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KATRINA

-Foi um surto... Perdão, Henric. - Ele riu com desdém e levantou-se.

-Eu não vou perder tempo, nem queimar neurônios resolvendo essas besteiras de vocês... Ao invés disso, vou falar uma solução que irá sanar todos os envolvidos. -Ele olhou pra mim. -Amanhã, Katrina... Kenedy ou Pedro irá te acompanhar no shopping pra que faça novas compras. -Ele olhou pra Joice. -E claro, tudo isso será um presente da sua amiga aqui, a Joice, que vai te reembolsar tudo o que você perdeu. -A feição de Joice era como um troféu, sua cara foi ao chão, claro, ela esperava tudo, menos esse "veredito" vindo de Henric. -Esse acordo está bom pra você, Katrina? -Ele olhou-me impaciente.

Assenti e sorri vitoriosa, foi como se eu tivesse ganho um troféu.

-Está perfeito! -Falei.

-Joice, devolve o dinheiro dela se não quiser que seu prejuízo cresça ainda mais... -Henric alertou enquanto bocejava.

Joice levantou-se arrasada, subiu e minutos depois trouxe com ela uma caixa de acrílico lilás, a estendendo pra mim e murmurando um "desculpa", obviamente falso, mas apenas ignorei e peguei a caixa, a agarrando como se aquilo fosse uma bóia em meio ao oceano pacífico.

-Ótimo, final feliz pra todos aqui, certo? -Ele falou mostrando impaciência.

Ele caminhou até a porta e antes de sai, não perdeu a chance de provocar e ferrar ainda mais a dignidade da Joice.

-Ah, e antes eu me esqueça... Reza pra que ela não goste muito, pois tudo o que for gasto amanhã, é você quem irá pagar, loirinha... -Ele piscou e deu o sorriso cínico que tanto odiava, saindo segundos depois, nos deixando em um completo silêncio.

Olhei pra Joice que estava prestes a me matar, sorri e acenei.

-Preciso ir dormir, amanhã o dia será cheio e turbulento. -Falei fingindo inocência, virei e subi as escadas cantarolando de forma descontraída.

Fui vingada, e mesmo com a noite horrenda e cheia de acontecimentos frustrantes, eu poderia dormir mais aliviada.

Ainda naquela noite, tomei um longo banho e sem poder esquecer, me veio em mente aqueles olhos escuros que tanto me atormentavam... Pietro! Ele não poderia me encontrar, pelo menos não agora.

Eu precisava juntar mais dinheiro pra depois, enfim, pensar em ir embora daqui, pra outra cidade, ou quem sabe outro estado, e esquecer de vez o meu passado, e consequentemente o meu presente.

Sai do banho, enxugando-me rapidamente e voltando a vestir a camisa do Pedro. Amanhã seria outro dia... Tudo iria fluir bem, já estava na hora.

Acordei na manhã seguinte bem cedo, desci com cautela e fui até o quarto onde ficavam nossas roupas, procurei por algo discreto, nada muito vulgar nem espalhafatoso.

Escolhi uma blusa com um tecido semelhante a linho na cor preta, uma calça jeans de lavagem clara e uma sapatilha também preta, roupa mais discreta impossível.

Sai do cômodo e dei de cara com o Kenedy, ele não havido dormido aqui, mas pelo jeito, honrou seu compromisso e veio fazer o que tinha sido prometido.

-Bom dia, Katrina... -Sua cara de sono o entregava, parecia que havia acabado de acordar.

Kenedy estava bem vestido na minha concepção, com uns jeans escuro e uma camisa branca, seu cabelo bagunçado e suas tatuagens há amostra... Quem sabe em um mundo paralelo, alternativo, e bem maluco, eu ousasse gostar dele, mas eu sabia exatamente sua índole, e eu preferia manter a distância que fosse necessária.

Tínhamos um trato, e logicamente, tínhamos algo além de uma cumplicidade, mas era só isso e nada além disso!

-Bom dia, Kenedy. -Falei e passei por ele.

-Vamos logo. -Ele falou vindo atrás de mim.

-Vou comer alguma coisa, depois podemos ir. -Abri a geladeira pronta pra pegar algo para comer, mas ele frustrou meus planos e a fechou. -O que foi agora, Kenedy? -Falei irritada, ele me encarou e soltou seu riso debochado.

-Seu bom humor matinal é animador, Katrina... -Ele revirou os olhos. -Comemos algo no caminho, logo a Joice desce e eu não quero dor de cabeça logo de manhã! -Ele passou a mão no rosto.

-É... Você tem razão. -Suspirei. -Vou só pegar uma bolsa então. -Ele assentiu e eu corri para pegar uma bolsa, peguei a primeira que vi pela frente e voltei apressada até a sala onde Kenedy mexia em seu smartphone. -Vamos. -Falei e ele não disse nada, apenas virou-se e saiu, segui e entramos no carro juntos, coloquei o cinto e enfim ele deu partida.

-Posso ligar o som? -Pedi já com a mão próxima do aparelho, ele deu os ombros e assim eu fiz, liguei o logo o carro ficou infestado com a perfeita melodia da canção "free fallin", sorri e encostei minha cabeça no banco, olhando pra tudo, e ao mesmo tempo não prestando atenção em nada.

EVAWhere stories live. Discover now