EVA

108

Maratona  4/7

KATRINA

Subi rapidamente as escadas, quando estava prestes a abrir a porta do quarto do Matheus, pude ouvir que ele falava ao telefone, contive um pouco meus passos e parei por alguns instantes antes de abrir finalmente a porta.

-Matheus? –Chamei antes de entrar. Mas não dei tempo de reação, pois adentrei rapidamente no imenso cômodo.

Matheus estava vestido apenas por sua calça social escura, estava em pé diante a grande janela e despediu-se rapidamente da outra pessoa assim que notou minha presença ali.

–Está tudo bem? –Perguntei desconfiada enquanto caminhava em sua direção.

-Sim. –Ele assentiu enquanto olhava seu visor rapidamente, logo depois arremessou seu celular com certa cautela em sua cama.

-Aconteceu algo? –Insisti.

-Não, Katrina. –Ele foi grosso.

Fiquei meio receosa, mas era notável seu desconforto. Algo de errado ali tinha. Matheus de debochado, passou a ficar preocupado. Queria insistir, falar que ele estava escondendo algo, mas tinha medo dele irritar-se comigo.

Respirei fundo e tornei a me aproximar.

Ele estava inquieto, passou a mão pelo rosto e pelos cabelos, ele respirava fundo e parecia estar raivoso, sua inquietação me deixava curiosa.

–Alguém ligou? Tocou a campainha? –Ele perguntou.

-Não... –Falei.

-Tem certeza? –Ele insitiu.

-Tenho. –Falei. –Matheus, não sou idiota. Sei que algo está acontecendo. –Falei. Ele apenas me encarou por longos segundos, depois pegou minha mão e a puxou, trazendo meu corpo para o dele, e abraçando-me com força.

-Não aconteceu nada. –Ele falou. –Está tudo tranqüilo. Tudo certo. –Ele insistiu, tentando passar segurança, mas pela primeira vez, vi que isso não estava nas mãos de Matheus.

Kenedy ficou na dele por todos esses dias, eu não era inocente, o desobedeci, e claro, ele viria atrás de mim, mas não esperava que seria tão cedo.

Pensei em falar algo para o Matheus, perguntar se tudo isso, toda essa insegurança girava em torno de Kenedy, mas não queria deixá-lo ainda mais aborrecido. Então me fiz de desentendida e o abracei apertado.

-Tudo vai ficar bem. Estou bem. Estamos bem. –Falei.

Não sabia o porquê de ter falado aquilo naquele momento, nem se fiz a coisa certa, mas algo em mim deixou com que aquelas palavras saltassem de minha boca.

Matheus nada disse, mas eu sentia seu coração acelerado, ouvia sua respiração descompassada. Ele não tinha medo por ele, acho que ele não tinha medo de nada, quer dizer... Ele tinha medo por mim.

Medo do que Kenedy faria comigo, do que ele seria capaz. Ou seja, Matheus se importava comigo sim!

E nada naquele momento poderia me deixar mais feliz, de uma maneira bem estranha, de uma maneira bem torta, eu estava feliz.

E não poderia existir momento mais propício para conseguir “dobrá-lo”, foi então, que me desvencilhei dos seus braços e segurei sua mão, o guiando até sua enorme cama. Matheus não relutou, e entendendo o que eu esperava, sentou-se na cama e sorriu de maneira acanhada... Ainda estava preocupado. Empurrei seu corpo na cama, claro, ele permitiu-se ser empurrado, caso contrário, eu nunca teria força para fazer aquilo com ele. Matheus me observava com atenção, esperando com curiosidade meus movimentos, ele era experiente, nada que eu faria, o impressionaria, mas mesmo assim, eu não o deixaria dormir mais um dia, sem ao menos um beijo de boa noite. E foi o que eu fiz, deitei meu corpo sobre o dele, suas mãos rapidamente seguraram meu corpo enquanto ele procurava a minha boca, ele estava interessado.

-Eu acho... –Tirei suas mãos de meu corpo e o encarei, ainda em cima dele. –Que você deveria dormir, ou tomar um banho gelado. –Sorri cinicamente. –Sabe como é... Para desestressar, relaxar. –Pisquei e ergui meu corpo, saindo de cima dele e o encarando como uma criança que havia ganhado uma briga com os pais. –Eu ainda nem pensei em uma forma de reverter minha situação com você, e então, se eu conseguir pensar em algo, sei lá, talvez eu volte no meio da noite. –Sorri e virei as costas.

Meu coração estava disparado, mas o sorriso ainda existia em meu rosto.

Katrina 1 x Matheus 0.