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KATRINA

Kenedy não voltou a me chamar, passou por mim e empurrou a porta que dava para a boate.

Só então vi os seguranças do Henric, que agora, eram seguranças do Kenedy, eles sorriam, mas em seus sorrisos eu conseguia ver tamanha maldade e frieza.

Eles apertaram a mão de Kenedy, estavam eufóricos, só faltava soltarem fogos... Kenedy despediu-se dos “amigos”, e saiu, arrastando-me com ele.

O caminho de volta para casa nunca foi tão longo... Eu não me atrevi a falar com ele, nem sequer olhá-lo.

Minha pele estava fria, minhas mãos ainda tremiam, meu corpo pesava, e Kenedy nem sequer notava.

Ele sorria consigo mesmo, estava orgulhoso...

Assim que paramos em casa, deixei minha mochila para trás, e corri até a porta, abrindo abruptamente, as meninas estavam na sala, assim como o Pedro, que olhou-me confuso. Eu parecia ser o fantasma do natal passado...

-O que aconteceu? –Pedro levantou e veio até mim, mas assim que viu o Kenedy, abandonou-me e foi até ele, repetindo a mesma pergunta ao homem que até então, achava ser o seu amigo. –O que aconteceu, Kenedy?

-Mudanças na diretoria. –Kenedy respondeu zombeteiro. –Estamos sob nova direção. –Ele falou, jogando minha mala para o amigo, e saindo por a fora novamente.

-Katrina? –Pedro segurou meu braço, fazendo com que eu o olhasse.

Assim fiz, o encarei.

–O que aconteceu, por que você voltou? Por que Kenedy disse isso?

-Henric... –Murmurei prestes a chorar. –Kenedy o matou. –Pedro arregalou seus olhos castanhos, parecia pra lá de perturbado com minha revelação, as meninas nos olhavam curiosas, não estavam entendendo nada.

-Ma-matou? –Pedro gaguejou.

-Sim. –Assenti, soltando meu braço e subindo as escadas rapidamente.

Valentina me seguiu, assim que adentrei no quarto, vi que as coisas da Morgana estava sob minha cama, suspirei exausta e fui até lá, jogando tudo no chão sem me preocupar se iria quebrar ou não, ela que se dane...

-O que houve, Katrina? –Valentina perguntou.

Olhei para Valentina, que me devolvia um olhar curioso, apenas fechei os olhos, deitando de bruços e suspirando fundo.

-Não quero falar disso. –Falei de maneira dura, dando o assunto por completo.

Eu já não agüentava mais tudo aquilo, precisava de um tempo em silencio, com a minha consciência pesada que eu teria que agüentar pelo resto de minha vida.

[...]

Duas semanas se passaram, tudo continuava na mesma, pelo menos para as meninas.

Elas continuavam a fazer seus “eventos” com os caras ricos, até mesmo a entojo que era a Morgana, que a toda oportunidade que ganhava, achava motivo pra me irritar.

Eu estava cada dia mais isolada, mal falava com o Pedro, que também estava abalado com a morte do amigo e toda essa desventura que o Kenedy nos obrigou a viver. Kenedy havia ido viajar para resolver toda essa situação complexa, ele não quis o “reino” do Henric, pois então... Aquela velha frase clichê de filme, com grandes poderes, vem grandes possibilidades...

Ninguém havia tocado em mim desde então, ninguém alem dele, claro.

Já estávamos em Dezembro, o mês mais alegre do ano pra muitas pessoas, menos pra mim, pelo menos. Os comerciais, propagandas, comidas, luzes e enfeites... Alegria pra lá de comercial.

Hoje era sexta, já passava das oito, as meninas foram fazer seus eventos, e Pedro como sempre, as levou, então fiquei em casa sozinha, assistindo uma serie qualquer de um canal de TV paga, na realidade, eu nem estava prestando atenção em nada, eu só conseguia encarar a cortina cor bege e imaginando o que seria de mim se eu continuasse ali, eu era uma prisioneira sem a cela.

Levantei como uma lesma, e fui até o balcão da cozinha, onde havia uma grande fruteira no centro, que invés de frutas, tinha inúmeros doces... Peguei um doce que se assemelhava a chocolate. Sentei e comecei a comer, com o pensamento voando alto.

-Katrina? –A voz de Kenedy fez com que eu soltasse a embalagem e olhasse rapidamente para a porta.

Minha folga havia durado pouco.

Lá estava ele, fechando a porta atrás de si, sua camisa branca e seu jeans de lavagem escura, seu cabelo bagunçado e na sua mão esquerda segurava a sua mochila que aparentava estar pesada, ele sorriu torto e se aproximou de onde eu estava, segurando meu rosto com força e tomando meus lábios, seu beijo era bruto, assim como todo o resto dele.

EVAWhere stories live. Discover now