparência mais relaxada, nem parecia o cara que ofendi na última vez que nos encontramos.

Sua barba estava por fazer, seu cabelo levemente emaranhado, usava uma camisa xadrez e uma calça jeans, sua feição transbordava inquietação.

-O que você está fazendo aqui? -Perguntei enquanto olhava pra dentro de casa, não acabaria nada bem se Kenedy aparecesse naquele momento.

-Eu tentei ligar para o Henric, mas ele não atende, na realidade o número dele nem chama, e eu tentei encontra-lo, mas parece que ninguém sabe pra onde ele foi... -Virei meu corpo e o encarei.

-Vai embora, Matheus. -Sussurrei enquanto encostava a porta atrás de mim. Mas obviamente ele não me obedeceu.

-Machucou o rosto? -Ele perguntou enquanto se aproximava de mim, derrubei a franja e a distribuí pelo meu rosto, na tentativa de "esconder".

-Não! -Falei rapidamente, dei alguns passos para trás e olhei novamente para dentro. -Vai embora! -Insisti.

-Porque tenho que ir embora? -Ele perguntou irritado. -Eu vim procurar o Henric, ele tem assuntos para resolver e satisfações para dar.

Balancei os braços, agora quem estava inquieta era eu, o medo de Kenedy aparecer ali fazia com que uma frio crescesse dentro de mim, ele nunca gostou do Matheus.

Matheus não era um poço de educação, na realidade os dois eram gasolina e brasa, não se misturavam e qualquer faísca daria uma grande explosão!

-Matheus... -Murmurei exasperada.

-Foi ele quem fez isso com você? -Ele perguntou incomodado.

-Não é da sua conta! -Falei abruptamente. -Henric não está, não sei onde ele está e nem quando volta. -Falei enquanto empurrava a porta e adentrava novamente. -Desculpa não poder ajudá-lo, até mais, tchau! Vai embora agora!

Foi só o tempo de fechar a porta, para que ele tocasse a campainha novamente.

-Droga, Matheus... -Murmurei aflita

Antes que eu pudesse abrir a porta, Kenedy apareceu do meu lado vestindo apenas sua calça e com a toalha em mãos.

-Quem é? -Ele perguntou.

-Não sei... -Falei fingindo indiferença.

-E porque não abre a porta pra saber quem é? -Ele perguntou aborrecido, empurrando meu corpo para trás enquanto abria a porta.

-Kenedy! -Falei tentando chamar sua atenção, mas foi em vão, lá estava Matheus diante de nós com toda sua prepotência, mas sua pose "que se dane" se desfez assim que viu Kenedy em sua frente, minha cara de assustada era simplesmente patética.

-Não sabe quem é, não é mesmo? -Kenedy falou olhando pra mim, mostrando seu "desapontamento" pela minha mentira, abaixei a cabeça.

-Depois me resolvo com você, Katrina. -Ele cochichou, em seguida voltou a sua atenção ao Matheus que até o momento não havia falado nada. -O que você está fazendo aqui? -Kenedy perguntou sua educação enexistente.

Matheus sorriu com desdém, e olhou de cima a baixo.

-Vim falar com seu chefe. -Matheus falou, Kenedy riu mesmo sem ter graça alguma... Poxa, aquilo não acabaria bem.

Fiquei assistindo a cena em segundo plano, rezando para que Pedro aparecesse, pois se eles resolvessem brigar, jamais que eu conseguia apartar tal coisa.

-E o que seria? -Kenedy cruzou os braços e fingiu interesse, mas era claro o seu pouco caso.

-Quero falar com seu chefe, não com o empregadinho dele. -Matheus falou de maneira dura, Kenedy então deu alguns passos em direção do Matheus, o segui e puxei seu braço em vão.

-Kenedy, não... -Murmurei tentando contê-lo.