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KATRINA

Kenedy apareceu na porta. Sua feição me perturbava de tal maneira.

Mesmo marcando quase uns 25 graus, ele estava com seu moletom escuro e antes mesmo de tentar me manifestar ou explicar, Kenedy agarrou meus cabelos.

-KENEDY PARA! –Gritei tentando tirar sua mão do meu cabelo.

Valentina então correu até a porta e começou a berrar por Pedro.

–KENEDY! –Insisti tentando me desvencilhar dele.

-VOCÊ ESTÁ ME ACHANDO COM CARA DE PALHAÇO? –Ele deu um grande solavanco em minha cabeça que vi tudo em minha volta girar. –ESTÁ? –Ele rosnou perto do meu rosto.

Pedro apareceu no quarto, e tentou separar o que seria o início de um grande 'incêndio'.

-Kenedy, solt... –Antes mesmo de conseguir terminar a frase, Kenedy o empurrou para fora do quarto com sua mão livre, e óbvio, não precisou fazer o mesmo com a Valentina, pois com apenas um olhar direcionado a ela, foi o suficiente para tirá-la do quarto.

-Onde você se meteu? –Ele perguntou. –ONDE? –Gritou ao ter meu silêncio como resposta.

-Por aí. –Falei enquanto segurava sua mão, tentando amenizar a dor que suas mãos estavam causando em mim.

Kenedy sorriu de maneira sádica, dando outro solavanco em mim.

–PARA! –Pedi.

-Por aí? –Ele repetiu. –Você estava com aquele cara, não é? –Ele perguntou me encarando. Fiquei em silêncio mais uma vez. –RESPONDE! –Ele gritou, causando arrepios por todo o meu corpo.

-Não... –Falei. –Eu fu-fui pra casa... Conversei com a minha mãe e ela me aceitou em casa outra vez. –Kenedy balançou a cabeça, parecendo desapontado com minha resposta, e por algum milagre soltou meus cabelos.

Suspirei aliviada, e me afastei rapidamente dele, indo para o outro lado da cama, criando uma “zona de conforto”.

Passei a mão pela minha cabeça, ainda dolorida por seu gesto, Kenedy apenas me encarava, com aquele olhar sórdido que tanto me perturbava.

Quando voltou a aproximar-se, dei alguns passos para trás.

-Quer dizer então... –Ele falou, parecendo pensar no que eu havia acabado de contar... Ou inventar. –Que sua mãe te aceitou em casa? –Ele caminhava em minha direção. –Que momento mais propício, não é? –Eu já não tinha mais pra onde ir, a parede impedia meus movimentos, Kenedy continuava se aproximando.

Meu peito arfava, seu olhar parecia como daqueles felinos prontos para atacar sua isca, eu estava em estado de alerta.

-Eu não estou mentido... –Falei.

-Eu não disse que estava... –Kenedy falou calmamente.

-Anda... Pega sua mala e vai embora pra casa da sua mãe.

-O quê? –Falei incrédula.

-Não é o que você quer? –Ele perguntou sorrindo torto. –Ir pra casa? –Ele inclinou a cabeça. –Pode ir... –Balancei a cabeça e olhei para as minhas malas, estavam próximas a ele. Aí tinha... Ele não me deixaria ir tão facilmente.

-Posso? –Perguntei desconfiada.

-Quando quiser. –Ele deu os ombros, dando passagem para mim.

-Eu não acredito em você. –Falei.

-E não deveria mesmo. –Ele completou.

-Você nunca vai me deixar sair daqui... –Falei.

-Realmente... Uma vez aqui, pra sempre aqui. –Ele se inclinou, pegando minha mochila e minha mala. –Você não chama isso aqui de inferno? –Ele me lançou um olhar serio. –Pois então, sua penitencia começa agora. –Ele veio até mim pegando meu braço com força e arrastando meu corpo até as escadas, eu me debatia, pois não entendia o que ele queria fazer.

Sua mão apertava o meu braço com força, assim que descemos, todos estavam na sala em silêncio.

Kenedy parou seu começo de tortura para fazer seu incrível discurso.

–Henric entrou no meu caminho e eu o tirei de circulação em dois minutos... Vocês acham mesmo que esse projeto... –Ele me encarou. –Esse projeto de gente vai me controlar? –Ele sorriu com desdém. –Isso chega até a ser engraçado. –Ele apertou ainda mais meu braço.

Todos ficaram em silêncio, ninguém se atreveu a dizer uma única palavra, até mesmo Morgana tinha como chão seu ponto de referencia para encarar.

–Gente como ela, não merece o mesmo destino que o Henric... Não! Merece sofrer, sofrer muito... –Ele me encarou. –Se eu não ganho seu respeito por bem, não tem problema. Existe inúmeras maneiras de conseguir. –Ele então voltou a me arrastar, levando-me agora para a pequena lavanderia que existia no fundo da casa.

Ele praticamente me arremessou para o lado da secadora, o estrondo do impacto que meu corpo proporcionou ao bater violentamente contra o metal bruto da secadora foi grande.

Com o impacto deixei que todo o ar que parecia existir em meu corpo sair, por longos dez segundos pareci nem ter mais pernas... A dor foi intensa. Passei as mãos em minhas costas, tentando amenizar de modo bem inútil a dor aguda que se instalou em meu corpo.

Kenedy me olhava satisfeito, parecia gostar da dor que me proporcionou. Ele então abriu um dos armários que ali existia, procurou por algo, e quando finalmente achou, sorriu e mostrou para mim. Álcool.

-O quê? Vai colocar fogo em mim? –Perguntei com sarcasmo enquanto tentava me levantar, no entanto, a dor não ajudava.

-Hoje não. –Ele falou, sumindo por alguns segundos da lavanderia.

Mas quando voltou, entendi perfeitamente o motivo de tudo aquilo. Ele trazia com ele minha mochila e a mala.

–Digamos que essa mala aqui, seja o seu adorado Matheus. –Ele abriu a mala e tirou todas as coisas que ali estava, jogando-as no chão, repetiu o processo com minha mochila, e quando achou o meu dinheiro, espalhou sobre as roupas no chão. –Esse vai ser o futuro dele, caso você se aproxime dele, ou dele de você. –Ele abriu o álcool e o jogou todo sobre a roupa.

Eu não tive reação, apenas assistia o seu espetáculo completamente perplexa.

-Kenedy, não... –Ele mexeu no bolso de seu moletom, pegou seu isqueiro, e quando finalmente pude ver a pequena chama ainda em seu poder, tentei impedi-lo, no entanto foi tarde, recuei ao ver a proporção que as chamas tomaram.

-Primeira lição foi ensinada... –Kenedy falou. –Agora vamos aprender a próxima.

EVAWhere stories live. Discover now