EVA

062

KATRINA

Entendi que teria que descer ali, então abri a porta e ajeitei minha bolsa no ombro, mas antes que eu pudesse sair, Kenedy segurou meu braço tão forte que fez com que eu soltasse um suspiro.

-Ai, Kenedy... –Reclamei tentando me soltar.

-Sua farra já está chegando ao fim. –Ele falou enquanto me encarava.

-Como assim? –Perguntei.

Ele não disse nada, apenas largou meu braço e sorriu.

-Desce logo. –Ele falou.

Não troquei mais palavras com ele, apenas desci do carro.

Caminhei pela larga calçada do bairro pra lá de luxuoso, mansões e mais mansões.

Meu olhar procurava atentamente pelo Matheus, logo o vi debruçado em seu carro, mexia concentrado no celular, parei em seu lado e fiquei em silêncio, apenas o encarando.

-Gosto do seu perfume. –Ele falou erguendo o olhar.

-Oi.. –Falei.

-Está atrasada. –Ele falou e eu dei os ombros. –Você é muito abusada, Katrina... –Olhei em volta.

-Quem mora aqui? Você? –Ele balançou a cabeça.

-Minha irmã... –Ele falou.

Espera! Ele me trouxe pra casa da irmã?

–Vem logo, já fiquei muito tempo aqui fora. –Ele segurou minha cintura, empurrando-me em direção a casa.

Haviam várias pessoas, não era tão cheio como aquelas festas no qual estava habituada a ir, mas mesmo assim dava pra perceber que o pessoal ali tinha dinheiro.

-É aniversario dela? –Cochichei enquanto sorria pras pessoas que nos olhavam.

-Noivado. –Ele respondeu parecendo estar entediado.

Adentramos na sala, a movimentação ali era um pouco menor, Matheus cumprimentava as pessoas e me apresentava como uma colega de trabalho, as pessoas me elogiavam e lançavam olhares cúmplices para Matheus, que se fazia de desentendido.

Uma mulher que aparentava ter seus vinte e cinco anos se aproximou de nos, segurando uma grande caixa branca, provavelmente um presente de noivado.

Ela era loira, assim como Matheus, pele clara e era mais ou menos da minha altura, possuía um sorriso meigo, seus cabelos batiam nos ombros e vestia um conjunto bege.

-Matheus, você veio! –Ela falou totalmente sorridente. Matheus também sorriu, revelando um sorriso desconhecido por mim. –Que saudades! –Ele a abraçou de uma forma amorosa. Ficaram abraçados por alguns minutos, eu olhava a cena com certa inveja... Não pelo Matheus, e sim pelo carinho que existia ali.

Quando finalmente se soltaram, ele voltou a ficar do meu lado, ela me encarou e sorriu.

–Sua namorada? –Ela perguntou animada.

-Não! –Ele respondeu de imediato, arrancando um sorriso de sua irmã. –É uma colega de trabalho. –Ele respondeu de forma seria.

-Colega... Sei. –Ela piscou. –De qualquer forma, bem vinda! –Ela beijou meu rosto. –Aguentar o senhor zangado ai não é nada fácil... Disso eu sei! –Ela olhou para os lados. –Chegou outros convidados... –Ela suspirou. –Henrique chegou agora pouco com alguns amigos, estão lá no jardim.

-Já sei onde não ir. –Matheus falou, levando um tapa no braço de sua irmã.

-Vocês dois não tem jeito... –Ela suspirou pesadamente. –Bom, fiquem a vontade. –Ela sorriu e em seguida foi cumprimentar outras pessoas.

-Sua irmã se parece muito com você. –Falei enquanto o olhava, ele apenas deu os ombros e saiu me arrastando pela sala, fomos até um corredor extenso.

Matheus parecia procurar algo, mas pelo visto não encontrou, então voltou a me arrastar, dessa vez pelo jardim, de cara vi o que até então eu conhecia como Gabriel, ele estava do outro lado da piscina com alguns amigos e amigas também.

Matheus também pareceu notar, pois tratou de caminhar em direção oposta, fomos juntos até onde estavam sendo servidas as bebidas.

-O que você quer beber? –Matheus perguntou enquanto me olhava.

-Não sei... –Fiz uma careta. –O que você pedir está bom. –Ele assentiu.

-Namorada nova, Matheus? –Aquela voz, aquele perfume asqueroso... Virei de imediato, encontrando o motivo dos meus pesadelos.

Ele pareceu tão surpreso quanto eu, mas não tirou seu sorriso cínico do canto dos lábios, senti meu corpo vacilar, Matheus pareceu perceber e foi rápido em me amparar.

Ele me olhou confuso e preocupado, eu não conseguia falar nada, meus olhos alarmados só tinham um foco.

Ele. Pietro.

-Pie-Pietro? –Murmurei estupefata.

-Katrina! –Ele falou sorridente, em seguida se aproximou, abraçando-me fortemente.