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KATRINA

-E o que você quer que eu faça, Katrina? –Ele rosnou frustrado. –É só dizer e eu faço. –Ele falou ainda me encarando. Poxa... Eu amava ganhar a atenção daquele olhar azulado, mas ultimamente, o dono desse olhar andava me deixando tão pra baixo, que esse amor já estava ficando desgastado.

-O que eu quero? –Falei com um sorriso nos lábios. –Quero que você faça o que julgar certo. Não quero que você pergunte o que eu quero... –Falei enquanto experimentava minha sobremesa. –Se você estivesse tão interessado assim, você não me daria uma pulseira, e sim, sei lá... Um anel. –Falei. Sem filtro algum, pois era o que eu pensava, e estava cansada de meios termos.

-Um anel? –Matheus perguntou meio chocado. Sorri tristemente ao ver o seu descaso com a situação, suspirei e passei a mão pela minha face.

-Fica sossegado, Matheus... Não estou pedindo para que me peça em casamento, quero apenas que diga o que sente, ou sei lá, me dispensa logo. Você não tem obrigação nenhuma comigo, você já fez até demais. –Dei os ombros. –Não quero ficar nisso, já sofri demais, e não ajuda você jogar comigo da maneira que fez a semana inteira, eu tenho sentimentos. –Matheus não desprendia seu olhar de mim.

-E pra onde iria caso saísse da minha casa? –Ele perguntou meio desconfiado.

-Está vendo? Você acha que eu vou sair da sua casa pra voltar correndo pr... –Ao ver a besteira que provavelmente iria falar, me calei e balancei a cabeça. –Eu consigo me virar.

-Não. Não consegue. –Ele falou aborrecido. –Sabemos que não consegue. Você tentou e olha onde veio parar. –Ele murmurou enquanto olhava para os lados.

-Apesar de tudo não me arrependo. –Falei. –Antes tudo isso, do que o inferno que vivia na minha casa. –Falei.

-Realmente. –Matheus falou com um sorriso debochado nos lábios. –Agora você ganha pra fazer o que o que fazia de graça. Não é? –Ele me encarava.

Ótimo! O Matheus de sempre havia voltado. Meu sangue esquentou com aquelas palavras, o olhei incrédula.

Não! Eu não agüentaria mais nenhum minuto disso.

E sem medir esforços, peguei meu copo e o entornei em sua face, Matheus levantou abruptamente, e passou a mão em seu rosto, seu peito arfava, ele estava irritado.

–Ficou louca, Katrina? –Ele rosnou.

-Acho que você não pode ficar falando da vida dos outros quando sua vida é tão ferrada quanto a minha. –Falei enquanto levanta. –Quero que você se dane! –Falei antes de sair rapidamente.

Minha garganta começou a queimar, assim como minha face, tentei a todo custo não chorar, mas de repente, lá estava eu... Chorando feito uma criança que havia caído e ralado o joelho, mas diferente delas, eu não tinha pra quem chorar.

Sai daquele lugar sem olhar para trás, as lágrimas desciam ferozmente, eu soluçava e algumas pessoas me encaravam intrigadas, mas eu não me importava, eu só precisava sair dali.

-KATRINA! –Ouvi a voz autoritária do Matheus, virei meu rosto e o procurei. Ele estava em seu carro do outro lado da rua. Ergui minha mão e mostrei o dedo para ele.

Matheus estava furioso, era visível, mas naquele momento eu queria que ele fosse para o inferno com toda sua superioridade!

–KATRINA, ENTRA AQUI AGORA! –Ele ordenou. Eu apenas ri com nervosismo tentando conter as lagrimas que desciam. Virei e voltei a andar, Matheus voltou a me chamar, porém não respondi, nem virei, e logo ouvi a porta de seu carro bater, e segundos depois, lá estava ele, agarrado em meu braço tentando me arrastar.

-ME SOLTA! –Berrei o estapeando. –ME SOLTA, MATHEUS! –Eu distribuía socos em seu corpo, que para ele, não era nada... O que resultou? Apenas minha mão doer. Ele não desviava, apenas tentava segurar meus braços e talvez me acalmar, Matheus já não tinha a fúria no olhar, parecia preocupado por esse meu surto, ele até tentou me envolver em seus braços, mas eu relutei a todo custo, até tentei me desvencilhar e correr. Sim... Eu estava fazendo uma cena ridícula. Mas eu já estava farta de suas ofensas, de ser humilhada por alguém que amava. Amava até mais do amo a mim mesma. -ME LARGA! –Eu gritava entre soluços. Matheus parecia perdido, me encarava alarmado, parecia não saber o que fazer diante aquela situação.

-Me escuta! –Ele tentava argumentar. –Me escuta! –Ele soltou meus pulsos e eu tentei correr, ele me alcançou e agarrou minha cintura, tirando meu corpo do chão e me arrastando até seu carro.


EVAWhere stories live. Discover now