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KATRINA

-Não venha descontar suas frustrações em mim! –Falei irritada. –Não tenho culpa por sua vida não ser do jeito que você esperava, não tenho culpa pelo homem amargo que você é. –Matheus parou o carro no acostamento de uma rua pouco movimentada e depois encarou-me, sua raiva era notável, eu podia ver o quanto seu corpo ficou tenso com minhas palavras.

Se eu me arrependo do que disse?

Definitivamente que não!

Desde quando falar a verdade é crime?

-O quê? –Ele perguntou depois de um longo silêncio, talvez estivesse tentando controlar a vontade de me esgoelar por conta do meu grande “atrevimento”.

-Você ouviu. –Ele me encarava, eu o encarava.

Estava diante de um titã, no qual não tinha chances sequer de contradizer.

-E quem você acha que é pra falar isso? –Ele falou com a voz carregada de sarcasmo e ira. –Olha pra você, Katrina... –Ele apontou pra você. –Você é o que? Maria Madalena? –Ele balançou a cabeça.

-Matheus, para... –Pedi irritada.

-Quer falar e não quer ouvir? –Ele sorriu. –Quem fala o que quer, escuta o que não quer... –Fechei meus olhos e tentei conter meus extintos, as opções eram chorar ou acertar um murro em seu nariz.

-Você é tão infeliz, Matheus... Que até sendo eu, tenho pena de você! Você é um frustrado, um coitado que só parece ficar bem, fazendo com que eu fique mal... Mas o grande coitadinho aqui, não sou eu, é você! Um homem que precisa pagar pra dormir com mulheres porque não é homem o suficiente para segurar uma... Viver cercado de mulheres interessadas é ruim, não é? –Falei. –É triste não ter sequer uma pessoa que te ame de verdade? Aposto que sim! Pois você espanta qualquer pessoa... –Revirei os olhos. –Eu-eu... Olha, eu não sou obrigada a aturar isso, prefiro encarar o Henric, Kenedy ou até mesmo o Pietro do que ficar mais um segundo olhando pra essa sua cara. –Pousei uma mão sob meu peito. –Não sou uma maquina se sexo que você coloca dinheiro e brinca por uma hora, antes de tudo isso, eu sou mulher! Mereço respeito, não precisa agir de maneira carinhosa comigo ou coisa do tipo, mas respeito eu exijo... –Respirei fundo e passei a mão pela minha face. –Não sei porque perco meu tempo aqui conversando com você. Você é um caso perdido! –Abri a porta do carro e saltei, deixando-o sozinho ali, com os fantasmas das minhas palavras. –Agora eu falo sério: Não me procure mais! –Rosnei e bati a porta do carro com força.

Suspirei, ao sentir como se dez mil toneladas tivessem sido retiradas de minhas costas.

Comecei a caminhar até um ponto de taxi que havíamos passado, o carro do Matheus já não estava mais em meu campo de vista.

Já estava escurecendo, então a melhor opção voltar pra casa, Matheus possuía o dom de acabar com meu dia.

Cheguei em casa minutos depois, apenas Pedro e Camila estavam em casa, pareciam surpresos por minha presença ali, mas eu não me justifiquei, apenas subi e tirei a roupa que vestia, colocando um short preto e uma camisa larga, prendi meu cabelo e tornei a descer, me juntando ao casal na sala.

-Aconteceu algo? –Pedro perguntou desconfiado.

-Não... –Dei os ombros e fingi naturalidade.

Camila estava sentada e Pedro estava com a cabeça em seu colo, enquanto ela acariciava seu cabelo, era até confortante ver um casal no meio daquela sujeira toda... Era claro, Pedro nunca iria dar um anel de compromisso pra ela, ou coisa do tipo, mas ele era presente, cuidava dela, gostava dela.

–Vamos pedir pizza? –Perguntei cortando o grande silêncio, ambos me olharam.

-Pode ser. –Camila disse.

-É uma boa... –Pedro falou e levantou-se. –Vou pedir três, as meninas provavelmente vão querer e o Kenedy também. –Assenti.

-Tudo bem. –Falei, Pedro pegou seu celular e Camila e eu corremos para sua direção, ficamos o irritando enquanto escolhíamos os sabores, Pedro estava prestes a jogar o celular em nossa direção, depois de longos dez minutos, ele conseguiu finalizar a ligação.

-Caramba! –Ele falou irritado. –Vocês são um porre! –Camila e eu riamos de sua irritação.

Era quase 22:30hrs, quando Camila e Pedro saíram pra buscar a pizza na portaria que ficava no fim da nossa rua.

Sentei na bancada e deitei minha cabeça na mesma, esperando os dois voltarem.

Escutei as vozes deles, e das meninas, ergui minha cabeça rapidamente e olhei na direção da porta. As meninas entraram, seguidas do Pedro e para meu total desprazer... Kenedy e Henric.

Virei meu corpo, já esperando o baque que estava por vir.

Kenedy olhou-me e não esboçou reação alguma, parecia estar tão incomodado quanto eu. Pedro deixou as pizzas sob a bancada e olhou para o Henric.

-Vai querer? –Pedro ofereceu para o Henric, que balançou a cabeça negativamente enquanto me encarava de forma até assustadora.

-Arruma as suas coisas, Katrina. –Ele falou. Franzi o cenho e olhei para o Kenedy.

-Como assim? –Perguntei. –Está me expulsando? –Ele sorriu e balançou a cabeça.

-Jamais, Katrina... Vou te ensinar a me obedecer. –Ele falou de maneira fria.

-Então porque eu tenho que arrumar minhas coisas? –Perguntei, todos prestavam atenção na conversam, mas ninguem ousava falar sequer uma palavra.

-EU SOU MUITO BOM COM VOCÊ, KATRINA... TE DEIXO AQUI, NO CONFORTO, ASSUMO UM CONTRATO COM UM CLIENTE QUE PAGOU MUITO CARO POR VOCÊ... E VOCÊ ME FAZ PARECER UM IDIOTA NA FRENTE DELE? –Ele gritou, fazendo com que eu me assustasse. –Eu dei minha palavra pra ele, e você me deixou igual um moleque na frente dele! A coisa mais honrada é a palavra, e você fez com que eu quebrasse. –Permaneci quieta. –ANDA LOGO! –Ele gritou novamente. –Você não quer ficar bem aqui, vai ficar lá na boate! –Continuei sentada ali, olhando pra ele.

-Não vou pra lugar nenhum. –Falei.

-Você gosta de me desafiar, não é? –Ele esbravejou e veio na minha direção, segurando com força o meu braço.

EVAWhere stories live. Discover now