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KATRINA

-E mesmo assim você ainda está aqui? -Valentina perguntou abismada.

-Eu não tenho pra onde ir. -Falei.

-Você é uma tola! -Camila falou irritada. -Não sabe o que passamos, deve ter fugido depois de uma discussão com os pais, e posso até imaginar que o motivo deve ter sido pra lá de fútil!

Senti meu rosto queimar.

Quem era ela pra fazer suposições sobre a minha vida?

Ela não me conhecia, não sabia nada sobre mim.

-Não fale do que não sabe ou entende. -Falei tentando ficar calma. -Julgar sem conhecer pode ser um erro.

-Ela está certa, Camila! Cada qual com seu caos. -Camila se calou, evidentemente irritada.

-Você vai ficar? -Valentina perguntou.

Mas eram o que todos ali queriam saber, mas ninguém teve a coragem de perguntar.

-Eu não sei... -Dei os ombros. -Eu já não sei de mais nada, é tão frustrante não ter o controle da própria vida... -Falei tentando conter o choro. -Eu não tenho a quem recorrer.

-Por que não volta pra casa? -Valentina perguntou.

-É complicado. -Falei.

-Se eu fosse você, daria no pé antes que fosse tarde... -Camila insistiu.

-Isso aconteceria de qualquer jeito, vocês ainda não entenderam? -Pedro falou. -Se ela ficasse na rua iria precisar de dinheiro, e como faria pra conseguir? -Ele me olhou. -Olhem pra ela, é uma garota jovem, bonita... Logo iria recorrer a esse caminho mesmo, o caminho da prostituição. O que seria muito pior pra ela, pois não teria segurança nenhuma, iria cobrar uma ninharia pelo programa, ficaria nessas bocas de porcos, não teria nada fixo, e nem mesmo um teto. -Ele falou com frieza.

-O que quer dizer, Pedro? -Joice perguntou tirando as palavras de minha boca.

-Quero dizer que o Henric fez um enorme favor pra ela a trazendo pra cá, e tenho que dizer que foi até bondoso... -Ele falou e as meninas riram com desdém.

-Bondoso? -Valentina perguntou abismada. -O único beneficiado aqui é ele! Ele só repassa 22% do dinheiro pra gente, e fica com o resto todo pra ele, isso é bondade? Só se for no seu mundinho de playboy.

-Reclame com ele então. -Ele falou com deboche. -A questão aqui é simples... Se ele é tão ruim assim como vocês falam, porque ele já não à levou de vez para a boate? Ele iria ganhar uma grana pesada com ela. -Ele falou enquanto cruzava os braços e me encarava.

-Pesada? -Joice perguntou. -As meninas lá chegam a fazer programas por oitenta reais!

-E elas são ridículas! -Camila acrescentou recebendo um olhar de reprovação da Valentina.

-Acorda, Pedro! -Valentina bateu palmas. -A resposta está na sua cara. -Ela apontou pra mim. -Ela tem cara de menor de idade, loirinha, corpo avantajado, é bonita... E é carne nova! Os velhos ricos vão cair matando em cima dela, vão pagar quanto o Henric pedir... Ele viu vantagem nela, e quis se garantir.

-Exatamente. -Joice finalizou.

-Ainda acho que não é uma boa ideia... Olha, não é nada pessoal. -Camila disse me encarando. -Você deveria voltar pra casa e...

-Eu não posso voltar! -Alterei a voz.

- Por que? -Ela fez pouco caso e cruzou os braços.

-Meninas relaxem... -Valentina falou.

-Não, Tina! Deve ser um motivo banal... -Camila me olhou e sorriu cínica. -O que foi? O papai cortou a mesada? -Eu fingiu voz de criança. -Ou ele não deu o cartão de crédito pra você um sapato de dois mil reais, hein? Qual desses motivos terríveis fizeram você sair de casa? -Ela me encarava com deboche.

-O que você tem contra mim? Eu acabei de chegar aqui. -Perguntei. -Eu nunca tive nada disso do que você pensa, nunca me faltou nada, mas também nunca tive essas mordomias que você está pensando.

Seu sorriso sumiu.

EVAWhere stories live. Discover now