EVA

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KATRINA

-Matheus... Por favor! –Sophia praticamente suplicou para que Matheus aceitasse.

-Sophia! –Ele a repreendeu. –Eu já disse que não vou. –Matheus falou de uma maneira dura. Eu daria aquele assunto por encerrado, só que Sophia pareceu não aceitar o “não” do irmão.

-Katrina! –Sophia me encarou e sorriu. –Você não adoraria conhecer sua sogra? –Caramba! Aquela pergunta mais indiscreta não poderia ser. Caso existisse um buraco ali, com certeza eu enfiaria minha cara nele. Matheus me encarava de uma forma que eu não conseguia decifrar, já Sophia piscava para mim como se estivesse tempo algum colapso. –Ora! Fale alguma coisa, Katrina! –Sophia pediu.

-Eu... –Encarei o Matheus. Que situação constrangedora! Matheus ficou em silêncio. Eu sabia perfeitamente como foi a criação do Matheus, a ausência e a negligencia imposta em sua vida. Crescer daquela forma deve ter sido completamente desolador. Eu o apoiava, se ele não quisesse ir... Eu assinaria embaixo! Não queria perder pontos com a Sophia, mas naquele momento, só o dono daquele olhar tão azul me importava. E o resto? Que se dane! –Bom, Sophia... O que o Matheus quiser fazer, eu faço. Ele quem decide. –Falei meio sem jeito. Sophia ficou seria, parecia ter ficado decepcionada. Contrariada. –Desculpa, Sophia... Espero que me entenda. –Ela mirou sua atenção para o chão. Ergui o olhar até o Matheus, que me encarava satisfeito, parecia ter ficado orgulhoso de minhas palavras.

-Eu entendo. –Sophia falou. –Eu vou deixar o convite aq... –Matheus a interrompeu.

-Não é necessário, como já disse, eu não vou. –Matheus falou decidido.

-Mesmo assim... –Ela colocou o convite sobre a mesa.

-Sophia, me perd... –Tentei falar, mas ela balançou a cabeça sorrindo de forma doce.

-Eu entendo perfeitamente, Katrina. Não se preocupe. –Ela falou e levantou em seguida. –Eu já vou indo... Tenho outros convites para entregar. –Ela me deu um breve abraço, e virou em direção ao irmão, que continuava sentado com uma feição fechada. –Quanto a você, Theus... –Ela sorriu tristemente. –Espero que mude de idéia... Eu mais do que ninguém sei dos seus motivos, mas mesmo assim, espero que a perdoe e vá. Garanto que esse sim será o melhor presente que ela vai receber. –Sophia suspirou e curvou-se para abraçar o irmão, que no momento, estava irritado demais para demonstrar qualquer tipo de sentimento, até mesmo pela irmã. –Tchau. –Ela deu um beijo em sua testa e virou. –Pode me levar até o portão, Katrina? –Ela perguntou com uma feição triste.

-Claro. –Tentei sorrir.

A levei até o portão, não trocamos mais nenhuma palavra, Sophia parecia decepcionada e eu estava envergonhada por não ter ajudado. Quando fomos nos despedir, murmurei um “desculpa” baixo, ela apenas assentiu e caminhou até seu carro, dando partida e sumindo pela rua em segundos.
Quando voltei, Matheus não estava mais na sala.

-Matheus? –O chamei.

-Aqui. –Ele disse enquanto descia a escada.

-Você está bem? –Perguntei. Ele me encarou confuso pela minha pergunta, então tratei de tentar me explicar. –Você sabe... Esse convite. Não deve ser fácil pra você e... –Matheus me interrompeu.

-Eu estou bem. –Ele disse de maneira dura. Me calei. –Podemos subir? –O encarei desconfiada, ao ver minha cara, Matheus sorriu torto e pegou minha mão. –Relaxa. –Foi a única coisa que ele disse antes de praticamente me arrastar até seu quarto, obviamente o segui sem resistir, eu iria onde fosse preciso com ele. Quando chagamos em seu quarto, paramos de imediato e encaramos a bagunça que eu havia feito em seu cômodo, ele me encarou com um sorriso nos lábios.

-Eu vou arrumar... Eu juro! –Falei. Matheus continuou sorrindo. Pensei que ele ficaria uma fera comigo, afinal, seu quarto era tão arrumado e em poucas horas deixei uma completa selva de sacolas e papel de embrulhos.

-É estranho... –Matheus falou.

-O que é estranho? –Matheus olhava para o quarto, e eu? Para ele. É claro.

-Essa bagunça. –Ele deu os ombros. –Eu gosto disso.

-Gosta? –Perguntei surpresa.

-Não existe coisa melhor do que acordar e ter uma escova de cabelo rosa na pia do meu banheiro. –Matheus falou, arrancando um sorriso tímido de mim. Ele riu do meu constrangimento. –Eu gosto de ter você aqui. –Ele falou, deixando-me ainda mais surpresa. –Nunca pensei que teria isso novamente. –Ele falou.

-Isso o que? –Perguntei.

-Uma vida. –Matheus falou, fazendo com que todas as palavras sumissem de minha boca, assim como os pensamentos que se esvaíram de minha cabeça.

-Acho que posso dizer a mesma coisa. –Falei depois de um longo silêncio. –Você é pra mim, o que eu sou pra você... E muito mais. –Falei, ganhando o olhar azulado que eu tanto amava. Matheus se aproximou de mim, me envolvendo em seus braços de uma forma incrivelmente carinhosa, eu erguia minha cabeça para encará-lo, já ele, tinha que fazer o oposto, olhar para baixo... Ficamos trocando olhares vazios que para nos, dizia muita coisa. –Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, Matheus. –Falei. –Você é o meu milagre. –Matheus sorriu de uma forma indescritível, fazendo com que eu sorrisse também.