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KATRINA

-Escuta aqui seu problemático... Se eu sonhar que você chegou perto de um fio de cabelo da Katrina, você vai estar muito ferrado... Hoje eu não vou fazer nada com você, tem testemunhas demais... –Ele aproximou seu rosto do Pietro, eu conseguia sentir faíscas rolando. –Você não me reconhece, mas se ousar pensar nela... Vai me conhecer. Vai conhecer meus amigos também... E você não quer isso, ou quer? –Pedro sorriu de maneira macabra. –Eu não estou blefando, e algo em mim, diz que você sabe disso. Sabe que não vai querer me ver de novo. –Ele segurou os ombros de Pietro e o jogou conta a parede violentamente, olhei para as pessoas em volta, que pareciam assustadas e inconformadas com a situação... Claro, diante dos vizinhos, Pietro sempre foi um anjo, era natural ficarem com pena do “anjinho” deles, mas ninguém ousou se aproximar ou apartar esse “desentendimento”. –Você se acha ruim, Pietro? É porque você ainda não me conhece... Eu sei muito bem tirar uma pessoa do mapa sem deixar pistas, e agora, você esta na minha lista negra... É um bom motivo pra você tomar muito cuidado. –Ele levantou. –Acho que você entendeu o recado, não é? –Pietro o encarava em silêncio, com a feição fechada, parecia estar inconformado com esse “susto”, e por sair por baixo, é claro, Pietro sempre foi um medroso, e não se arriscaria em brigar com uma pessoa que ele não sabia quem era. –Não quero ter que reforçar esse recado, Pietro. Esse foi o aviso, a segunda vez, será a conseqüência... A terceira? Seu velório. –Pedro virou-se pra mim e fez sinal para ir para o carro, assenti e quando estava prestes a atravessar a rua, escutei um barulho, olhei pra trás e vi que Pietro segurava seu nariz, e logo o sangue começou a descer. –Otário! –Pedro xingou e andou apressadamente até o carro, o segui o mais rápido que pude.

Coloquei minha mala no banco de trás e corri para o passageiro, Pedro estava vermelho e respirava de maneira descompassada, as veias de suas mãos e pescoço estavam alteradas.

–Eu deveria voltar lá e acabar com aquele pervertido! –Pedro falou alterado.

-E se chamarem a polícia? –Pedro me encarou brevemente.

-Ele não vai deixar, sabe que estava errado, e é só mostrar esse arranhão em seu ombro e ele vai estar mais ferrado que eu! Violência contra mulher? Hum! E se você a abrisse a boca pra falar sobre o histórico dele... Ele não sairia de lá por uns cinco anos. –Assim que paramos em um farol, Pedro desceu o vidro de sua janela e cuspiu, provavelmente sangue. Nunca vi Pedro daquela maneira, tão irritado, tão temido... Pedro sempre foi tão gentil comigo, com as meninas. Ele havia me defendido.

–Ele não vai chegar perto de você. A cara amedrontada dele o entregou. Ele nem vai sonhar com você! –Pedro sorriu pra mim, talvez afim de me tranqüilizar.

Seria assim que Pedro agia quando “trabalhava” ao lado do Kenedy? Eu não conseguia imaginar Pedro matando alguém igual Kenedy fazia.

-Pedro? –O chamei. Ele me encarou por breves segundos, por fim, ganhei seu olhar novamente assim que ele estacionou em frente de uma lanchonete.

-Fala. –Ele disse.

-Como você chegou aqui? –Dei os ombros. –Qual a sua historia? –O encarei fixamente esperando uma resposta. –Pedro pareceu surpreso com minha pergunta, mas sorriu.

-Você tem tempo? –Ele perguntou.

-É claro. –Falei.

-Então vou te levar a minha história. –Ele falou e voltou a ligar o carro.
Pedro dirigiu por quase uma hora, chegando a entrar em uma estrada de terra, eu olhava de um lado para o outro tentando descobrir o porque de tanto mistério, mas o que eu via em troca era arvores e mais arvores, e alguns lugares que pareciam ser chácaras.

-Pra onde estamos indo? –Falei enquanto olhava pela janela. Sorri ao ver uma garça em um lado. –Vai me matar? –Brinquei e virei para encará-lo.

-Hoje não... –Pedro piscou e voltou a prestar atenção na “estrada” precária, bati em seu braço enquanto sorria. –Já estávamos chegando. –Ele falou.

-Você disse isso há cinco minutos atrás. –Suspirei.

-Agora é sério. –Ele falou e eu me calei. Pedro realmente falou serio, logo chegamos ao que parecia ser alguma clínica, aquele lugar era extremamente grande. Quando o enorme portão se abriu, e Pedro entrou com o carro, já entendi do que se tratava aquele lugar.

-É uma casa de repouso? –Falei olhando para alguns idosos sentados em bancos espalhados pela grama, alguns em cadeiras de rodas, alguns encaravam o chão, a expressão de tristeza era comum entre eles.

-É. –Foi a única “palavra” dita por Pedro. Assim que desembarcamos do carro, circulei o carro para ficar ao lado de Pedro. Aquele lugar enchia meu coração de uma sensação mórbida... De fim. As efeições cansadas e tristes daqueles idosos me deixavam perturbada. Pedro atravessou o gramado, assim como eu, ele olhava os idosos com uma feição meio inconformada, mas não parecia estar tão “mexido” quanto eu. Ele enfiou os bolsos em e falou com uma das mulheres que estavam no que parecia ser uma recepção.

–Tereza Ventura. –Pedro falou a mulher e ela assentiu, pegando uma agenda e entregando para ele, Pedro assinou e empurrou em minha direção. –É pra assinar seu nome. –Pedro falou assim que viu minha cara confusa, assim fiz, assinei meu nome e entreguei a agenda para a mulher, que colocou crachás em nossas camisas.

-Olá, Pedro. –Uma mulher que aparentava ser enfermeira saudou Pedro com um sorriso gentil. Ela era morena, tinha uns trinta anos, seus cabelos batiam em seus ombros, ela segurava uma bandeja com vários potinhos com remédios de varias cores.

-Quem é Tereza? –Perguntei ignorando a presença da estranha.

-E aí, Carol... –Pedro a cumprimentou com um aperto de mão. –Onde ela está?

-Está na sala. –Ela falou. –Estava indo pra lá agora mesmo. –Ela ergueu a bandeja. –Faz tempo que você não aparecia.

-Estive muito ocupado. –Ele falou enquanto passava a mão pela nuca.

-O que houve? –Ela falou apontando para a boca de Pedro. –Se machucou? –Ela perguntou com uma feição preocupada.

EVAWhere stories live. Discover now