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KATRINA

-Quer saber disso porquê, Katrina? –Pedro me encarou com uma feição seria.

-Curiosidade, Pedro. Só isso! –Falei dando os ombros e tentando soar indiferente. Pedro me encarou por longos segundos, tentando ao que parece, “ler” a minha mente, saber o que se passava por trás dessa pergunta.

-Joice, Valentina e Camila. –Ele falou mordendo seu pedaço de pizza. Joice? Argh! Quem foi o cara de péssimo gosto para escolhe-la?

-E você sabe al... –Pedro não deixou que eu terminasse minha pergunta, apenas sorriu balançando a cabeça.

-Pelo que eu sei, o Matheus não se manifestou. –Pedro me encarou. –O pessoal de lá ainda acham que ele está com você, provavelmente isso estragaria tudo e a casa cairia para o seu lado. –Pedro passou a mão pelo seu rosto e me encarou com uma feição cansada. –Novamente esse cara te protegeu, loira. –Pedro balançou a cabeça e voltou a sua atenção para o seu pedaço de pizza. Não disse mais nada, não tinha o que dizer, Matheus novamente estava salvando minha pele, mesmo estando com raiva de mim... 2x0 Katrina.
Balancei a cabeça tentando afastar esses pensamentos, pelo menos por hora.

-Ah! –Pedro falou, chamando minha atenção. –Quase esqueci... A namorada de um amigo meu esta montando uma loja, estão precisando de moças lá. –Ele se remexeu em seu banco e puxou um papel de sua inconfundível jaqueta preta e cinza. –Se te interessar... –Ele me entregou um papel com o nome e um telefone escritos nele.

-Obrigada, Pedro! –Falei totalmente radiante ao pensar nesse possibilidade. Pedro deu os ombros e eu praticamente me joguei em cima dele, o abraçando de maneira apertada, o mesmo soltou sorriu. –Você é incrível! –Segurei seu rosto entre minhas mãos e beijei sua bochecha de maneira demorada, em seguida o soltei, voltando a sentar em meu lugar.

-Estou muito longe disso, Katrina... Você sabe. –Ele sorriu torto.

-Na minha humilde opinião, você é... –Falei dando os ombros, Pedro inclinou seu corpo em minha direção e deu um beijo casto em minha testa. Era a primeira demonstração de afeto sem maldade e sincera que recebi em anos, nem posso dizer o quanto aquilo me deixou extasiada.

-Você ainda vai conhecer pessoas verdadeiramente incríveis, Katrina... Você vai ver. –Pedro falou e virou para frente. O assisti por alguns segundos, depois finalmente virei para frente, puxando a caixa da pizza e pegando um pedaço. Era estranho pensar nisso, mas Pedro era quase que um melhor amigo pra mim, de uma forma bem errada e torta, a vida me trouxe ele, como um bônus por tanta infelicidade, e eu agradecia esse “presente” completamente feliz.

-Pedro? –O chamei depois de um tempo em silêncio.

-Você é muito falante! –Pedro falou sorrindo enquanto virava para me olhar. –Fala sua tagarela.

-Quem vai levar as meninas amanhã? Kenedy ou você? –Perguntei e Pedro balançou a cabeça negativamente.

-Sei exatamente o que a senhorita esta pensando... –Ele passou a mão pela nuca. –É uma péssima idéia... –Pedro franziu o cenho com uma cara reprovação total.

-Não estou pensando em nada! Que coisa! –Falei emburrada. –Pode responder ou não? –Pedro me encarou por alguns segundos, respirou fundo e por fim respondeu.

-Eu não sei, isso é decidido na hora pelo Hector. –Ele falou.

-Hum. –Saltei do banco e beijei sua bochecha. –Vou dormir, amanhã o dia vai ser longo! –Mesmo sob seu olhar desconfiado, sorri e acenei. –Boa noite! –Falei.

Pouco consegui dormir aquela noite, mil possibilidades surgiam em minha mente. Possibilidades essas que hora me assustavam, e hora me faziam sorrir de maneira boba.

O dia logo amanheceu, trazendo em mim um frio absurdo imenso em minha barriga, eu estava absurdamente inquieta e ansiosa.

Eu não sabia distinguir se aquele dia passou rápido, ou se passou voando... Pois meu corpo estava oscilando na paranóia de encontrá-lo.

-Vai com esse vestido mesmo? –Gabi pegou o vestido que eu havia pendurado atrás da porta e deu uma breve olhada, o colocando novamente no lugar em seguida.

-Sim. –Falei e a encarei. –Não gostou? –Questionei insegura.

-Não é a minha cara... –Ela entortou a boca. –Mas acho que vai ficar uma graça em você. –Ela sorriu.

-Eu não quero nada muito vulgar, sabe? –Sentei na cama e olhei para as minhas pernas. –Sempre usei coisas meio vulgares nesses tipos de “encontros” com ele, e posso garantir que isso não o deixou com um pensamento melhor de mim. –Dei os ombros e Gabi sorriu.

-Bom, você quem sabe... –Ela inclinou a cabeça para o lado. –Mesmo assim acho que ficara bom em você. –Ela sorriu e levantou. –Já esta começando a escurecer... –Ela olhou pra janela. –Quando vai começar a se arrumar? –Eu passei a mão em meu rosto e suspirei.

-Não sei, algo em mim me prende nesse cama. –Falei e sorri nervosamente. –Tenho medo do que me aguarda... Tenho medo da maneira que ele... –Gabi interrompeu.

-Você não pode desistir agora, é notável seu sentimento por esse cara. –Gabi sorriu de maneira confortante. –É melhor fazer o que se deseja, e até mesmo se arrepender, do que viver com uma incerteza e pensar “e se”, “e se”. –Ela levantou. –Vai e mesmo que não seja da maneira que espera, vai poder um dia dizer, “eu me lembro”... A vida é muito curta pra não aproveitar as oportunidades. –Gabi piscou e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Ela tinha razão! Eu queria vê-lo... E assim faria.

Depois de um longo banho, parte de mim estava mais confiante, e um sorriso bobo surgia a cada segundo ao pensar no que essa noite prometia. Uma possível reconciliação ou talvez a extinção do sentimento que ele nutria por mim? Ah! Que angustia! Peguei o vestido e passei a mão na renda grossa que circulava a barra do vestido, ele tinha uma cor azul turquesa incrivelmente bonita, as mangas eram curtas e o tamanho não deixava a desejar. Assim que o coloquei e vi o reflexo no espelho, me deparei com uma Katrina completamente diferente da que usou esse vestido há meses atrás em uma formatura de escola. O sorriso já não tinha tanta insegurança e inocência, a feição antes serena, dava lugar a uma face inexpressiva. Virei as costas para o espelho e voltei a sentar na cama, precisava terminar de me arrumar, caso contrário, me atrasaria mais do que o necessário.

Eu usaria o mesmo salto usado no dia a formatura, pois combinava perfeitamente com o vestido. Ele possuía um tom creme, simples e completamente alto, era ótimo pra ocasião.

EVAWhere stories live. Discover now